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O Médico Cultivador É A Esposa

Capítulo 1

Desorientado, Wei Yuan abriu os olhos . Um teto que não conhecia apareceu no seu campo de visão. Alguns raios de sol passavam timidamente pelos pequenos buracos do telhado que, aparentava ser de palha.

Se sentando com um pouco de dificuldade ele olhou ao redor, ele se viu dentro de um pequeno casebre , velho e sujo . Uma pequena mesa desgastada estava no canto , em cima se encontravam algumas roupas. Mesmo ao longe, Wei Yuan viu que eram velhas e remendadas. Uma cadeira velha estava encostada no canto da parede.

Olhando para o lugar onde antes estava deitado, Wei Yuan viu um colchão, ou o que um dia foi um. Agora estava tão sujo e rasgado que era impossível distinguir a cor que outrora teve.

Tentando se lembrar de como acabara ali, Wei Yuan só lembrava de estar limpando um lustre antigo , que pertencera a sua avó, quando perdeu o equilíbrio e caiu da escada que o ajudava a fazer seu trabalho.

'Bem...' pensou 'Eu tenho duas opções: ou eu morri e renasci em outro lugar, ou estou sonhando.'

Após se beliscar, Wei Yuan sentiu dor . Então, aquilo não poderia ser um sonho.

Todo o cenário poderia parecer irreal, e quase difícil de se aceitar, mais não para Wei Yuan. Ele perdeu os pais quando era bebê, então, foi criado pelos avós . Consequentemente cresceu ouvindo diversas estórias, de pessoas que morriam e tinham a alma reencarnada em outro corpo .

- Esposa?- uma voz falou, atraindo assim a atenção de Wei Yuan.

Olhando em direção ao som ele se deparou com um homem de aproximadamente vinte anos. Ele era alto e forte, possuía cabelos pretos bem amarrados , tinha a pele bronzeada e possuía olhos escuros penetrantes. Em uma palavra, era lindo.

- Esposa ?- o desconhecido chamou outra vez, quando viu que Wei Yuan não o respondeu.

Mais espere, aquele pedaço de mal caminho o estava chamando de esposa? Meio incerto Wei Yuan respondeu

- Sim?

- coma! – colocando uma tigela de sopa no campo de visão de Wei Yuan , que só agora a tinha notado, ele ordenou – coma! – repetiu a ordem quando o outro no fez nenhum movimento para pegar a tigela.

Com receio de irrita-lo , Wei Yuan pegou a tigela com as mãos trêmulas . Só agora notará o quanto se sentia fraco e com fome.

Bebendo um pequeno gole da sopa rala e sem gosto, Wei Yuan resolveu puxar um papo com seu “marido”, para conseguir mais algumas informações.

Apesar de ter algumas memórias do dono original, elas não estavam muito claras. Pelos fragmentos , Wei Yuan descobriu que o antigo “dono” do corpo tem dezenove anos, e ambos possuem o mesmo nome.

Tirando os nomes, eles não possuem mais nenhuma semelhança. O Wei Yuan desse mundo é basicamente um zero a esquerda, sem nenhum talento e com a cultivação baixa. Enquanto isso o outro era um médico renomado, com uma cultivação elevada e um futuro brilhante pela frente.

Além da cultivação baixa , o antigo “dono” tinha os meridianos aleijados. Isso foi uma grande barreira que o impediu de continuar a cultivar.

Analisando bem a situação, mesmo a família considerando-o um inútil, Wei Yuan o considerava uma espécie de prodígio. Ele nunca havia visto uma pessoa com os meridianos ferrados conseguir cultivar sem ajuda, até mesmo com ajuda poucos conseguiam .

Por isso para Wei Yuan um cultivador do primeiro estágio já é um grande negócio, ainda mais um cultivador com a condição dele . Ele ainda poderia viver mais uma centena de anos, e a perspectiva ainda poderia ser bem maior se os meridianos fossem curados.

Por sorte, Wei Yuan sabia exatamente como curá-los, nada que uma erva dourada, e uma erva da lua azul não resolvam. Por sorte o antigo “dono” sabia onde existe um monte delas . Não que ele soubesse o que são ou para que servem, elas só estavam no lugar onde ele costumava se esconder para fugir dos abusos de sua família.

- Então... – começa depois de ter terminado a sopa - Quanto tempo eu dormi ?

- Quatro dias – OK, pelo visto seu “amado” marido não era muito de conversar, mesmo assim Wei Yuan não desistiu de ter uma conversa decente com ele .

- Por que eu fiquei tanto tempo desacordado?

- Por causa da febre – depois de uma longa pausa ele continua - você desmaiou assim que nos casamos.

Internamente Wei Yuan soltou um suspiro, ele era um conversador nato, e adorava ficar horas e horas jogando conversa fora. Mais agora estava casado com a pessoa mais monossilábica do mundo!

Zhou Shao. O nome piscou em sua mente. Sim, Zhou Shao, esse é o nome dele. Wei Yuan, testou o nome mentalmente, concluindo que realmente combinava com ele.

Wei Yuan, tentou dizer mais algumas palavras quando a tigela vazia foi tirada de suas mãos.

- durma! – ordenou Zhou Shao – mais tarde iremos jantar com minha família.

Não dando tempo para Wei Yuan responder ele saiu pela ... porta da cabana , desaparecendo rapidamente de vista.

Se ele não fosse tão inexpressivo, para Wei Yuan ele seria o partido perfeito. Apesar de gostar de homens, e o relacionamento entre pessoas do mesmo gênero ser algo normal, tanto aqui como do lugar de onde veio. Ele nunca realmente esteve em um relacionamento, sempre ficou muito focado em ser um médico cultivador exemplar, sempre focado nos seus pacientes. Então quando teve um tempo do trabalho, acabou morrendo e parando aqui. Agora restava esperar e ver se os céus o estavam abençoando com essa nova dádiva.

Se deitando de costas no colchão velho, Wei Yuan pensou em Zhou Shao. Apesar de ter um cultivo elevado, e ser o único em uma família normal a cultivar, ele foi desprezado e forçado a casar com o zero a esquerda da família Wei. Que sendo uma clássica família de cultivadores, estavam desesperados para se livrarem da sua ovelha negra .

Os rumores que “ele” ouvirá , sobre os membros da família Zhou não eram nem um pouco bons, a segunda esposa do mestre da casa odiava Zhou Shao. Então sempre o maltratava, o que o fez fugir quando tinha nove anos e só voltar quase onze anos depois. Só para ser obrigado a casar com ele, não admira que Wei Yuan ache que seu marido não goste muito dele. Ele não tira sua razão, mais mesmo assim, Wei Yuan também é uma vítima da situação.

Pensando em conversar com ele, e tentá-lo entender, Wei Yuan sentiu seus olhos pesarem, então adormeceu.

Capítulo 2

Zhou Shao chegará a algum tempo na cabana e, estava sentado na beirada do colchão observando Wei Yuan. Ele não entendia o que sentia a respeito de sua esposa enquanto a observava dormir. Os cabelos escuros estavam espalhados a sua volta, os olhos redondos e brilhantes estavam bem fechados, fazendo com que os cílios longos projetassem pequenas sombras em suas bochechas. Os lábios rosados estavam ligeiramente separados, tornando sua respiração mais suave.

Zhou Shao não podia negar que sua esposa era atraente. Apesar de ser magra e uma cabeça mais baixa que ele. Ele também a achava bastante animada, e o melhor, não parecia mais sentir medo dele!

Totalmente diferente da primeira vez em que o viu no dia do casamento. O rosto estava tão pálido, que facilmente poderia ser comparado com o de uma pessoa morta. As mãos, além de inquietas estavam geladas e trêmulas. Em uma palavra, ele estava apavorado!

Quando ele desmaiou, Zhou Shao realmente achou que o tinha assustado até a morte. Então, quão grande foi sua surpresa quando sua esposa o olhou com os grandes olhos arregalados de curiosidade, sem um pingo de medo. Tentou ainda iniciar uma conversa com ele, e pareceu ficar muito decepcionado quando ele foi embora.

Apesar do que Zhou Shao achava, ele não estava tão errado. Pelo menos não no que se diz respeito ao antigo “dono”. Ele pode ter uma leve “culpa” em sua morte.

O que acontece é que os aldeões inventaram todo tipo de estórias a respeito de Zhou Shao. Nada muito especial, algo como ele beber sangue de animais, fazer rituais macabros na floresta a noite ... E um monte de outras ladainhas.

Esses rumores surgiram, pois, ninguém entendia o motivo da família Zhou o odiar. Mesmo ele sendo um cultivador excepcional. Então tiveram que “achar” algum defeito para começarem a criticar.

Para o Wei Yuan atual , isso não passava de história para boi dormir. Mais o antigo, não era como ele .

Esses rumores fizeram o antigo “dono” praticamente enlouquecer, com o pensamento que viveria um inferno ainda maior com ele do que com sua família. E que agora ele poderia até ser morto por qualquer deslize, e usado em algum ritual.

Só isso já o fez ficar terrivelmente doente.

Então no dia do casamento quando viu Zhou Shao, com essa cara séria e olhos escuros penetrantes como se fosse matar a primeira pessoa que falasse com ele. O antigo “dono” não aguentou o estresse e colapsou. Como seu corpo já estava muito fraco pelo estresse acumulado ele não resistiu.

Voltando para Zhou Shao. Ele relutava em acordar sua esposa adormecida. Olhando para ela , Zhou Shao achava que ainda estava muito fraca e doente. Tendo cuidado de Wei Yuan nos últimos dias e visto como estava sua saúde, Zhou Shao realmente achou que ele morreria.

Wei Yuan estava com anemia e um sério caso de desidratação Além disso, possuía diversos machucados em todo corpo. Olhando atentamente Zhou Shao podia ver as cicatrizes quase invisíveis de seu corpo , prova que ele vinha sendo abusado a muito tempo pela família Wei.

No começo Zhou Shao não queria ter nenhum tipo de relação com o outro. Ele iria embora assim que a ameaça da vila Yumeng fosse erradicada. Inicialmente, esse era o motivo para ter voltado a sua terra natal, e de ter participado de toda essa palhaçada de casamento. Porém, depois de ver a situação em que Wei Yuan se encontrava, Zhou Shao não o “devolveria” a família Wei. Afinal, agora eles estavam casados, e que tipo de marido ele seria se não protege-se sua esposa?

Mesmo que Wei Yuan não concordasse, ele agora lhe pertencia. Assim que Zhou Shao resolvesse os problemas em Yumeng eles estavam indo embora. Mesmo que ele tivesse que leva-lo amarrado.

Zhou Shao estendeu sua mão e acariciou suavemente o rosto de Wei Yuan, em uma espécie de consolo. Depois deslizou os dedos pelo seu lábio inferior, esfregando suavemente. Ficou nesse movimento até os olhos de Wei Yuan tremerem, indicando que o outro estava a ponto de despertar. Então rapidamente recolheu sua mão, observando quando aquelas duas orbes negras se abriram. Um pouco enevoadas pelo sono no começo, para então gradualmente se transformarem em duas esferas brilhantes e sorridentes quando se fixaram nele. Isso fez o coração de Zhou Shao falhar uma batida, interiormente ele gostava que Wei Yuan o olhasse assim.

Esfregando os olhos Wei Yuan se sentou . Olhando para Zhou Shao, ele lembrou que o outro dissera que iriam jantar com a família Zhou. Temendo que talvez tivesse dormido além da conta, Wei Yuan não pode deixar de perguntar.

- estamos muito atrasados?

Levou meio segundo para Zhou Shao lembrar o motivo de querer acorda-lo. Era devido ao jantar com sua “família”!

Sua madrasta o estava importunando nos últimos dias, pois cobrava a visita de Wei Yuan. Pois segundo ela, Wei Yuan tinha que prestar respeito aos pais do marido. Zhou Shao estava cagando para ela, contudo, achava que ela começaria a importunar Wei Yuan quando ele não estivesse. Então para calar a velha, ele decidiu levar Wei Yuan, e acabar logo com essa palhaçada.

- Não – respondeu a pergunta de Wei Yuan – ainda temos algum tempo.

Não falando mais nada foi na direção de uma cômoda que Wei Yuan não havia notado antes. Ela era desgastada e velha, possuindo apenas duas, das três gavetas. Em cima se encontravam uma jarra e uma bacia. Zhou Shao despejou um pouco da água da jarra na bacia, depois a carregou sinalizando para Wei Yuan lavar o rosto. Depois de vê-lo fazer o que lhe foi pedido, Zhou Shao foi em direção a porta, esperando Wei Yuan segui-lo para então guia-lo até a casa principal .

O caminho até a casa era dezenas de vezes diferentes daquilo que Wei Yuan pensou. Ele havia imaginado um mato alto, cheio de bestas raivosas e violentas os atacando a cada passo, tentando mata-los. Porém, inesperadamente era bem limpo , com uma trilha de pedras , que levava a casa principal situada um pouco mais a frente.

- Então... Por que não moramos na casa principal? – Wei Yuan sabia o motivo, se o tipo de tratamento que Zhou Shao recebia não fosse uma indicação, ele poderia chutar seu próprio traseiro por ser tão burro!

Era claro como a água, que a família o queria o mais longe possível.

- minha madrasta disse que precisamos ter nosso próprio espaço

- eu gosto que tenhamos nosso próprio espaço – falou, fazendo Zhou Shao ter um sentimento estranho por ser incluído.

A caminhada até a casa foi bem rápida.

A casa principal se resumia a uma estrutura branca, com dois andares. Não era uma estrutura tão impressionante para Wei Yuan, que já vira prédios centenas de vezes maiores que aquela casa. Porém as pessoas daquela época, matariam para pelo menos por os pés dentro dela.

Contornando a casa, Zhou Shao o levou até uma área coberta. No local estavam distribuídas três grandes mesas. Pela memórias de Wei Yuan, a mesa do meio era para os mais velhos, e as da laterais, uma era para os homens e a outra para as mulheres.

Wei Yuan achava ridículo esse tipo de divisão. Qual era o problema de todos comerem juntos? Todos não faziam parte da mesma família?

Suprimindo seu espírito julgador. Wei Yuan tentou não se incomodar com costumes antigos, se conseguisse essa proeza, sua vida seria bem mais fácil.

Wei Yuan e Zhou Shao caminharam em direção a mesa do meio. Juntaram as mãos em concha e se curvaram em sinal de respeito, dirigindo sua saudação ao homem sentado na ponta e para a mulher ao seu lado. Wei Yuan podia chutar que essa era a madrasta de Zhou Shao, Lin Wan. Segunda esposa de Zhou Mang, o pai de Zhou Shao.

Acenando para ambos se endireitarem, Zhou Mang se dirigiu a Wei Yuan.

- soube que passou os últimos dias acamado, como se encontra sua saúde?

- respondendo ao pai, minha saúde se encontra bem – Wei Yuan tentou ser o mais respeitoso possível, não querendo humilhar Zhou Shao se não conseguisse se comportar.

Felizmente ele não cometeu nenhum deslize. Zhou Mang fez mais algumas perguntas a Wei Yuan, depois de satisfeito indicou para ambos se sentarem.

Apesar de Wei Yuan ser esposa de Zhou Shao, ele ainda era um homem. Então... naturalmente sentou-se com Zhou Shao, na mesa a direita da principal.

Onde os quatro irmãos de Zhou Shao, todos filhos de Lin Wan, já se encontravam sentados. Enquanto Isso suas duas irmãs estavam sentadas na mesa a esquerda, acompanhadas de duas outras mulheres que só agora Wei Yuan notará. Ele as conheciam muito bem. Eram suas “primas”, Wei Zimei e Wei Xiaoye. Pelo que Wei Yuan podia concluir com as “suas” lembranças, de todas pessoas que abusaram do antigo “dono”, as duas foram responsáveis por tornar sua existência dezenas de vezes mais miserável.

Inconscientemente Wei Yuan franziu o cenho, o que não passou despercebido por Zhou Shao, que observava todas as reações de sua esposa. Seguindo seu olhar com o canto dos olhos, ele viu as duas jovens damas da família Wei. Ambas filhas do patriarca da família Wei e primas de sua esposa. Zhou Shao entendeu de imediato o motivo de sua esposa não gostar delas. Provavelmente ambas eram algumas das pessoas responsáveis pelos maus tratos que sua esposa sofria em casa.

Zhou Shao achando que Wei Yuan estava temeroso, queria confortá-lo, fazê-lo entender que ele agora o tinha. Então... não precisava se preocupar com ninguém da família Wei. Ele poderia protegê-lo de todos.

Enquanto Zhou Shao, pensava que ele estava se sentindo intimidado por conta de suas primas. Wei Yuan não poderia estar se importando menos com elas. Aos seus olhos, elas tinham a mesma importância que uma barata.

Mesmo querendo se vingar pelo antigo “dono”, ele não faria nada por hora. Wei Yuan pretendia continuar e seguir com sua vida sem estresse desnecessário. Tentando o máximo possível não se envolver com essas pessoas. Contudo... Se começassem a importuná-lo, Wei Yuan se lembraria dos novos e antigos rancores, e não pouparia esforços para pisar em cima deles.

Olhando mais uma vez em direção a mesa, encontrou os olhares cheios de desdém das duas. Ambas pareciam duas cobras que acabaram de encontrar sua presa, e estavam esperando o momento perfeito para dar o bote.

Interiormente Wei Yuan suspirou, aquele seria um jantar bem longo!

Capítulo 3

O jantar em si não foi desagradável. Se você conseguisse ignorar alguns pares de olhos, a janta seria excelente. Missão essa que era deveras fácil para Wei Yuan.

Porém se a hora das refeições não fosse permitido falar por ser uma hora sagrada, Yuan poderia apostar que não estaria tendo uma primeira reunião familiar boa.

A janta era constituída pela mesma sopa rala que beberá antes, junto com algumas variedades de carne e legumes. Além de pão, canja de galinha e outros pratos que Wei Yuan não conhecia. Como estava com fome, Wei Yuan não se absteve e comeu.

Era óbvio para os presentes que aquele jantar era dedicado as jovens damas da família Wei. Lin Wan parecia ser muito mesquinha e não iria fazer nada assim para comemorar sua “recuperação”. Claro que Wei Yuan sabia que a velha queria “estreitar” os laços das duas famílias. E bem provavelmente, Lin Wan planeja tentar casar seus dois filhos mais velhos com ambas. Então as convidou com o pretexto de visitá-lo. O acordo das famílias já havia sido cumprido, mais nada impedia que mais membros das duas famílias se casassem.

Se ele ainda fosse o antigo “dono”, muito provavelmente teria terminado de morrer se as visse. Mas para a o Wei Yuan atual, elas não passavam de moscas na parede, por isso, nem se dignou a lhes dirigir um segundo olhar.

Não que ambas se importassem com Wei Yuan, elas só aceitaram comparecer a esse jantar a princípio, pois , queriam ver quão miserável e lamentável era a situação em que o primo se encontrava . Claro, quão grande foi a surpresa quando o viram parecer tão bem. E ainda por cima, as estava ignorando como se não valessem nenhuma mísera olhada. Como se já não fosse suficiente, Zhou Shao não parecia odiá-lo , não o olhava com o ódio e o desprezo que elas esperavam ver . Pelo contrário, esse olhar era dirigido as duas!

Internamente ambas se contorceram de raiva e de medo em igual medida.

‘ Wei Yuan essa raposa astuta e traiçoeira. Somos família, ele não deveria deixar o marido nos intimidar assim!’

Obviamente elas não deixariam aquilo barato. Assim que chegassem em casa, exigiriam que o pai lhe desse uma lição. Wei Yuan morria de medo do tio, e com certeza se ajoelharia pedindo clemência. Ele não poderia se sentir superior só por ter se casado com alguém poderoso. Já não bastava o fato de nenhuma ter conseguido se tornar esposa dele, ainda tinham que suportar esse tipo de olhar? Isso era ultrajante!

Se não fosse pelo acordo das duas famílias, Wei Yuan nunca teria a chance de as olhar assim. Claro... não era como se Wei Yuan fosse a única opção e ninguém quisesse se casar com Zhou Shao, a verdade é que por causa de sua “reputação” e comportamento ruim muitos sentiam um pouco de medo dele.

Apesar disso, Wei Zimei e Wei Xiaoye, não eram uma dessas pessoas. Elas adorariam ter um marido poderoso, para exibi-lo quando os clãs de cultivo se reunissem. Obviamente, todas as outras jovens damas morreriam de inveja delas e as respeitariam! Claro... Com o passar do tempo elas usariam seu charme e o moldariam a sua maneira, tornando-o mais recíproco.

Mas justamente por causa de sua má reputação e personalidade, o pai de ambas, Wei Yuheng , não poderia entregar nenhuma de suas filhas assim. E nenhum outro membro da família . Óbvio que Wei Yuan era a exceção, simplesmente juntaram o útil ao agradável e se livraram de dois pesos de uma vez.

No começo ambas ficaram possessas, entretanto... depois de pensar o quão miseravelmente ele viveria, sendo a esposa não desejada do outro, elas logo se animaram. Contudo, agora elas ferviam de ódio, não conseguindo acreditar que Zhou Shao o estava tratando tão amavelmente . Até mesmo servindo para ele um pouco de comida em uma tigela.

Do outro lado do pátio, Wei Yuan terminava tranquilamente sua janta, alheio aos olhares assassinos das duas. Pelo menos ele se encontrava alheio, Zhou Shao por outro lado estava atento a cada pequena mudança no rosto das duas. Ao seu ver, se todos da família Wei tinham aquele tipo de expressão a respeito de sua esposa, a vida dela foi deveras difícil.

Controlando o impulso de matá-las, Zhou Shao decidiu tentar ignorá-las como sua esposa estava fazendo. O que foi uma tarefa bem complicada para ele.

Felizmente o jantar terminou logo. Zhou Shao estava bastante satisfeito com o fato de nenhum membro da família tentar conversar com ele, nem com sua esposa. Ele não queria que Wei Yuan tivesse muito contato com aquelas pessoas. Logo ambos iriam embora e esqueceriam que um dia eles existiram.

Depois de cumprimentarem, o pai e a madrasta de Zhou Shao. E também se despedirem de seus irmãos e das primas de Wei Yuan, ambos se retiraram com a desculpa de Wei Yuan não estar completamente recuperado. Por isso, ficar muito tempo fora poderia faze-lo voltar a ficar doente.

Quando pensaram que estariam livres daquele ninho de cobras, a saída deles foi interrompida.

- Primo! – uma voz bem “familiar” chamou Wei Yuan.

Ele e Zhou Shao só haviam se distanciado alguns metros, mesmo que nenhuma das pessoas que estivessem presentes fossem capazes de ouvir, ainda eram capazes de ver. Nesse caso Wei Yuan não achou muito apropriado deixá-las falando sozinhas. Por mais que essa fosse sua vontade.

- Primas – educadamente Wei Yuan cumprimentou Wei Zimei que o havia chamado e Wei Xiaoye que estava ao seu lado.

- como tem passado? – Wei Zimei perguntou mesmo sem querer saber a resposta.

-estou bem, obrigado...- ‘termine de destilar veneno e vá logo embora!’

-Bem... papai nos pediu para perguntar quando você vai voltar para casa – falou em uma voz suave.

Era tradição que a noiva visitasse sua casa de solteira depois do casamento. Se o marido a acompanharia ou não na visita, dependeria totalmente dele. Estava nítido para Wei Yuan, quando Wei Zimei perguntou quando “ele” iria voltar para casa, que ninguém esperava que Zhou Shao o acompanhasse.

Antes de poder responder a prima Zhou Shao interveio por ele.

- Nós iremos quando minha esposa estiver totalmente recuperada – dando um leve aceno para ambas ele pegou a mão de Wei Yuan, o puxando na direção da cabana.

Ação essa que as fez ficarem amaldiçoado Wei Yuan, enquanto ambas ficavam cada vez com mais raiva quando se lembravam da cena.

O caminho até a cabana foi silencioso. Em todo o percurso Zhou Shao não largou a mão do outro, se foi intencional ou não Wei Yuan não sabia.

Como o caminho não era longo, rapidamente chegaram em casa. Só então Zhou Shao soltou sua mão para abrir a porta.

O sol ainda não tinha se posto completamente. Mesmo assim o interior da cabana estava mergulhado em uma completa escuridão. Entretanto...foi rapidamente dissipada quando Zhou Shao acendeu uma lamparina. Como a cabana era pequena, foi toda iluminada, não deixando nenhum lugar obscurecido. Colocando a lamparina em cima da cômoda, Zhou Shao abriu uma das gavetas. Tirando de dentro uma colcha. Que Wei Yuan podia afirmar estar em ótimas condições. Além disso tirou dois conjuntos de roupas de dormir.

Entregando para Wei Yuan as roupas junto da colcha, Zhou Shao pediu para ele esperá-lo. O que foi um pouco engraçado, para onde mais ele iria?

Alguns minutos depois Zhou Shao voltou com uma tina, grande suficiente para caber confortavelmente os dois.

Isso despertou a curiosidade de Wei Yuan, que indagou mentalmente

‘ Ele quer que tomamos banho juntos? Bem... Eu não vou negar se ele pedir!’

Logo depois de deixar a tina em um canto, saiu novamente, voltando com dois baldes de água quente, Wei Yuan poderia apostar que ele a tinha esquentado no fogão a lenha que ele vira mais cedo. Zhou Shao despejou a água na tina, repetindo aquela ação mais algumas vezes, até a tina estar cheia.

- tome banho, tomarei depois de você – entregando um sabonete e o que parecia uma toalha para Wei Yuan, Zhou Shao saiu antes que ele dissesse algo.

Suspirando decepcionado, Wei Yuan só pode se despir e entrar na água. A temperatura estava perfeita e o banho foi revigorante. Não ficou muito tempo na água, com medo dela esfriar e Zhou Shao não conseguir tomar um bom banho.

Depois de se secar e vestir uma das roupas que ele havia dado, Wei Yuan foi chamá-lo.

Encostado do lado de fora da casa , Zhou Shao ouvia todos os movimentos que sua esposa fazia, desde se despir até a hora em que estava se secando e se vestindo novamente. Foi perceptível para Zhou Shao que sua esposa queria que tomassem banho juntos. Ele não podia negar que queria fazê-lo, porém tinha medo de não conseguir se controlar. Sua base de confiança ainda não era sólida e ele não a quebraria pelo simples fato de não conseguir se conter. Além do mais eles só fariam algo a mais quando Wei Yuan se sentisse pronto. coisa que Zhou Shao achava que ainda iria demorar.

Ouvindo os passos suaves da esposa em direção a porta, Zhou Shao esperou que ela a abrisse para poder entrar.

Wei Yuan relutou um pouco no começo em sair, ele queria pelo menos ver Zhou Shao tomando banho. No entanto, como o outro não se mexeu enquanto ainda estava no cômodo, ele achou melhor sair e esperar do lado de fora.

Logo Zhou Shao estava de banho tomado e pronto para dormir.

Enquanto isso, Wei Yuan tentava melhorar um pouco a aparência da cama. Após bater um pouco o colchão e estender um lençol que Zhou Shao arrumou para ele, a cama se encontrava mais aceitável. Satisfeito com seu trabalho, Wei Yuan se sentou no colchão, observando Zhou Shao ir novamente em direção a cômoda.

Abrindo a última gaveta, Zhou Shao mexeu um pouco e tirou de lá uma bolsinha azul claro. Depois fechou novamente a gaveta indo em direção a Wei Yuan e colocando a bolsinha em suas mãos. Então esperou pacientemente Wei Yuan abri-la.

Curioso, Wei Yuan deu uma leve sacudida, escutando um barulho metálico ecoar da bolsinha, como se diversas contas colidissem uma contra a outra. Vencido pela curiosidade Wei Yuan abriu-a tomando um susto com o conteúdo. Dentro se encontrava diversas contas de jade.

Contas de jade eram 10 vezes mais valiosas que moedas normais. Enquanto um tael podia manter uma família mediana por um mês ou dois. Uma conta de jade poderia mantê-los por mais de um ano! Então a quantia que Wei Yuan tinha em mãos agora, poderia sustentar duas famílias grandes por no mínimo uma década!

Olhando com um olhar indagador para Zhou Shao, Wei Yuan não fazia ideia do que ele queria ao lhe dar aquilo.

- amanhã vamos ao mercado – explicou – você compra tudo que precisamos.

Wei Yuan se sentiu tocado, para Zhou Shao confiar a ele uma quantia tão grande significava que confiava nele. Mesmo assim não pode deixar de brincar.

- você não deveria me dar tanto dinheiro!- comentou , enquanto rodava a bolsinha na mão – você não teme que eu fuja ?

- se você fugir, te trarei de volta- disse simplista , vendo através da provocação da esposa.

Wei Yuan suspirou mentalmente.

‘ele é um caso perdido!’

-vamos dormir, acordamos cedo amanhã.

Wei Yuan se deitou e observou Zhou Shao apagar a lamparina. Logo a cabana foi tomada pela escuridão.

Sentindo o colchão ao seu lado afundar, Wei Yuan sentiu quando Zhou Shao puxou a colcha para cobrir ambos. E depois o puxou para seus braços. Enquanto dizia.

- faz muito frio de madrugada, só a colcha não é suficiente .

Os cantos da boca de Wei Yuan subiram. Então se aproveitando da “bondade” do outro, ele se aconchegou mais nos braços do marido procurando uma posição confortável.

Antes de se render completamente ao sono, Wei Yuan podia jurar ter sentido um beijo carinhoso ser depositado em sua testa.

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