PROJETO
KAMI
O que são os deuses? De
onde eles vêm? O que eles sentem? De que se alimentam? Eles são felizes? Ou
melhor eles sequer sentem algo? Eles vêm do céu ou de outros lugares? Eles
choram? Eles sangram? Qual ocupação que possuem? Como eles vivem?
Por favor, Senhores
deuses esclareçam minhas dúvidas para que eu possa ouvir mais de suas histórias
e me divertir com meu irmão e mãe. Eu queria saber mais sobre vocês, seus atos
heroicos, como salvam as pessoas, o que os fazem deuses? Queria poder tirar
essas dúvidas. Será que algum dia um de vocês vira conversar com a gente?
Estarei sempre aguardando
ansiosamente por contato.
Assinado: Aldebaran
- Filhooooooooo...... Cadê você?
Aldebarannnnnnnnnnnnnnnn onde está?
- De novo escrevendo aos deuses hein...
- Já lhe falei para não os importunar\, não
foi?
- Eles vão acabar nos castigando hein!
- Desculpe mamãe.
- Mas sinceramente duvido que eles façam isso.
Eu sou muito querido por eles.
- Olha só\, vejam quanta prepotência dessa
criança, hum kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
- Leve as coisas mais a sério e não zombe
deles, ouviu? Você pode se machucar. Lave as mãos e vamos almoçar agora.
- E o papai?
- Ele não poderá vir hoje. Outro dia almoça
com vocês. Há, e chame o Raven também.
- Yes\, Man.
Bom, incrivelmente eu viria a descobrir
que na verdade os deuses não descendem dos Céus, mas sim acendem da terra.
Sentira claramente que eles sangram, choram, se desesperam e entram em ruina
como qualquer outro, os deuses, os deuses somos nós.
.
.
.
.
.
.
Deixe-me deixar algo claro antes de
iniciar essa história. Não se iluda, se busca aqui um herói, me desculpe, mas
se decepcionara. Daqui virá a Estória de um Deus que sangrou, chorou e entrou
em ruina para simplesmente chegar a lugar algum. Um conto de um fraco desejando
miseravelmente ser forte.
.
.
.
.
.
O desespero e a decepção perseguirão
aqueles que almejam tudo e que não defendem nada.
.
.
.
.
.
.
Agonia e morte.
Capitulo
I: CONFORTO
Minha mãe é incrível. Ela possui longos cabelos
pretos, rosto redondo (apesar de ser um pouco gordinha kkkkkkk), lábios finos,
mãos delicadas, não muito alta e olhos, sim os olhos penetrantes como se
compreendessem os seus mais profundos desejos. Bom a sua personalidade é
rígida. Não gosta de repetir muitas vezes as mesmas coisas e não grita ou
altera sua voz. Seu coração é muito grande sacrificando a si mesma sempre em
prol de outros - o que acaba nem sempre sendo um ponto positivo – e as vezes
vai longe demais em suas dedicações.
Meu irmão puxou um pouco a ela. Definitivamente.
Adoro ficar a observando em casa fazendo os deveres
domésticos ou lendo algo. Mesmo as coisas mais simples sempre me impressionam
nela como se estivesse sempre sentindo saudades. Talvez por ela nem sempre
estar conosco, na verdade é até bem raro.
Meus pais são militares trabalham a serviço do reino
de Avalon em defesa da população. Minha mãe é uma comandante (ao
menos foi o que ela me contou) portanto é difícil tê-la em casa pois sempre é
designada em missões que a levam muito longe. O que acaba sempre nos deixando
com o nosso pai, meu velho.
Meu velho, kkkkkkk sabe ele é sempre cheio de graça e
piadas que não fazem sentido, porém está sempre próximo de mim e do me irmão
cuidando da gente e nos confortando com relação a mamãe.
A memória mais alegre da minha vida e o momento também
que é raro, mas acontece algumas vezes, é quando deitamos todos na cama dos
nossos pais e lemos alguns livros sobre os deuses. Nosso pai e nossa mãe lê um
pouco, nos contanto as histórias dos deuses que defendem a humanidade. Essa pra
mim é a melhor parte do dia, ou melhor, da noite e é realmente incrível.
No cotidiano convivemos mais com o nosso pai que
sempre cuida da gente. Eu e o Raven, estudamos em casa por isso não conhecemos
muito o mundo lá fora a não ser pelas histórias que nossos pais nos contam.
Também não temos muitos amigos. Na verdade, quase não saímos de casa não sei
bem o porquê.
Mas sou bem curioso e estou sempre espreitando as
janelas e ouvindo a conversa do papai e da mamãe. Eu entendo pouca coisa do que
eles falam, mas sei que o mundo lá fora não é um lugar legal. Só que não tenho
medo porque sei que eles sempre nos protegerão.
-
Aldebarannnnnnnnnnnnnnnnnnnn. Vamos almoçar logo. Pare de enrolar e venha com o
seu irmão.
- Vamos Raven\,
a mamãe está ficando irritada.
- Muito bem.
Sentem-se.
- Ei! Espere\,
não está esquecendo algo antes de comer? E você também Raven.
- Hã? E o que
seria?
- Ora\, alguém
que se diz devoto aos deuses e não pede a benção deles antes de fazer a
refeição.
- Hooooooooooo
é verdade, desculpe.
- Então vamos
todos.
- Senhores
deuses, por favor nos projetam de todo o mal e nos abençoem com suas graças,
obrigado.
- O papai virá
hoje, mamãe?
-
Provavelmente. Ele deve chegar pouco antes que eu saia.
- A senhora irá
onde hoje?
- Não pergunte
demais. Vamos comam, comam.
- Há e como
anda seu treino com espadas hã?
- Cof\,
cof...... c-c-como é?
- Sabia\, anda
vacilando com os treinos não é mesmo.
- N-não\, claro
que não.
- Não minta pra
sua mãe.
- Heeeee\,
talvez um pouco.
- Prepare-se
após o almoço treinaremos.
- Isso é um
pouco injusto. Porque só eu? E o Raven? Ele não treina.
- Ele ainda é
muito jovem. Não aceito reclamações você já possui quatro anos é mais do que o
suficiente para o treino.
- Sim\, sim.
Eu comecei a treinar a pouco mais que seis meses (ou
melhor fingindo ou fugindo do treino) portanto não era tão bom assim ainda. Eu
na verdade, era péssimo preferia estudar e ler a ficar lutando como um animal
selvagem, mas meus pais não me deixavam outra opção. Minha mãe era excepcional
com a espada ou com qualquer outra arma, nunca vi ninguém melhor do que ela
(não que eu já tivesse visto muitos outros guerreiros ou qualquer outro). Mas
ela manejava a lâmina como se fosse uma extensão de seu braço, rodopiava e
fazia acrobacias sem qualquer risco a si mesma, é incrível. Meu pai por sua vez
era muito bom com lutas. Ele adorava contato corpo a corpo sempre esmurrando,
esquivando, socando, chutando das formas mais surpreendentes possíveis, é
amedrontador. Eles me obrigam a treinar com eles sempre, o que me deixa bem
desconfortável pra falar a verdade. Um saco.
- Vamos garoto
me mostre o que aprendeu com os seus treinamentos diários. Eu não vou pegar
leve com você.
- Mamãe não
exagere, por favor. Da última vez a senhora me desmaiou.
- Pare de
enrolar. Agora!
Veio direto no braço esquerdo. Ainda consegui defender
colocando a espada de madeira de lado, mas mesmo apoiada no meu braço fui
empurrado com uma força avassaladora.
- Grrr! Forte
demais, pegue leve
- Se tem tempo
pra falar defenda. Por cima.
Levantei rapidamente a espada de madeira. O peso foi
grande demais minhas pernas cederam e me ajoelhei apenas para levar uma bela
joelhada na cara. Cai um pouco zonzo.
- Levante-se\,
não terá tempo para isso em um combate real.
Me levantei cambaleando e subitamente vim ao chão
novamente percebendo sua perna passando por baixo das minhas. Dessa vez não
vacilei, apoiei a mão no chão e rolei para o lado. Ela veio pisar em mim mais
não conseguiu. Me pus de pé.
Veio rapidamente como um relâmpago em minha direção.
Esquivei do primeiro golpe que veio direto na minha cabeça, logo em seguida
veio um rodopio e um chute rápido e mais uma vez me abaixei para vir um soco em
minha direção. O tomei bem na boca. Não titubeei, dei dois paços para trás e
avancei com força total e os dois braços no apoio da espada, um ataque frontal.
Baixei a lâmina porem acertei o vento, ela havia se direcionado para o lado e
já retornava com um contragolpe. Um ataque direto com a ponta da espada. Eu
previ. Daquele jeito dava, eu conseguiria penetrar em sua defesa. Agachei, a
espada passou por trás do meu pescoço. Sim, eu entrei. Como um raio me levantei
com a espada apontada para o seu estomago com uma força assustadora.
- Ingênuo.
Quando percebi era tarde demais. Ela deslocou-se
levemente para o lado e simplesmente agarrou meu punho com sua mão direita, me
puxou com força torcendo meu braço contra as minhas costas me levando ao chão e
pondo a lâmina vencedora em meu pequeno pescoço.
- Nem tudo que
reluz é ouro, Aldebaran. Uma abertura não é boa simplesmente por parecer boa.
Pode ser uma armadilha, ou melhor, foi uma armadinha.
- Arf\, arf\,
arf.
- E eu cai
nela.
- Cansou? Caiu
como um pato que perdeu a única oportunidade que tinha.
- Afobamento\,
desespero e descontrole afetam a sua tomada de decisão. Mantenha a calma, meu
filho. Sempre mantê-la.
- Eu sei\, mas
durante a batalha é impossível.
- A capacidade
de manter o sangue e a cabeça fria é o que decidirá a batalha. O primeiro que
entrar em desespero perde.
- Descanse e
pense um pouco. Logo retomaremos.
Assim passei a tarde inteira com ela apenas me batendo
e me levando ao chão com constância.
-
Haaaaaaaaaaaaaaaa, um bom banho e roupas limpas, sou uma nova pessoa.
- Aldebaran\,
estou para sair. Já se arrumou?
- Sim\, mamãe.
- Ótimo. Seu
pai está pra chegar, mas não poderei esperar. Apareceu algo urgente e tenho que
sair. Cuide do seu irmão enquanto ele não chega.
- Faça algum
brinquedo de madeira com ele. Cuidado e só abra a porta para o seu pai,
entendeu?
- Sim.
- Muito bem meu
filho. Eu lhe amo. Volto assim que puder.
Era claro a tristeza que a possuía. Ela não queria ir
embora subitamente assim, sem sequer falar com o papai. A contragosto deu um
beijo no pequeno Raven e saiu. A casa perdeu o brilho e a escuridão tomou conta
do lar que agora era sem graça e melancólico.
- Vamos\, Raven.
Vamos brincar.
- Boa noite\,
filho? Aldebaran?
Ao ouvir corri rapidamente a porta. Lá estava ele, em
pé e assim que me viu abriu um largo sorriso e os grandes braços, vindo ao meu
encontro. Sim, era meu velho. Possui estatura média, mas é relativamente forte
(ele gostava de exercitar o corpo). Cabelos negros e ombros largos.
- Paiiiiiii\,
que saudade do senhor.
- Haaaaa é
mesmo? Vem aqui seu moleque.
Me levantou sobre a cabeça girando muito rápido –
cheguei até a ficar tonto – nas costas grandes e definidas possuía um incrível
arco de madeira feito por ele mesmo e flechas. Reparei rapidamente, mas algumas
das flechas estavam manchadas de sangue. Não comentei.
- Cadê o Raven?
- Está deitado
na cama. Brincamos tanto que ele cansou.
- Humm entendo.
E sua mãe?
- Ela já saiu.
Disse que havia algo importante pra fazer e precisava sair antes da hora.
A expressão dele escureceu. Ficou sério e com uma
feição preocupada.
- Há algum
problema pai? Está preocupado com a mamãe?
- Há\, há\, há\,
nada passa despercebido né? Sim, estou um pouco preocupado com ela.
- Relaxa pai\, a
mamãe é muito forte. Ela dá conta.
- Eu sei filho\,
eu sei.
- O senhor já
jantou? Tem comida guardada para o senhor, pode vir.
- Na verdade
vou tomar um banho antes. Daqui a pouco volto.
Ele passou muitas horas no banheiro pensando e pensando
sem dizer nada. Creio que algo na verdade o fazia temer a saída antecipada da
mamãe. Quando voltou fomos a mesa.
- Ai\, Ai. Sem
igual, a comida da sua mãe é sem igual. Não tem melhor. Estava com saudade.
Desajeitado como sempre nem seque fechava a boca para
comer.
- Pai é tão
preocupante a mamãe sair antes do tempo?
- Gulp\, Gulp\,
Gulp. Ligado como de costume, não é?
- O senhor está
bem? Coma devagar.
- Sabe
Aldebaran acho você muito esperto para sua idade. A quem você puxou hein?
- Háááá é uma boa
pergunta. Na verdade, a algo que me incomoda pai. Eu e o Raven aprendemos com
nosso professor apenas a ler, escrever e calcular. O professor não fala muito
de história ou do mundo lá fora, porque? Porque eu e o Raven não podemos sair?
- São muitas
perguntas hein. Bom, vocês não podem sair porque lá fora é perigoso. E quanto a
história certamente ficariam tristes em ouvir.
Ele me pareceu estranho tentando fugir ou não tocar no
assunto. Come se fosse uma memória amarga e longínqua.
- Tudo bem
então.
- O senhor vai
ler algo pra gente hoje?
- Sim\, claro.
Já está até no horário de ir pra cama não é mesmo?
- Se o senhor
for ler, irei agora mesmo.
- Bom\, vá indo
que já chego lá.
Raven dormia com muita sonolência. Era de dar inveja,
mas aguardei o papai mesmo assim. Segurando o sono.
- Cheguei. Ora\,
e o Raven?
- Eu não disse
ao senhor que ele tinha dormido.
- Há! Verdade.
Vamos lá?
- Sim. O senhor
lerá o que hoje?
- Hoje eu irei
contar uma história indígena antiga sobre uma garota.
- Certo.
Me concentrei como nunca aguardando ansiosamente pelo
início da história. Ele tirou os sapatos, ajeitou os travesseiros para que
ficassem mais altos e deitou ao meu lado. Me pondo com a cabeça em seu peito e
com o braço em minha volta. Nossa, era realmente aconchegante.
- Então vamos.
Certa vez em uma tribo indígena, nasceu uma garota muito branca com um tom de
pele bem diferente dos outros. Parecia um copo de leite. Ela era linda. Porém
os índios tinham o costume de sacrificar os bebes que nasciam com deficiências
no corpo ou eram diferentes dos demais portanto tinham a intenção de sacrificar
a criança branca em homenagem aos deuses. O pajé da tribo, avó da criança ficou
angustiado, pois a criança era um sinal de maus presságios.
- Pai o que é\,
maus presságios?
- É como se
fosse uma mensagem dos deuses e aquela criança era uma mensagem ruim que eles
enviaram.
- Mas uma vida
é uma mensagem?
- Bom\, em certa
medida sim filho. Somos todos uma forma de mensagens enviadas pelos deuses com
um papel a cumprir. E enquanto fazemos a nossa missão encontramos outras
mensagens no caminho para nos ajudar.
- E ela era uma
mensagem ruim só por ser diferente?
- Sim\, era o
que alguns acharam. Me deixe continuar.
- Certo.
- Assim
enquanto preparavam tudo para o sacrifício o pajé neto da criança foi consultar
os desuses para saber o que eles diriam sobre isso. Eles então mandaram uma
mensagem dizendo que na verdade a menina era um sinal de bons presságios e que
deveriam cuidar dela. O pajé foi correndo levar a notícia aos outros índios.
Eles ouviram e a pouparam a deixando crescer forte e corajosa. Essa jovem
recebeu o nome de Mandi e ela era incrível. Com ela vieram muitos peixes, as
plantações rendiam, tinham muitos frutos e ela sempre ajudava na caça e em
casa. Mandi se tornou uma bela mulher atingindo os seus doze anos. Ao chegar
nessa idade ela infelizmente contraiu uma doença e faleceu. Todos da aldeia
lamentaram a sua morte e ficaram muito triste com isso. Enterraram ela próximo
a uma arvore imensa deixando várias flores no local. Algum tempo depois os
índios passaram por onde seria o tumulo de Mandi e avistaram uma planta que
nunca haviam visto antes. Era viçosa, grande e com folhas muito verdes. Se
aproximaram e viram que bela era a planta. Perceberam que essa planta possuía
raízes muito grosas e foram ver. Ao tirar perceberam como eram grandes suas
raízes e a partiram ao meio. Quando o fizeram perceberam que as raízes eram
brancas como a pele de Mandi. Ao levar pra aldeia o pajé olhou a raiz e disse
que aquilo foi um presente deixado por Mandi e enviado pelos deuses. Eles
plantaram e replantaram aquelas raízes que cresceram cada vez mais e consumindo
as raízes brancas sem nome. As raízes trouxeram grande prosperidade a aldeia
dos índios era de fácil plantio e cresciam rápido além de serem muito boas para
comer. A essas raízes brancas os índios deram um nome, MANDIOCA que significa o
corpo de Mandi.
- Gostou?
-
Uuuuuuuuaaaaaaaaaaaaaaah! Sim.
- Vejo que está
com sono. Vamos, eu te coloco na cama.
- Obrigado
papai.
Ele me pegou nos braços e me levou até a cama onde me
deitou e me cobriu com um lençol, dando um beijo em minha testa e apagando a
luz.
Acordei até cedo com um cheiro forte de café – algo
que o meu pai gostava muito –. Dormi muito bem, realmente as noites com
histórias eram as melhores. Fui até a cozinha e lá estava ele de pé na janela
olhando o céu e tomando uma caneca de café fervendo que se via a fumaça saindo
e se perdendo no ar.
- Bom dia
papai. Dormiu bem?
- Sim\, sim. O
Raven acordou a noite para comer, até choramingou um pouco, mas você se quer
reagiu. Dormiu bem hein.
- Verdade.
Dormi sonhando com a história.
- Vamos tomar
café?
- Vamos.
PROJETO
KAMI
O que são os deuses? De
onde eles vêm? O que eles sentem? De que se alimentam? Eles são felizes? Ou
melhor eles sequer sentem algo? Eles vêm do céu ou de outros lugares? Eles
choram? Eles sangram? Qual ocupação que possuem? Como eles vivem?
Por favor, Senhores
deuses esclareçam minhas dúvidas para que eu possa ouvir mais de suas histórias
e me divertir com meu irmão e mãe. Eu queria saber mais sobre vocês, seus atos
heroicos, como salvam as pessoas, o que os fazem deuses? Queria poder tirar
essas dúvidas. Será que algum dia um de vocês vira conversar com a gente?
Estarei sempre aguardando
ansiosamente por contato.
Assinado: Aldebaran
- Filhooooooooo...... Cadê você?
Aldebarannnnnnnnnnnnnnnn onde está?
- De novo escrevendo aos deuses hein...
- Já lhe falei para não os importunar\, não
foi?
- Eles vão acabar nos castigando hein!
- Desculpe mamãe.
- Mas sinceramente duvido que eles façam isso.
Eu sou muito querido por eles.
- Olha só\, vejam quanta prepotência dessa
criança, hum kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
- Leve as coisas mais a sério e não zombe
deles, ouviu? Você pode se machucar. Lave as mãos e vamos almoçar agora.
- E o papai?
- Ele não poderá vir hoje. Outro dia almoça
com vocês. Há, e chame o Raven também.
- Yes\, Man.
Bom, incrivelmente eu viria a descobrir
que na verdade os deuses não descendem dos Céus, mas sim acendem da terra.
Sentira claramente que eles sangram, choram, se desesperam e entram em ruina
como qualquer outro, os deuses, os deuses somos nós.
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Deixe-me deixar algo claro antes de
iniciar essa história. Não se iluda, se busca aqui um herói, me desculpe, mas
se decepcionara. Daqui virá a Estória de um Deus que sangrou, chorou e entrou
em ruina para simplesmente chegar a lugar algum. Um conto de um fraco desejando
miseravelmente ser forte.
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O desespero e a decepção perseguirão
aqueles que almejam tudo e que não defendem nada.
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Agonia e morte.
Capitulo
I: CONFORTO
Minha mãe é incrível. Ela possui longos cabelos
pretos, rosto redondo (apesar de ser um pouco gordinha kkkkkkk), lábios finos,
mãos delicadas, não muito alta e olhos, sim os olhos penetrantes como se
compreendessem os seus mais profundos desejos. Bom a sua personalidade é
rígida. Não gosta de repetir muitas vezes as mesmas coisas e não grita ou
altera sua voz. Seu coração é muito grande sacrificando a si mesma sempre em
prol de outros - o que acaba nem sempre sendo um ponto positivo – e as vezes
vai longe demais em suas dedicações.
Meu irmão puxou um pouco a ela. Definitivamente.
Adoro ficar a observando em casa fazendo os deveres
domésticos ou lendo algo. Mesmo as coisas mais simples sempre me impressionam
nela como se estivesse sempre sentindo saudades. Talvez por ela nem sempre
estar conosco, na verdade é até bem raro.
Meus pais são militares trabalham a serviço do reino
de Avalon em defesa da população. Minha mãe é uma comandante (ao
menos foi o que ela me contou) portanto é difícil tê-la em casa pois sempre é
designada em missões que a levam muito longe. O que acaba sempre nos deixando
com o nosso pai, meu velho.
Meu velho, kkkkkkk sabe ele é sempre cheio de graça e
piadas que não fazem sentido, porém está sempre próximo de mim e do me irmão
cuidando da gente e nos confortando com relação a mamãe.
A memória mais alegre da minha vida e o momento também
que é raro, mas acontece algumas vezes, é quando deitamos todos na cama dos
nossos pais e lemos alguns livros sobre os deuses. Nosso pai e nossa mãe lê um
pouco, nos contanto as histórias dos deuses que defendem a humanidade. Essa pra
mim é a melhor parte do dia, ou melhor, da noite e é realmente incrível.
No cotidiano convivemos mais com o nosso pai que
sempre cuida da gente. Eu e o Raven, estudamos em casa por isso não conhecemos
muito o mundo lá fora a não ser pelas histórias que nossos pais nos contam.
Também não temos muitos amigos. Na verdade, quase não saímos de casa não sei
bem o porquê.
Mas sou bem curioso e estou sempre espreitando as
janelas e ouvindo a conversa do papai e da mamãe. Eu entendo pouca coisa do que
eles falam, mas sei que o mundo lá fora não é um lugar legal. Só que não tenho
medo porque sei que eles sempre nos protegerão.
-
Aldebarannnnnnnnnnnnnnnnnnnn. Vamos almoçar logo. Pare de enrolar e venha com o
seu irmão.
- Vamos Raven\,
a mamãe está ficando irritada.
- Muito bem.
Sentem-se.
- Ei! Espere\,
não está esquecendo algo antes de comer? E você também Raven.
- Hã? E o que
seria?
- Ora\, alguém
que se diz devoto aos deuses e não pede a benção deles antes de fazer a
refeição.
- Hooooooooooo
é verdade, desculpe.
- Então vamos
todos.
- Senhores
deuses, por favor nos projetam de todo o mal e nos abençoem com suas graças,
obrigado.
- O papai virá
hoje, mamãe?
-
Provavelmente. Ele deve chegar pouco antes que eu saia.
- A senhora irá
onde hoje?
- Não pergunte
demais. Vamos comam, comam.
- Há e como
anda seu treino com espadas hã?
- Cof\,
cof...... c-c-como é?
- Sabia\, anda
vacilando com os treinos não é mesmo.
- N-não\, claro
que não.
- Não minta pra
sua mãe.
- Heeeee\,
talvez um pouco.
- Prepare-se
após o almoço treinaremos.
- Isso é um
pouco injusto. Porque só eu? E o Raven? Ele não treina.
- Ele ainda é
muito jovem. Não aceito reclamações você já possui quatro anos é mais do que o
suficiente para o treino.
- Sim\, sim.
Eu comecei a treinar a pouco mais que seis meses (ou
melhor fingindo ou fugindo do treino) portanto não era tão bom assim ainda. Eu
na verdade, era péssimo preferia estudar e ler a ficar lutando como um animal
selvagem, mas meus pais não me deixavam outra opção. Minha mãe era excepcional
com a espada ou com qualquer outra arma, nunca vi ninguém melhor do que ela
(não que eu já tivesse visto muitos outros guerreiros ou qualquer outro). Mas
ela manejava a lâmina como se fosse uma extensão de seu braço, rodopiava e
fazia acrobacias sem qualquer risco a si mesma, é incrível. Meu pai por sua vez
era muito bom com lutas. Ele adorava contato corpo a corpo sempre esmurrando,
esquivando, socando, chutando das formas mais surpreendentes possíveis, é
amedrontador. Eles me obrigam a treinar com eles sempre, o que me deixa bem
desconfortável pra falar a verdade. Um saco.
- Vamos garoto
me mostre o que aprendeu com os seus treinamentos diários. Eu não vou pegar
leve com você.
- Mamãe não
exagere, por favor. Da última vez a senhora me desmaiou.
- Pare de
enrolar. Agora!
Veio direto no braço esquerdo. Ainda consegui defender
colocando a espada de madeira de lado, mas mesmo apoiada no meu braço fui
empurrado com uma força avassaladora.
- Grrr! Forte
demais, pegue leve
- Se tem tempo
pra falar defenda. Por cima.
Levantei rapidamente a espada de madeira. O peso foi
grande demais minhas pernas cederam e me ajoelhei apenas para levar uma bela
joelhada na cara. Cai um pouco zonzo.
- Levante-se\,
não terá tempo para isso em um combate real.
Me levantei cambaleando e subitamente vim ao chão
novamente percebendo sua perna passando por baixo das minhas. Dessa vez não
vacilei, apoiei a mão no chão e rolei para o lado. Ela veio pisar em mim mais
não conseguiu. Me pus de pé.
Veio rapidamente como um relâmpago em minha direção.
Esquivei do primeiro golpe que veio direto na minha cabeça, logo em seguida
veio um rodopio e um chute rápido e mais uma vez me abaixei para vir um soco em
minha direção. O tomei bem na boca. Não titubeei, dei dois paços para trás e
avancei com força total e os dois braços no apoio da espada, um ataque frontal.
Baixei a lâmina porem acertei o vento, ela havia se direcionado para o lado e
já retornava com um contragolpe. Um ataque direto com a ponta da espada. Eu
previ. Daquele jeito dava, eu conseguiria penetrar em sua defesa. Agachei, a
espada passou por trás do meu pescoço. Sim, eu entrei. Como um raio me levantei
com a espada apontada para o seu estomago com uma força assustadora.
- Ingênuo.
Quando percebi era tarde demais. Ela deslocou-se
levemente para o lado e simplesmente agarrou meu punho com sua mão direita, me
puxou com força torcendo meu braço contra as minhas costas me levando ao chão e
pondo a lâmina vencedora em meu pequeno pescoço.
- Nem tudo que
reluz é ouro, Aldebaran. Uma abertura não é boa simplesmente por parecer boa.
Pode ser uma armadilha, ou melhor, foi uma armadinha.
- Arf\, arf\,
arf.
- E eu cai
nela.
- Cansou? Caiu
como um pato que perdeu a única oportunidade que tinha.
- Afobamento\,
desespero e descontrole afetam a sua tomada de decisão. Mantenha a calma, meu
filho. Sempre mantê-la.
- Eu sei\, mas
durante a batalha é impossível.
- A capacidade
de manter o sangue e a cabeça fria é o que decidirá a batalha. O primeiro que
entrar em desespero perde.
- Descanse e
pense um pouco. Logo retomaremos.
Assim passei a tarde inteira com ela apenas me batendo
e me levando ao chão com constância.
-
Haaaaaaaaaaaaaaaa, um bom banho e roupas limpas, sou uma nova pessoa.
- Aldebaran\,
estou para sair. Já se arrumou?
- Sim\, mamãe.
- Ótimo. Seu
pai está pra chegar, mas não poderei esperar. Apareceu algo urgente e tenho que
sair. Cuide do seu irmão enquanto ele não chega.
- Faça algum
brinquedo de madeira com ele. Cuidado e só abra a porta para o seu pai,
entendeu?
- Sim.
- Muito bem meu
filho. Eu lhe amo. Volto assim que puder.
Era claro a tristeza que a possuía. Ela não queria ir
embora subitamente assim, sem sequer falar com o papai. A contragosto deu um
beijo no pequeno Raven e saiu. A casa perdeu o brilho e a escuridão tomou conta
do lar que agora era sem graça e melancólico.
- Vamos\, Raven.
Vamos brincar.
- Boa noite\,
filho? Aldebaran?
Ao ouvir corri rapidamente a porta. Lá estava ele, em
pé e assim que me viu abriu um largo sorriso e os grandes braços, vindo ao meu
encontro. Sim, era meu velho. Possui estatura média, mas é relativamente forte
(ele gostava de exercitar o corpo). Cabelos negros e ombros largos.
- Paiiiiiii\,
que saudade do senhor.
- Haaaaa é
mesmo? Vem aqui seu moleque.
Me levantou sobre a cabeça girando muito rápido –
cheguei até a ficar tonto – nas costas grandes e definidas possuía um incrível
arco de madeira feito por ele mesmo e flechas. Reparei rapidamente, mas algumas
das flechas estavam manchadas de sangue. Não comentei.
- Cadê o Raven?
- Está deitado
na cama. Brincamos tanto que ele cansou.
- Humm entendo.
E sua mãe?
- Ela já saiu.
Disse que havia algo importante pra fazer e precisava sair antes da hora.
A expressão dele escureceu. Ficou sério e com uma
feição preocupada.
- Há algum
problema pai? Está preocupado com a mamãe?
- Há\, há\, há\,
nada passa despercebido né? Sim, estou um pouco preocupado com ela.
- Relaxa pai\, a
mamãe é muito forte. Ela dá conta.
- Eu sei filho\,
eu sei.
- O senhor já
jantou? Tem comida guardada para o senhor, pode vir.
- Na verdade
vou tomar um banho antes. Daqui a pouco volto.
Ele passou muitas horas no banheiro pensando e pensando
sem dizer nada. Creio que algo na verdade o fazia temer a saída antecipada da
mamãe. Quando voltou fomos a mesa.
- Ai\, Ai. Sem
igual, a comida da sua mãe é sem igual. Não tem melhor. Estava com saudade.
Desajeitado como sempre nem seque fechava a boca para
comer.
- Pai é tão
preocupante a mamãe sair antes do tempo?
- Gulp\, Gulp\,
Gulp. Ligado como de costume, não é?
- O senhor está
bem? Coma devagar.
- Sabe
Aldebaran acho você muito esperto para sua idade. A quem você puxou hein?
- Háááá é uma boa
pergunta. Na verdade, a algo que me incomoda pai. Eu e o Raven aprendemos com
nosso professor apenas a ler, escrever e calcular. O professor não fala muito
de história ou do mundo lá fora, porque? Porque eu e o Raven não podemos sair?
- São muitas
perguntas hein. Bom, vocês não podem sair porque lá fora é perigoso. E quanto a
história certamente ficariam tristes em ouvir.
Ele me pareceu estranho tentando fugir ou não tocar no
assunto. Come se fosse uma memória amarga e longínqua.
- Tudo bem
então.
- O senhor vai
ler algo pra gente hoje?
- Sim\, claro.
Já está até no horário de ir pra cama não é mesmo?
- Se o senhor
for ler, irei agora mesmo.
- Bom\, vá indo
que já chego lá.
Raven dormia com muita sonolência. Era de dar inveja,
mas aguardei o papai mesmo assim. Segurando o sono.
- Cheguei. Ora\,
e o Raven?
- Eu não disse
ao senhor que ele tinha dormido.
- Há! Verdade.
Vamos lá?
- Sim. O senhor
lerá o que hoje?
- Hoje eu irei
contar uma história indígena antiga sobre uma garota.
- Certo.
Me concentrei como nunca aguardando ansiosamente pelo
início da história. Ele tirou os sapatos, ajeitou os travesseiros para que
ficassem mais altos e deitou ao meu lado. Me pondo com a cabeça em seu peito e
com o braço em minha volta. Nossa, era realmente aconchegante.
- Então vamos.
Certa vez em uma tribo indígena, nasceu uma garota muito branca com um tom de
pele bem diferente dos outros. Parecia um copo de leite. Ela era linda. Porém
os índios tinham o costume de sacrificar os bebes que nasciam com deficiências
no corpo ou eram diferentes dos demais portanto tinham a intenção de sacrificar
a criança branca em homenagem aos deuses. O pajé da tribo, avó da criança ficou
angustiado, pois a criança era um sinal de maus presságios.
- Pai o que é\,
maus presságios?
- É como se
fosse uma mensagem dos deuses e aquela criança era uma mensagem ruim que eles
enviaram.
- Mas uma vida
é uma mensagem?
- Bom\, em certa
medida sim filho. Somos todos uma forma de mensagens enviadas pelos deuses com
um papel a cumprir. E enquanto fazemos a nossa missão encontramos outras
mensagens no caminho para nos ajudar.
- E ela era uma
mensagem ruim só por ser diferente?
- Sim\, era o
que alguns acharam. Me deixe continuar.
- Certo.
- Assim
enquanto preparavam tudo para o sacrifício o pajé neto da criança foi consultar
os desuses para saber o que eles diriam sobre isso. Eles então mandaram uma
mensagem dizendo que na verdade a menina era um sinal de bons presságios e que
deveriam cuidar dela. O pajé foi correndo levar a notícia aos outros índios.
Eles ouviram e a pouparam a deixando crescer forte e corajosa. Essa jovem
recebeu o nome de Mandi e ela era incrível. Com ela vieram muitos peixes, as
plantações rendiam, tinham muitos frutos e ela sempre ajudava na caça e em
casa. Mandi se tornou uma bela mulher atingindo os seus doze anos. Ao chegar
nessa idade ela infelizmente contraiu uma doença e faleceu. Todos da aldeia
lamentaram a sua morte e ficaram muito triste com isso. Enterraram ela próximo
a uma arvore imensa deixando várias flores no local. Algum tempo depois os
índios passaram por onde seria o tumulo de Mandi e avistaram uma planta que
nunca haviam visto antes. Era viçosa, grande e com folhas muito verdes. Se
aproximaram e viram que bela era a planta. Perceberam que essa planta possuía
raízes muito grosas e foram ver. Ao tirar perceberam como eram grandes suas
raízes e a partiram ao meio. Quando o fizeram perceberam que as raízes eram
brancas como a pele de Mandi. Ao levar pra aldeia o pajé olhou a raiz e disse
que aquilo foi um presente deixado por Mandi e enviado pelos deuses. Eles
plantaram e replantaram aquelas raízes que cresceram cada vez mais e consumindo
as raízes brancas sem nome. As raízes trouxeram grande prosperidade a aldeia
dos índios era de fácil plantio e cresciam rápido além de serem muito boas para
comer. A essas raízes brancas os índios deram um nome, MANDIOCA que significa o
corpo de Mandi.
- Gostou?
-
Uuuuuuuuaaaaaaaaaaaaaaah! Sim.
- Vejo que está
com sono. Vamos, eu te coloco na cama.
- Obrigado
papai.
Ele me pegou nos braços e me levou até a cama onde me
deitou e me cobriu com um lençol, dando um beijo em minha testa e apagando a
luz.
Acordei até cedo com um cheiro forte de café – algo
que o meu pai gostava muito –. Dormi muito bem, realmente as noites com
histórias eram as melhores. Fui até a cozinha e lá estava ele de pé na janela
olhando o céu e tomando uma caneca de café fervendo que se via a fumaça saindo
e se perdendo no ar.
- Bom dia
papai. Dormiu bem?
- Sim\, sim. O
Raven acordou a noite para comer, até choramingou um pouco, mas você se quer
reagiu. Dormiu bem hein.
- Verdade.
Dormi sonhando com a história.
- Vamos tomar
café?
- Vamos.
PROJETO
KAMI
O que são os deuses? De
onde eles vêm? O que eles sentem? De que se alimentam? Eles são felizes? Ou
melhor eles sequer sentem algo? Eles vêm do céu ou de outros lugares? Eles
choram? Eles sangram? Qual ocupação que possuem? Como eles vivem?
Por favor, Senhores
deuses esclareçam minhas dúvidas para que eu possa ouvir mais de suas histórias
e me divertir com meu irmão e mãe. Eu queria saber mais sobre vocês, seus atos
heroicos, como salvam as pessoas, o que os fazem deuses? Queria poder tirar
essas dúvidas. Será que algum dia um de vocês vira conversar com a gente?
Estarei sempre aguardando
ansiosamente por contato.
Assinado: Aldebaran
- Filhooooooooo...... Cadê você?
Aldebarannnnnnnnnnnnnnnn onde está?
- De novo escrevendo aos deuses hein...
- Já lhe falei para não os importunar\, não
foi?
- Eles vão acabar nos castigando hein!
- Desculpe mamãe.
- Mas sinceramente duvido que eles façam isso.
Eu sou muito querido por eles.
- Olha só\, vejam quanta prepotência dessa
criança, hum kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
- Leve as coisas mais a sério e não zombe
deles, ouviu? Você pode se machucar. Lave as mãos e vamos almoçar agora.
- E o papai?
- Ele não poderá vir hoje. Outro dia almoça
com vocês. Há, e chame o Raven também.
- Yes\, Man.
Bom, incrivelmente eu viria a descobrir
que na verdade os deuses não descendem dos Céus, mas sim acendem da terra.
Sentira claramente que eles sangram, choram, se desesperam e entram em ruina
como qualquer outro, os deuses, os deuses somos nós.
.
.
.
.
.
.
Deixe-me deixar algo claro antes de
iniciar essa história. Não se iluda, se busca aqui um herói, me desculpe, mas
se decepcionara. Daqui virá a Estória de um Deus que sangrou, chorou e entrou
em ruina para simplesmente chegar a lugar algum. Um conto de um fraco desejando
miseravelmente ser forte.
.
.
.
.
.
O desespero e a decepção perseguirão
aqueles que almejam tudo e que não defendem nada.
.
.
.
.
.
.
Agonia e morte.
Capitulo
I: CONFORTO
Minha mãe é incrível. Ela possui longos cabelos
pretos, rosto redondo (apesar de ser um pouco gordinha kkkkkkk), lábios finos,
mãos delicadas, não muito alta e olhos, sim os olhos penetrantes como se
compreendessem os seus mais profundos desejos. Bom a sua personalidade é
rígida. Não gosta de repetir muitas vezes as mesmas coisas e não grita ou
altera sua voz. Seu coração é muito grande sacrificando a si mesma sempre em
prol de outros - o que acaba nem sempre sendo um ponto positivo – e as vezes
vai longe demais em suas dedicações.
Meu irmão puxou um pouco a ela. Definitivamente.
Adoro ficar a observando em casa fazendo os deveres
domésticos ou lendo algo. Mesmo as coisas mais simples sempre me impressionam
nela como se estivesse sempre sentindo saudades. Talvez por ela nem sempre
estar conosco, na verdade é até bem raro.
Meus pais são militares trabalham a serviço do reino
de Avalon em defesa da população. Minha mãe é uma comandante (ao
menos foi o que ela me contou) portanto é difícil tê-la em casa pois sempre é
designada em missões que a levam muito longe. O que acaba sempre nos deixando
com o nosso pai, meu velho.
Meu velho, kkkkkkk sabe ele é sempre cheio de graça e
piadas que não fazem sentido, porém está sempre próximo de mim e do me irmão
cuidando da gente e nos confortando com relação a mamãe.
A memória mais alegre da minha vida e o momento também
que é raro, mas acontece algumas vezes, é quando deitamos todos na cama dos
nossos pais e lemos alguns livros sobre os deuses. Nosso pai e nossa mãe lê um
pouco, nos contanto as histórias dos deuses que defendem a humanidade. Essa pra
mim é a melhor parte do dia, ou melhor, da noite e é realmente incrível.
No cotidiano convivemos mais com o nosso pai que
sempre cuida da gente. Eu e o Raven, estudamos em casa por isso não conhecemos
muito o mundo lá fora a não ser pelas histórias que nossos pais nos contam.
Também não temos muitos amigos. Na verdade, quase não saímos de casa não sei
bem o porquê.
Mas sou bem curioso e estou sempre espreitando as
janelas e ouvindo a conversa do papai e da mamãe. Eu entendo pouca coisa do que
eles falam, mas sei que o mundo lá fora não é um lugar legal. Só que não tenho
medo porque sei que eles sempre nos protegerão.
-
Aldebarannnnnnnnnnnnnnnnnnnn. Vamos almoçar logo. Pare de enrolar e venha com o
seu irmão.
- Vamos Raven\,
a mamãe está ficando irritada.
- Muito bem.
Sentem-se.
- Ei! Espere\,
não está esquecendo algo antes de comer? E você também Raven.
- Hã? E o que
seria?
- Ora\, alguém
que se diz devoto aos deuses e não pede a benção deles antes de fazer a
refeição.
- Hooooooooooo
é verdade, desculpe.
- Então vamos
todos.
- Senhores
deuses, por favor nos projetam de todo o mal e nos abençoem com suas graças,
obrigado.
- O papai virá
hoje, mamãe?
-
Provavelmente. Ele deve chegar pouco antes que eu saia.
- A senhora irá
onde hoje?
- Não pergunte
demais. Vamos comam, comam.
- Há e como
anda seu treino com espadas hã?
- Cof\,
cof...... c-c-como é?
- Sabia\, anda
vacilando com os treinos não é mesmo.
- N-não\, claro
que não.
- Não minta pra
sua mãe.
- Heeeee\,
talvez um pouco.
- Prepare-se
após o almoço treinaremos.
- Isso é um
pouco injusto. Porque só eu? E o Raven? Ele não treina.
- Ele ainda é
muito jovem. Não aceito reclamações você já possui quatro anos é mais do que o
suficiente para o treino.
- Sim\, sim.
Eu comecei a treinar a pouco mais que seis meses (ou
melhor fingindo ou fugindo do treino) portanto não era tão bom assim ainda. Eu
na verdade, era péssimo preferia estudar e ler a ficar lutando como um animal
selvagem, mas meus pais não me deixavam outra opção. Minha mãe era excepcional
com a espada ou com qualquer outra arma, nunca vi ninguém melhor do que ela
(não que eu já tivesse visto muitos outros guerreiros ou qualquer outro). Mas
ela manejava a lâmina como se fosse uma extensão de seu braço, rodopiava e
fazia acrobacias sem qualquer risco a si mesma, é incrível. Meu pai por sua vez
era muito bom com lutas. Ele adorava contato corpo a corpo sempre esmurrando,
esquivando, socando, chutando das formas mais surpreendentes possíveis, é
amedrontador. Eles me obrigam a treinar com eles sempre, o que me deixa bem
desconfortável pra falar a verdade. Um saco.
- Vamos garoto
me mostre o que aprendeu com os seus treinamentos diários. Eu não vou pegar
leve com você.
- Mamãe não
exagere, por favor. Da última vez a senhora me desmaiou.
- Pare de
enrolar. Agora!
Veio direto no braço esquerdo. Ainda consegui defender
colocando a espada de madeira de lado, mas mesmo apoiada no meu braço fui
empurrado com uma força avassaladora.
- Grrr! Forte
demais, pegue leve
- Se tem tempo
pra falar defenda. Por cima.
Levantei rapidamente a espada de madeira. O peso foi
grande demais minhas pernas cederam e me ajoelhei apenas para levar uma bela
joelhada na cara. Cai um pouco zonzo.
- Levante-se\,
não terá tempo para isso em um combate real.
Me levantei cambaleando e subitamente vim ao chão
novamente percebendo sua perna passando por baixo das minhas. Dessa vez não
vacilei, apoiei a mão no chão e rolei para o lado. Ela veio pisar em mim mais
não conseguiu. Me pus de pé.
Veio rapidamente como um relâmpago em minha direção.
Esquivei do primeiro golpe que veio direto na minha cabeça, logo em seguida
veio um rodopio e um chute rápido e mais uma vez me abaixei para vir um soco em
minha direção. O tomei bem na boca. Não titubeei, dei dois paços para trás e
avancei com força total e os dois braços no apoio da espada, um ataque frontal.
Baixei a lâmina porem acertei o vento, ela havia se direcionado para o lado e
já retornava com um contragolpe. Um ataque direto com a ponta da espada. Eu
previ. Daquele jeito dava, eu conseguiria penetrar em sua defesa. Agachei, a
espada passou por trás do meu pescoço. Sim, eu entrei. Como um raio me levantei
com a espada apontada para o seu estomago com uma força assustadora.
- Ingênuo.
Quando percebi era tarde demais. Ela deslocou-se
levemente para o lado e simplesmente agarrou meu punho com sua mão direita, me
puxou com força torcendo meu braço contra as minhas costas me levando ao chão e
pondo a lâmina vencedora em meu pequeno pescoço.
- Nem tudo que
reluz é ouro, Aldebaran. Uma abertura não é boa simplesmente por parecer boa.
Pode ser uma armadilha, ou melhor, foi uma armadinha.
- Arf\, arf\,
arf.
- E eu cai
nela.
- Cansou? Caiu
como um pato que perdeu a única oportunidade que tinha.
- Afobamento\,
desespero e descontrole afetam a sua tomada de decisão. Mantenha a calma, meu
filho. Sempre mantê-la.
- Eu sei\, mas
durante a batalha é impossível.
- A capacidade
de manter o sangue e a cabeça fria é o que decidirá a batalha. O primeiro que
entrar em desespero perde.
- Descanse e
pense um pouco. Logo retomaremos.
Assim passei a tarde inteira com ela apenas me batendo
e me levando ao chão com constância.
-
Haaaaaaaaaaaaaaaa, um bom banho e roupas limpas, sou uma nova pessoa.
- Aldebaran\,
estou para sair. Já se arrumou?
- Sim\, mamãe.
- Ótimo. Seu
pai está pra chegar, mas não poderei esperar. Apareceu algo urgente e tenho que
sair. Cuide do seu irmão enquanto ele não chega.
- Faça algum
brinquedo de madeira com ele. Cuidado e só abra a porta para o seu pai,
entendeu?
- Sim.
- Muito bem meu
filho. Eu lhe amo. Volto assim que puder.
Era claro a tristeza que a possuía. Ela não queria ir
embora subitamente assim, sem sequer falar com o papai. A contragosto deu um
beijo no pequeno Raven e saiu. A casa perdeu o brilho e a escuridão tomou conta
do lar que agora era sem graça e melancólico.
- Vamos\, Raven.
Vamos brincar.
- Boa noite\,
filho? Aldebaran?
Ao ouvir corri rapidamente a porta. Lá estava ele, em
pé e assim que me viu abriu um largo sorriso e os grandes braços, vindo ao meu
encontro. Sim, era meu velho. Possui estatura média, mas é relativamente forte
(ele gostava de exercitar o corpo). Cabelos negros e ombros largos.
- Paiiiiiii\,
que saudade do senhor.
- Haaaaa é
mesmo? Vem aqui seu moleque.
Me levantou sobre a cabeça girando muito rápido –
cheguei até a ficar tonto – nas costas grandes e definidas possuía um incrível
arco de madeira feito por ele mesmo e flechas. Reparei rapidamente, mas algumas
das flechas estavam manchadas de sangue. Não comentei.
- Cadê o Raven?
- Está deitado
na cama. Brincamos tanto que ele cansou.
- Humm entendo.
E sua mãe?
- Ela já saiu.
Disse que havia algo importante pra fazer e precisava sair antes da hora.
A expressão dele escureceu. Ficou sério e com uma
feição preocupada.
- Há algum
problema pai? Está preocupado com a mamãe?
- Há\, há\, há\,
nada passa despercebido né? Sim, estou um pouco preocupado com ela.
- Relaxa pai\, a
mamãe é muito forte. Ela dá conta.
- Eu sei filho\,
eu sei.
- O senhor já
jantou? Tem comida guardada para o senhor, pode vir.
- Na verdade
vou tomar um banho antes. Daqui a pouco volto.
Ele passou muitas horas no banheiro pensando e pensando
sem dizer nada. Creio que algo na verdade o fazia temer a saída antecipada da
mamãe. Quando voltou fomos a mesa.
- Ai\, Ai. Sem
igual, a comida da sua mãe é sem igual. Não tem melhor. Estava com saudade.
Desajeitado como sempre nem seque fechava a boca para
comer.
- Pai é tão
preocupante a mamãe sair antes do tempo?
- Gulp\, Gulp\,
Gulp. Ligado como de costume, não é?
- O senhor está
bem? Coma devagar.
- Sabe
Aldebaran acho você muito esperto para sua idade. A quem você puxou hein?
- Háááá é uma boa
pergunta. Na verdade, a algo que me incomoda pai. Eu e o Raven aprendemos com
nosso professor apenas a ler, escrever e calcular. O professor não fala muito
de história ou do mundo lá fora, porque? Porque eu e o Raven não podemos sair?
- São muitas
perguntas hein. Bom, vocês não podem sair porque lá fora é perigoso. E quanto a
história certamente ficariam tristes em ouvir.
Ele me pareceu estranho tentando fugir ou não tocar no
assunto. Come se fosse uma memória amarga e longínqua.
- Tudo bem
então.
- O senhor vai
ler algo pra gente hoje?
- Sim\, claro.
Já está até no horário de ir pra cama não é mesmo?
- Se o senhor
for ler, irei agora mesmo.
- Bom\, vá indo
que já chego lá.
Raven dormia com muita sonolência. Era de dar inveja,
mas aguardei o papai mesmo assim. Segurando o sono.
- Cheguei. Ora\,
e o Raven?
- Eu não disse
ao senhor que ele tinha dormido.
- Há! Verdade.
Vamos lá?
- Sim. O senhor
lerá o que hoje?
- Hoje eu irei
contar uma história indígena antiga sobre uma garota.
- Certo.
Me concentrei como nunca aguardando ansiosamente pelo
início da história. Ele tirou os sapatos, ajeitou os travesseiros para que
ficassem mais altos e deitou ao meu lado. Me pondo com a cabeça em seu peito e
com o braço em minha volta. Nossa, era realmente aconchegante.
- Então vamos.
Certa vez em uma tribo indígena, nasceu uma garota muito branca com um tom de
pele bem diferente dos outros. Parecia um copo de leite. Ela era linda. Porém
os índios tinham o costume de sacrificar os bebes que nasciam com deficiências
no corpo ou eram diferentes dos demais portanto tinham a intenção de sacrificar
a criança branca em homenagem aos deuses. O pajé da tribo, avó da criança ficou
angustiado, pois a criança era um sinal de maus presságios.
- Pai o que é\,
maus presságios?
- É como se
fosse uma mensagem dos deuses e aquela criança era uma mensagem ruim que eles
enviaram.
- Mas uma vida
é uma mensagem?
- Bom\, em certa
medida sim filho. Somos todos uma forma de mensagens enviadas pelos deuses com
um papel a cumprir. E enquanto fazemos a nossa missão encontramos outras
mensagens no caminho para nos ajudar.
- E ela era uma
mensagem ruim só por ser diferente?
- Sim\, era o
que alguns acharam. Me deixe continuar.
- Certo.
- Assim
enquanto preparavam tudo para o sacrifício o pajé neto da criança foi consultar
os desuses para saber o que eles diriam sobre isso. Eles então mandaram uma
mensagem dizendo que na verdade a menina era um sinal de bons presságios e que
deveriam cuidar dela. O pajé foi correndo levar a notícia aos outros índios.
Eles ouviram e a pouparam a deixando crescer forte e corajosa. Essa jovem
recebeu o nome de Mandi e ela era incrível. Com ela vieram muitos peixes, as
plantações rendiam, tinham muitos frutos e ela sempre ajudava na caça e em
casa. Mandi se tornou uma bela mulher atingindo os seus doze anos. Ao chegar
nessa idade ela infelizmente contraiu uma doença e faleceu. Todos da aldeia
lamentaram a sua morte e ficaram muito triste com isso. Enterraram ela próximo
a uma arvore imensa deixando várias flores no local. Algum tempo depois os
índios passaram por onde seria o tumulo de Mandi e avistaram uma planta que
nunca haviam visto antes. Era viçosa, grande e com folhas muito verdes. Se
aproximaram e viram que bela era a planta. Perceberam que essa planta possuía
raízes muito grosas e foram ver. Ao tirar perceberam como eram grandes suas
raízes e a partiram ao meio. Quando o fizeram perceberam que as raízes eram
brancas como a pele de Mandi. Ao levar pra aldeia o pajé olhou a raiz e disse
que aquilo foi um presente deixado por Mandi e enviado pelos deuses. Eles
plantaram e replantaram aquelas raízes que cresceram cada vez mais e consumindo
as raízes brancas sem nome. As raízes trouxeram grande prosperidade a aldeia
dos índios era de fácil plantio e cresciam rápido além de serem muito boas para
comer. A essas raízes brancas os índios deram um nome, MANDIOCA que significa o
corpo de Mandi.
- Gostou?
-
Uuuuuuuuaaaaaaaaaaaaaaah! Sim.
- Vejo que está
com sono. Vamos, eu te coloco na cama.
- Obrigado
papai.
Ele me pegou nos braços e me levou até a cama onde me
deitou e me cobriu com um lençol, dando um beijo em minha testa e apagando a
luz.
Acordei até cedo com um cheiro forte de café – algo
que o meu pai gostava muito –. Dormi muito bem, realmente as noites com
histórias eram as melhores. Fui até a cozinha e lá estava ele de pé na janela
olhando o céu e tomando uma caneca de café fervendo que se via a fumaça saindo
e se perdendo no ar.
- Bom dia
papai. Dormiu bem?
- Sim\, sim. O
Raven acordou a noite para comer, até choramingou um pouco, mas você se quer
reagiu. Dormiu bem hein.
- Verdade.
Dormi sonhando com a história.
- Vamos tomar
café?
- Vamos.
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