### Capítulo 1: O Eco das Chamas
O sol estava se pondo na cidade de Neo-Luz, pintando os céus de tons vibrantes de laranja e roxo. As sombras das estruturas de aço e vidro tomavam forma nas ruas, enquanto os cidadãos se dirigiam para suas casas, entretidos por seus dispositivos móveis. Mas para Lia "Ferro" Campos, a cidade era um campo de batalha repleto de histórias não contadas e barreiras invisíveis que separavam o poder da opressão.
Lia estava posicionada em um canto escuro de um beco, observando o movimento da cidade. Seu olhar se fixou em um enorme telão exibindo Captain Virtue, o super-herói mais idolatrado do país, sorrindo enquanto recebia o prêmio de "Cidadão do Ano". Ele falava sobre segurança e esperança, mas essas palavras pareciam ecoar vazias para ela.
"Ele não sabe o que acontece nas ruas", murmurou Lia, apertando uma chave de fenda em suas mãos. O metal frio se ajustava ao seu toque, uma lembrança do que era capaz de fazer. Sua mente vagava para a noite fatídica em que perdeu sua família durante uma “intervenção” do Capitão. Lembranças de gritos e chamas, imagens que nunca deixariam sua mente. Ela fechou os olhos por um segundo, respirando fundo para acalmar a raiva.
"Você está pronta?" a voz de Artur "Trickster" Mendes ecoou ao fundo, interrompendo seu torvelinho de pensamentos. Ele apareceu, como sempre, com um sorriso maroto e uma camisa colorida que fazia contraste com a opressão da escuridão ao seu redor.
"Pronto o suficiente", respondeu Lia, sua voz firme. Eles tinham uma missão pela frente: invadir a festa de gala que os super-heróis estavam promovendo, um evento luxuoso onde o povo cedia seus salários pela ilusão de segurança e proteção. "A informação que conseguimos do informante pode mudar tudo. Precisamos expor quem realmente são."
“Desculpe, não consigo me conter…” Artur brincou, tocando a parte da sua roupa que se transformou em um holograma do Super-Herói. “Se eles soubessem o quanto você realmente adora o Capitão Virtue...”
“Cale a boca”, ela respondeu, esboçando um leve sorriso. “Vamos nos concentrar.”
Com um aceno sutil, Lia usou seu poder. O metal ao seu redor começou a vibrar, tomando a forma de uma escada improvisada que a levaria ao telhado do prédio ao lado. Artur saltou com agilidade, mantendo os hologramas ativados para desviar a atenção de qualquer um que pudesse olhar para cima.
Lá em cima, eles avistaram aquele que deveria ser o ponto de partida para a execução de seu plano. Uma grande cobertura estava imersa em música, brigas de câmeras e flashes de luz, enquanto executivos e super-heróis dançavam e festejavam como se o mundo lá fora não existisse.
“É aqui que começaremos a derrubá-los”, murmurou Lia, tomando um momento para observar. Ela podia sentir a tensão da cidade; mesmo que os presentes estivessem distraídos e despreocupados, havia uma força tremenda se acumulando nas sombras.
“Me diga o que vê, Lia,” disse Artur, sua voz agora mais séria. “O plano? Vamos nos dividir?”
Lia considerou por um momento. Sabia que precisava de cada um dos membros da rebelião. Não poderiam falhar, afinal, cada ação teria repercussões que poderiam empoderar pessoas como eles. “Precisamos criar uma distração. Você se infiltra e desencadeia o caos. Eu vou atrás do sistema de segurança.”
Ele assentiu, e Lia ofereceu um último olhar ao seu parceiro. “Se alguma coisa der errado…”
“Não vai dar errado. Não enquanto você estiver por perto”, Artur respondeu, já se preparando para se mover.
Enquanto Lia se aproximava da entrada da festa, seu coração acelerava. A emoção da luta era uma tensão familiar, mas aquele dia, em especial, era diferente. Ela estava carregando as esperanças de muitos e suas próprias lembranças, imortais e angustiantes.
Quebrando a barreira entre o glamour e a desumanização, ela se infiltrou na festa em meio à fumaça, música e risadas. As vozes ecoavam ao seu redor, e ela sabia que, em instantes, as baladas de rebelião começariam a tocar.
O mundo estava prestes a ver a primeira nota dessa nova canção. A guerra entre os que detinham poder e aqueles que desejavam pela liberdade estava prestes a se acirrar, e Lia estava preparada para ser a faísca que acenderia a revolução.
### Capítulo 2: A Máscara do Heroísmo
A música pulsava, vibrando pelo ar como um mantra festivo, enquanto Lia se movia entre os convidados da gala. A opulência era quase sufocante. O brilho dos cristais e o luxo das roupas despertavam um sentimento de ansiedade no estômago dela, um lembrete constante de tudo o que estava em jogo. Ela não podia se permitir esquecer que aquelas pessoas, que dançavam e sorriam, estavam distantes da realidade das ruas.
Artur havia se desvanecido em meio à multidão, e enquanto Lia se afastava do silêncio do telhado, sua identidade como uma membro da rebelião se camuflava sob uma máscara de desenfreada celebração. Ela puxou o vestido elegante que tinha encontrado naquela manhã. Não era sua escolha habitual, mas tinha certeza de que passaria despercebida. O espelho próximo refletiu uma versão de si mesma que ela quase não reconhecia, uma imagem que desejava destruir. Mas naquele momento, precisava da fachada para alcançar seu objetivo.
Ela se dirigiu ao bar, onde os coquetéis reluziam em taças de cristal. Contou até três e então abordou o bartender, forçando um sorriso. “Um drinque, por favor.” Enquanto o barman preparava a bebida, Lia observava ao redor, analisando os rostos alegres e as conversas despreocupadas. Sabia que por trás daquela fachada de felicidade, a verdade era um eco de dor e opressão.
Murmúrios a fizeram virar a cabeça: Captain Virtue havia começado seu discurso. Ele estava em um pedestal, iluminado por holofotes, suas palavras carregadas de bravura e coragem, e a plateia o aplaudia como se ele fosse um deus. Mas para Lia, cada palavra era mais um fio na rede de mentiras que prendia as pessoas à sua adoração.
“... e juntos, podemos construir um futuro onde todos estejam seguros!”, ele bradou, o sorriso sincero nascendo em seu rosto. Um grito de “Viva!” ecoou na multidão, e Lia sentiu um nó se formar em sua garganta.
Em meio ao discurso, ela percebeu uma porta lateral sendo aberta. Uma figura em um vestido longo e ousado, Lady Vex, entrou, atraindo a atenção instantânea dos presentes. Seus olhos brilhavam com uma intensidade ameaçadora, e as pessoas pareciam magneticamente atraídas por ela. Lia sentiu um arrepio na espinha. A vilã era conhecida por sua habilidade de manipular mentes e corações. Ali, ela não era apenas uma presença, mas um símbolo palpável da corrupção que infestava a heroica fachada.
“É hora”, Lia murmurou para si mesma. Ela não poderia deixar que um hype em torno de super-heróis impedisse sua missão. Com a determinação renovada, foi em direção ao local onde o sistema de segurança estava instalado, um pequeno escritório que ficava estrategicamente perto da saída principal.
Ao entrar naquela área, um computador de controle estava a poucos metros. Com sua habilidade de manipulação de metal, Lia poderia criar uma conexão com a tecnologia e desativar os alarmes, mas precisava ser rápida. As luzes brancas e frias daquela sala mostravam um ambiente onde todos os segredos da gala estavam prestes a ser revelados e observados.
Ela se aproximou do computador, seus dedos dançando sobre o teclado enquanto hackeava os sistemas com facilidade. O batimento cardíaco ecoava em sua cabeça e, enquanto a tela começava a exibir informações, uma notificação de segurança piscou. Alguém havia acionado um alerta, e o próprio Captain Virtue estava prestes a entrar naquela sala.
“Droga!” Lia murmurou, olhando rapidamente ao redor em busca de uma saída. O desespero subiu em seu peito enquanto a adrenalina pulsava em suas veias. Com um movimento rápido, ela fechou a tela e começou a se esconder atrás da mesa.
A porta se abriu devagar, revelando Captain Virtue. Ele estava expressando uma aura de confiança e poder, mas os olhos dele percorreram a sala com uma intensidade predadora. Lia sentiu o suor escorrendo pela sua testa, sua mente girando a mil por hora. O que a ligação dele com esse lugar significava?
“Eu sei que você está aqui”, disse Captain Virtue, sua voz grave ecoando. A atmosfera da sala se tornava opressiva. “Você não pode esconder-se para sempre.”
Lia prendeu a respiração, a sua mente fervilhando com dúvidas e planos de fuga. Se ele descobrisse sua presença, todo o planejamento poderia desmoronar.
“É hora de você se revelar”, ele continuou, dando um passo à frente, sua postura de poder emanando uma certeza que ressoava por toda a sala.
Quando Lia olhou para a janela, uma oportunidade se formou: ela poderia usar sua habilidade para criar uma distração e sair rapidamente, mas isso poderia comprometer tudo. Qualquer escolha errada poderia não só revelar sua localização, mas também expor a sua causa.
“Eu não sou a única que esconde segredos”, Lia sussurrou para si mesma, lembrando do motivo que a havia trazido até ali. Uma nova determinação tomou forma, a revolução precisava começar naquele momento. Por trás do glamour, por trás das máscaras, a verdade precisava vencer.
Com o plano alinhado em sua mente, ela se preparou para fazer sua jogada. O eco das chamas da rebelião estava prestes a se intensificar, e Lia “Ferro” Campos estava pronta para fazer a primeira faísca surgir.
### Capítulo 3: Revelações em Sombras
O coração de Lia batia forte em seu peito como um tambor de guerra. Ela observava Captain Virtue confrontar o vazio da sala. Cada palavra dele ressoava como uma ameaça, uma lembrança de que a fachada de glória e heroísmo escondia algo muito mais sinistro. Com um golpe de vontade, ela decidiu que não poderia permanecer na sombra por mais tempo.
Quando os olhos do Capitão se moveram em direção à sua posição, Lia utilizou suas habilidades. O metal na sala começou a vibrar levemente, como se respondesse ao chamado dela. Ela fez o que sabia fazer de melhor: transformou um fragmento de metal que encontrou em uma pequena construção em uma esfera flutuante. Com um movimento discreto, enviou a esfera em direção à janela oposta, criando um barulho estrondoso.
A invasão do som ecoou na sala e imediatamente capturou a atenção de Captain Virtue. Ele se virou rapidamente, a expressão de surpresa mudando para uma de irritação. “O que foi isso?” disse ele, com a voz etérea cortando o ar.
Era agora ou nunca. Aproveitando a fraqueza do Capitão, Lia se moveu silenciosamente em direção ao computador. As linhas de código piscaram na tela, enquanto ela tentava rapidamente acessar informações vitais. Seus dedos dançavam sobre o teclado, o tempo parecia se estender, e logo uma série de documentos secretos preenchia a tela.
“Recursos de combate, ferramentas de manipulação, e um projeto de controle de mentes...”, Lia murmurou, seus olhos arregalados ao ler a informação. O que aqueles héroes realmente estavam fazendo? Os dados constituíam arquivos secretos que revelavam a verdade obscura sobre as operações influência dos super-heróis e a colaboração com corporações para controlar a população. “Isso é maior do que eu imaginava.”
Quando o barulho da esfera finalmente despertou a curiosidade dos outros convidados da gala, Lia sabia que seu tempo estava se esgotando. Com um último olhar para os documentos, ela imprimiu rapidamente algumas páginas, seus olhos agora repletos de determinação.
“Vou expor vocês”, sussurrou, deixando a sala. Ela bolou um plano em mente enquanto se movia através da festa em direção à saída.
Do lado de fora, a música ensurdecedora entrou em descontração, e Lia se misturou ao público. O aroma de comida requintada e a risada dos convidados pareciam distantes enquanto seu coração palpitava de adrenalina. Mas seus passos foram interrompidos quando uma mão a segurou pelo braço.
“Lia!” A voz de Artur se elevou, e sua expressão era uma mistura de alívio e preocupação. “O que está acontecendo? Eu percebi a confusão, onde você está?”
“Eu consegui!”, Lia respondeu rapidamente, baixando a voz. “Achei documentos que comprovam que estes heróis não são o que parecem. Precisamos expor isso, Artur. É maior do que pensávamos.”
“Como você planeja fazer isso?” Ele olhou ao redor, seu corpo vibrando com a mesma energia tensa que dominava a sala.
“Temos que encontrar um jeito de acessar a transmissão ao vivo da gala. Se conseguirmos mostrar à cidade esses arquivos, podemos derrubar essa idolatria.”
Artur franziu a testa. “A sala de controle de mídia deve estar no andar de cima. Mas temos que ser discretos; se eles nos pegarem, estaremos em apuros.”
“Vamos”, disse Lia, determinada. Com um aceno, eles avançaram através da multidão, os dois fazendo um caminho cuidadoso para evitar qualquer olhar curioso.
Subindo as escadas, a atmosfera mudava à medida que os sons da festa diminuíam. Chegando ao andar superior, encontraram uma porta discreta que levava a um pequeno estúdio de controle. Dentro, vários monitores exibiam cenas da festa, mostrando pessoas dançando, o brilho dos holofotes, e é claro, Captain Virtue, ainda no palco, encantando a multidão.
A adrenalina pulsava nas veias de Lia enquanto ela se aproximava do painel de controle. “Esta é a nossa chance”, ela disse, já dispondo os documentos impressos ao lado do equipamento.
Artur se encarregou de observar a porta, enquanto Lia digitava rapidamente um acesso aos sistemas. O painel piscou, e em poucos momentos, seus olhos ampliaram-se de excitação quando conseguiu conexão com a transmissão ao vivo.
“Vamos mostrar a verdade”, ela disse, tentando pressionar o botão para conectar os arquivos.
“Lia, espera!” disse Artur em um sussurro apressado. A porta se abriu e Lady Vex entrou com um sorriso afiado, acompanhada por seguranças. “Parece que vocês dois acharam um jeito de se infiltrar. Que emocionante.” Seus olhos brilhavam com uma combinação de diversão e malícia.
A tensão preenchia a sala. Lia sentiu um frio na espinha, sabendo que suas vidas dependiam da decisão que tomariam a seguir. “Não vamos permitir que vocês continuem com essa farsa”, disse Lia com firmeza, posicionando-se ao lado da mesa de controle.
Lady Vex riu, um som frio como vidro quebrando. “Ah, meus queridos, mas vocês não entendem. O que vocês desejam é uma guerra muito maior do que imaginam. E eu adoraria ver todos vocês queimarem nesse joguinho.”
“Estamos prontos para lutar por nossa liberdade”, respondeu Artur, seus olhos cheios de determinação.
“Então, venham,” Lady Vex provocou, gesticulando para os seguranças se aproximarem. “Vamos ver o que você realmente tem.”
Com essa ação, Lia sabia que o momento decisivo havia chegado. O eco de suas emoções se transformou em uma luta pela verdade, uma batalha que não apenas os definiria, mas também mudaria o curso da história da cidade. Em meio ao caos, o fogo da rebelião estava prestes a irromper, e Lia estava decidida a ser a faísca que acenderia a chama.
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