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O FRUTO PROIBIDO

SEGREDOS.

Matthias:

Era mais um dia comum de trabalho. Estava no parque em um ensaio fotográfico. Sou fotógrafo profissional há 5 anos e já presenciei muitos momentos especiais e importantes na vida de casais apaixonados e famílias se constituindo.

Há pouco mais de um ano, me casei com Kaya, uma mulher linda. Kaya era espetacular, sedutora, sexy e envolvente. Nunca me apaixonei antes, mas ela chegou como um furacão, realizando tudo que um homem podia desejar.

Nos conhecemos em um ensaio; ela era modelo de uma marca de cosméticos e precisava gravar algumas tomadas de um vídeo comercial passando um perfume feminino. Seus olhares eram famintos, e ela deixou claro que me escolheu ali.

Não demoramos a nos envolver, pois ela era uma mulher de atitude. E eu não gostava de enrolar. Nos casamos com pouco tempo de conhecidos. Ela não tinha muito a revelar, pouco falava de sua vida, e conheci apenas aqueles que estavam ao seu redor como amigos, um dos quais trabalha comigo diariamente.

Gaspar é primo de Kaya, atualmente meu melhor amigo e sócio. Nossos negócios estavam expandindo. Já éramos uma grande equipe e tínhamos contratos milionários com grandes empresas de roupas e cosméticos. Agora, estávamos expandindo para negócios culinários. Era nossa melhor fase.

Vez ou outra fazíamos ensaios externos. Não queria excluir nenhuma área do meu trabalho; pelo contrário, queria expandir, só crescer! Mas isso começava a desagradar a Gaspar.

— Isso, agora olhem para o lago e abram sorrisos felizes — eu disse.

O casal fez o que foi ordenado, e finalizei aquele ensaio de noivado.

— Pronto! Finalizamos aqui — anunciei.

Eles agradeceram, estavam felizes e ansiosos. Falei sobre o tempo de edição e recebimento das fotos e gravações daquele dia. Logo, a equipe estava desmontando os equipamentos de iluminação e acessórios usados. Gaspar, que também estava com a equipe coordenando, veio até mim.

— Quando vamos parar de trabalhar com essas fotos, Matthias? Os deslocamentos estão comprometendo alguns equipamentos — ele reclamou novamente, dificultando meus trabalhos. Enquanto limpava a lente da câmera para guardá-la, respondi sem olhar para ele:

— Falei pra você não nos acompanhar. Não estaria reclamando se tivesse ficado na empresa supervisionando os ensaios de lá.

— Não preciso supervisionar, temos equipes confiáveis para isso — ele insistiu.

Levantei o olhar, encarando-o.

— E precisa supervisionar a mim?

Ele soltou um suspiro pesado, colocando as mãos nos bolsos.

— Matthias, eu também sou dono deste negócio. Temos que falar sobre esses trabalhos...

Ele silenciou, procurando palavras para falar sem menosprezar.

— Amadores... — concluiu.

— Gosto dos meus trabalhos 'amadores' — o repreendi no mesmo tom. — E preciso lembrar a você que tenho mais que a metade deste negócio em minhas mãos?

Fui incisivo. Guardei a câmera enquanto falava:

— Não precisamos falar sobre isso. É só não me acompanhar nem supervisionar o que faço ou deixo de fazer! Faça sua parte.

Ergui o corpo, olhando-o com firmeza.

— Terminei por aqui. Estou indo pra casa!

Ele não disse mais nada. Caminhei para meu carro. No percurso, toquei alguns ombros de pessoas da minha equipe como despedida e satisfação pelo trabalho deles.

A volta pra casa foi cheia de pensamentos. Não era a primeira vez que Gaspar tentava modificar minhas ações ou meu jeito de trabalhar. Só permiti essa sociedade porque Kaya disse que ele tinha grandes contatos. E, realmente, de início, conseguimos alguns contratos com sua influência, mas os outros foram frutos do meu desempenho. Disponibilizei para ele 30% da empresa, ficando com os outros 70%.

Desci do carro e segui para frente da casa, com a bolsa e meus equipamentos ao lado do corpo. Levei a mão à maçaneta na tentativa de abri-la, mas estava trancada, coisa que raramente acontecia durante o dia, já que o condomínio onde morávamos era extremamente seguro. Peguei a chave e a levei ao fecho da porta, girando-a.

Abri e entrei, ouvindo vozes abafadas. Vozes desconhecidas, deixando claro que tínhamos visita em casa.

— Eu não posso mais ficar com ela! 15 anos, Kaya! — Disse uma voz feminina.

— Como não pode? Vocês juraram que iriam cuidar dela! Prometeram e a pegaram! — Respondeu Kaya, indignada.

— As coisas mudaram!

A voz de Kaya estava indignada.

— As coisas mudaram? Isso só pode ser brincadeira!

A discussão calorosa me intrigou. Queria entender o que estava acontecendo, quem era aquela mulher. Mas algo, bem oculto, gritava para ouvir aquela conversa, pois saberia coisas que ela não me diria.

Com os sentidos apurados, me escondi vagamente atrás de uma das paredes, olhando sorrateiramente as mulheres que ali falavam. Vi uma senhora de cabelos brancos, pele enrugada, mas com maquiagem marcante e roupas elegantes. Ao seu lado, uma menina; pelo visto, os 15 anos se referiam a ela.

À frente, de braços cruzados, Kaya olhava as visitantes de forma negativa e incrédula.

— Não posso ficar com ela! — Disse Kaya.

— É sua filha! — A senhora respondeu com firmeza.

O tom e as palavras da senhora fizeram meus olhos fixarem na menina. Ela estava de costas; tudo que via era seu corpo magro e seus cabelos castanhos ondulados. Talvez sentindo o calor do meu olhar ou por intuição, a garota virou rapidamente o rosto, encontrando-me ali escondido. Seus olhos castanhos claros, pele clara e lábios rosados.

Sem saída, e pego no flagra, não tive muita escolha. Saí do meu esconderijo, e todos os olhares se voltaram para mim.

— Matthias... — Kaya me fitou assustada, como se tivesse sido pega no flagra.

— Não sabia que tinha uma filha, amor.

Segredos nunca ficam ocultos por tanto tempo. Você pode escondê-los, mas eles sempre voltam... Sempre voltam.o

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