Capítulo 4

Megan Renault

— Eu não estou bem... — murmurei, me inclinando um pouco para o lado do vaso sanitário, sentindo o estômago revirar.

— Vem aqui. — Logan estava ao meu lado em um segundo, ajudando-me a me levantar do chão e a lavar a boca. Sua presença, como sempre, me desestabilizava. Fomos até o quarto da Antonella, e quando ele me colocou no colo, pude sentir o calor dele, o cheiro familiar que, ao invés de me deixar enjoada, me fazia respirar fundo, como se fosse a única coisa que eu pudesse controlar.

— Põe ela aqui, Logan. — Antonella nos viu entrar e imediatamente apontou para a cama. Logan me colocou na cama com delicadeza, seu olhar cheio de preocupação enquanto observava a irmã ajeitar o travesseiro atrás de mim.

— Minha barriga tá doendo, Logan... — Eu gemi, sentindo o peso da dor e da confusão emocional.

Não era só a dor física que me consumia, mas o que mais me frustrava era o fato de eu estar dependendo dele — Logan, que sempre fora a última pessoa com quem eu queria ter algo a ver. Ele, de algum jeito, se tornara minha válvula de escape, o que me deixava ainda mais irritada comigo mesma.

— Eu vou chamar o médico, Megan. — Ele se afastou um pouco, pegando o celular, mas antes que ele saísse do quarto, eu o chamei.

— Por favor, Logan... Não sai de perto de mim. Deita aqui comigo, vai... — Eu não sabia o que estava dizendo. Estava no auge da loucura, e tudo o que eu queria era sentir aquele cheiro familiar dele, como se me desse algum tipo de conforto.

— Eu mesmo vou chamar o médico e já volto. — Antonella disse, olhando com surpresa para nós. Ela saiu do quarto e fechou a porta atrás de si, deixando só eu e Logan no quarto, acompanhados pela dor constante que não parecia diminuir.

Logan ficou em silêncio, olhando para mim com uma expressão que eu não conseguia ler, mas que me fazia sentir desconfortável.

— O que você quer que eu faça, Megan? — Ele perguntou, a voz baixa, como se estivesse esperando que eu mandasse nele. Mas havia algo mais ali... Não era só o cansaço de estar me ajudando sem querer. Eu podia ver a luta interna dele.

Eu bati na cama, insistente, sabendo que ele entenderia o que eu queria, mesmo que não quisesse.

— Deita aqui comigo, por favor... — Eu disse, minha voz quase desesperada. — Você sabe que eu não estou bem, porque, se não estivesse, eu nunca na vida pediria isso para você. Então, por favor, deita aqui. Não fica me olhando de longe.

Ele hesitou por um momento, como se estivesse ponderando o que fazer. Mas finalmente, ele deitou ao meu lado, ficando a uma distância que me fazia sentir a falta dele. O cheiro dele, aquele cheiro familiar que me acalmava, ainda estava no ar, mas não o suficiente. Eu precisava mais dele.

— Calma... Não precisa se alterar assim. Isso pode prejudicar o bebê, se for ele que estiver causando isso tudo. — Ele se deitou perto de mim, mas ainda assim, não o suficiente. Eu me aproximei, sentindo meu coração bater mais rápido, e Logan se afastou um pouco, surpreso com o meu gesto.

Eu não sabia o que estava acontecendo, mas deitei a cabeça no peito dele. O conforto que sua presença me proporcionava fez com que, em questão de minutos, eu caísse em um sono profundo. Era como se, por um breve momento, o mundo todo tivesse parado.

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Logan Paulin

Quando Megan encostou a cabeça no meu peito, fiquei paralisado por um instante. Eu não sabia se ela estava simplesmente buscando conforto ou se, de alguma forma, estava me usando como uma âncora para algo que nem ela mesma entendia. O que eu sabia é que, por um momento, eu não conseguia pensar em nada além dela — a mulher que eu odiava e, ao mesmo tempo, me importava.

Ela se acomodou rápido e, antes que eu pudesse processar tudo, ela já estava dormindo, o corpo dela tranquilo, mas eu não conseguia relaxar. O calor da sua respiração era tão perto do meu corpo, e me fazia sentir uma ansiedade desconfortável, como se houvesse algo mais em jogo, algo que nem eu e nem ela estávamos prontos para enfrentar.

— O médico já está chegando... — Antonella entrou no quarto, olhando para nós dois com uma expressão de surpresa. Ela parou na porta, observando o cenário com uma certa incredulidade.

— Ela está... doida. — Eu não sabia explicar o que estava acontecendo, mas quando ela me pediu para deitar ao lado dela, não tive coragem de recusar. E agora, aqui estava, com a cabeça dela no meu peito. Não era para ser assim. Não queria que fosse assim.

— Acho que o bebê está fazendo isso. — Antonella sorriu com um ar sonhador, como se tivesse acabado de desvendar o grande mistério da vida.

— Você acha que ela pode estar grávida? — Sussurrei, ainda em dúvida, tentando não acordar a "demoninha" que estava adormecida nos meus braços.

— Logan, isso é o único motivo para ela estar assim, tão... estranha. — Antonella se sentou na poltrona rosa e olhou para mim com um sorriso bobo. — Ela até parou de tomar o seu Nescau. E vamos ser honestos, ela está muito mais sensível agora.

Eu quase cai para trás. O Nescau da Megan era uma espécie de água para ela. Se ela havia parado de beber, então alguma coisa realmente estava acontecendo.

— Espero que seja uma menina. — Antonella comentou com um olhar distante, quase sonhador. — Quero poder ensinar tudo a ela, como eu ensinei a você.

Eu franzi a testa. Não estava pronto para essa conversa, especialmente sobre uma filha minha.

— Você não vai ensinar a minha filha coisa errada, Antonella. — Eu olhei para ela com um olhar sério. Só de pensar na ideia de uma menina, já me dava uma sensação de pânico. Não que eu não quisesse uma filha, mas eu sabia que teria muito trabalho à frente para manter os meninos longe dela. Já estava vendo meus fios de cabelo ficando brancos.

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