Cantor, autor pop do momento? Isso deve ser uma piada, fiquei congelada enquanto digeria essa notícia, não podia ser possível, esse tempo todo estive com uma celebridade, estive no carro dele, no hospital e agora em sua casa, quantas garotas estariam animadas com essa situação? Por que eu tive que ser eu e não alguma fã?
— É por isso — continuou Klein — que queremos que você fique.
— Para evitar que vá e fale com a imprensa, que não os envolva em problemas e não prejudique sua reputação, certo?
— Acho que não soa tão bem quando você diz.
— Prometo não dizer nada, talvez estando aqui cause mais problemas.
— Não será tão fácil, alguns repórteres nos viram saindo do hospital e outros já estão do lado de fora — disse fechando as cortinas.
— Mas como? Eu nem percebi.
— Esse é o trabalho deles, capturar as pessoas em seu pior momento possível sem que percebam, é assim que surgem os boatos. É por isso que te peço para ficar um tempo, não será muito, apenas até seu osso sarar completamente e esses repórteres não espalharem rumores sobre ele ou sobre você.
— Sobre mim? O que tenho a ver com isso?
— Uma estrela pop começa a morar com uma garota que ninguém conhece — ele me lançou um olhar — e depois descobre-se que esta garota esteve no hospital anteriormente, podem espalhar muitos rumores, você não tem ideia da imaginação dos repórteres.
Minha cabeça começou a girar depois de ouvir tudo isso, em que problema eu me meti? Não faz nem dois dias que estou aqui e já me envolvi nessa confusão. O que meus pais pensariam dessa situação? É verdade, se eles estivessem vivos, nem estaria aqui. Se eu for embora e esses astutos repórteres me encontrarem, transformarão minha vida em um inferno, já vi na televisão como eles assediam e perseguem as pessoas só para terem suas exclusivas, mas eu pensava, e daí? É o trabalho deles, os artistas já sabem para o que estão se metendo, se quiserem ser alguém do meio do espetáculo, devem estar preparados para tudo isso, não é? Para que sua vida pessoal não seja mais tão pessoal, então qual é o problema desses abutres te perseguirem até terem as fotos suas...
Mas... esse é o mundo das estrelas, eu sou apenas uma garota, uma boba garota de 20 anos que decidiu viajar para um lugar estranho para escapar das lembranças que emanavam de sua casa, escapar da realidade e tentar começar uma nova vida, mesmo que seja por dois anos, agora... não sei o que fazer. Klein continua me olhando fixamente, mas esse olhar é mais um pedido do que uma ameaça; o que meu irmão pensaria disso tudo? Tenho certeza de que ele não gostaria nem um pouco de ver sua irmãzinha dormindo na casa de um estranho.
— Eu... só me dê um momento para pensar, tudo isso é demais para um dia. — Klein sorriu e saiu me deixando sozinha.
Na verdade, eu não sabia o que fazer, se eu for embora e esses repórteres me encontrarem, não vou saber o que fazer, por outro lado, se eu ficar, terei que conviver com aquele mal-humorado do Leonardo, talvez seja assim porque a fama subiu à cabeça dele, seja lá o que for, minha estadia aqui não acho que será muito boa, provavelmente ele vai me tratar do mesmo jeito que tem feito até hoje, vou me sentir desconfortável, sozinha e sem liberdade.
Mas se eu for, para onde eu iria? Fui roubada e fiquei sem nada, o que vou fazer com tão pouco dinheiro? A única coisa que me resta daria apenas para uma refeição, e aqui, não me disseram que tenho que pagar nada, quer dizer, é a compensação pelo acidente, não? Isso também não parece muito bom, ficar de penetra na casa alheia.
Minha mente ia e voltava, tantas ideias me vinham sobre o bom e o ruim tanto de ir como de ficar, sentia que ficaria no sofá pelo resto da minha vida pensando apenas nisso. A única coisa que me tirou dos meus pensamentos foi a campainha da porta, ai meu Deus, a campainha, chegaram visitas ou os pais dele, o que diriam os pais dele com tudo isso?
— Bem, Lucy — disse Klein voltando da entrada — não sei qual será sua decisão, mas o que sei é que você está com fome — disse enquanto levantava duas sacolas brancas, uma em cada mão. Eu não tinha percebido, mas ele tinha razão, meu estômago estava fazendo tanto barulho que era impossível negar. Senti meu rosto ficar vermelho. Klein apenas sorriu.
— Obrigada — disse enquanto retirava uma cadeira para que eu pudesse sentar. Era uma sala de jantar grande, para umas doze pessoas. "Será que ele tem uma família grande ou é apenas um capricho dos ricos ter mesas desse tamanho?" pensei. — Eu — suspirei — vou ficar. Não quero causar problemas, só que não posso ficar de graça, vou trabalhar e pagar pela minha estadia aqui — Klein riu.
— Não estamos te pedindo para pagar. Você não sabe o que é uma compensação?
— Sim, eu sei, mas não me sinto confortável com tudo isso, então assim que tiver uma oportunidade, vou procurar algo.
— Como se alguém contrataria alguém com uma perna quebrada — disse o mal-humorado entrando pela porta e sentando-se no lugar do meio.
— Você vai ver, vou encontrar algo.
Sinto tanta vergonha por tudo o que sai da minha boca. O que está acontecendo, Lucy? Como você pode dizer tantas bobagens? Que ficará? Que trabalhará? Não tenho mais certeza se estou ficando neste lugar pelo bem do Leonardo ou pelo meu. Estar aqui seria o sonho de qualquer garota, uma casa grande e um cara bonito que também é uma estrela pop. Será tarde demais para dizer que mudei de ideia? E se o fizer, para onde iria? Ainda não consigo acreditar que tudo isso está acontecendo comigo.
Após terminar de comer, Klein disse a Leonardo para me levar ao meu quarto. Ele se opôs por um momento, mas no final o poder de persuasão do mais velho o fez obedecer. Devo dizer que ele não me ajudou a subir as escadas. Em questão de segundos, ele já estava no segundo andar, enquanto eu estava no terceiro degrau. Era a primeira vez que usava muletas, não sabia se as estava usando corretamente. A cada saltinho que dava, sentia que estava balançando para frente e para trás, só conseguia pensar que a qualquer momento acabaria no chão.
— Ai pelo amor de... — disse meu anfitrião mal-humorado, como sempre desde que acordei naquele quarto branco.
Não me importei com o comentário pela metade e continuei subindo, estava me sentindo orgulhosa. Já havia subido dez degraus e ainda estava longe do chão. Dei um pequeno grito quando senti alguém me pegar nos braços e me carregar como se eu fosse uma princesa.
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Atualizado até capítulo 147
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