Mark
— O que é isso? Está vindo atrás de mim, será carma? — Olhei pelo espelho retrovisor e vi o furacão chegando.
A velocidade do carro diminuiu, sugado pela força centrífuga do vento e o mais incrível foi ver o corpo de Mary ser levado e girar no furacão, acompanhando o vento circulante, mas minha preocupação era não ser apanhado, então entrei no estacionamento subterrâneo de um prédio qualquer.
Suspirei aliviado, sentindo o vento entrar assobiando no espaço e depois parar. Será que acabou? Os furacões são assim, formam-se de repente e da mesma forma se desfazem.
— Ufa! Passou.
Segurei o volante com as duas mãos e apoiei a cabeça, aliviado, mas também preocupado: preciso encontrar a Mary. Manobrei o carro e saí, encontrando o caos do lado de fora. A minha impressão foi de que, o furacão, largou tudo que recolheu pelo caminho, largou aqui.
Deixei o carro e continuei caminhando e encontrando as pessoas parecendo perdidas, como eu. Todos a procura de alguma coisa. Ainda não deu tempo dos bombeiros e socorristas chegarem. Vi uma patrulha da polícia a distância e percebi um rapaz entrando em uma loja e levando mercadorias, mas não me importei.
Segui andando no meio dos destroços, procurando pelo corpo da minha esposa. Não seria possível ela sobreviver depois de ser levada pelo espaço, batendo em tantos destroços. Foram horas procurando. Chegou em frente ao prédio onde morava e os moradores saíam da garagem subterrânea. Parei o sindico e perguntei:
— Minha esposa estava com vocês?
— Não, até pensei que ela se juntaria a nós, mas não apareceu. O senhor não a encontrou?
— Não, quase fui alcançado pelo furacão e precisei me abrigar, não consegui chegar a tempo para buscá-la. — desculpei-me sem sequer saber por quê.
O prédio escapou só com algumas janelas quebradas, então subi, mesmo sabendo que ela não estaria lá. Nossas janelas estavam intactas e sentei no sofá. Não tinha energia elétrica, mas o prédio tem gerador e logo a energia foi restabelecida. Eu fui um dos que foi contra a compra, mas agora está sendo útil.
Esse furacão me deu um tapa na cara e acordei para ver que nem sempre tenho razão. Em algum lugar no passado, eu me perdi. Eu amava tanto a Mary e éramos tão unidos, onde foi que tudo mudou? Não sei e nem tenho cabeça para pensar nisso agora.
Meu estômago roncou e lembrei da última refeição que ela fez para mim e se ela ainda se preocupar comigo, era sinal de que a minha traição não havia minado o amor dela por mim. Eu devia ter pensado nisso antes de atacá-la. Fui para a cozinha e abri a geladeira vendo o que podia fazer para comer eu lembrei que ela fez um sanduíche.
Fiz um sanduíche, comi e bebi um refrigerante em frente à televisão, que noticiava os estragos. Uma imagem apareceu e era terrível, o corpo de uma mulher todo quebrado caído sobre um galho de árvore. Estava irreconhecível, mas aquela roupa…aquela roupa era aqui Mary estava usando.
— Ai. Meu. Deus. Ela está morta! — caiu a ficha: eu matei a minha mulher e o meu filho.
Sou um assassino.
O noticiário continuava falando sobre o assunto e dizendo que o corpo não tinha sido reconhecido, ainda, mas a contabilizavam com o número de mortes causadas pelo furacão. Peguei o número de telefone que deram para contactar os bombeiros caso reconhecer sem o corpo e liguei.
— Boa noite, é só para informar que o corpo que acharam na árvore parece ser o da minha esposa, ela estava atrasando aquela roupa quando sumiu.
— Precisamos da sua identificação e que traga algo que contenha o DNA dela, uma escova com fios de cabelo ou a escova de dentes,
Assim eu fiz e fui até o endereço que me deram, o instituto dos bombeiros, onde os corpos vitimados pelo furacão, estavam sendo periciados. Entreguei o que solicitaram e preenchi o formulário, teria que esperar até os resultados ficarem prontos.
Voltei para casa, estava tão cansado que deitei e dormi imediatamente, nem lembrei de tomar um banho, só queria esquecer tudo o que aconteceu. Acordei de manhã, ouvindo o som, ao longe, das maquinas limpando as ruas.
Tomei um banho, me arrumei e olhei as mensagens no celular.
“ Confirmado. O corpo encontrado é senhora Mary Stuart. Pedimos que tome as providências para a liberação do corpo."
Suspirei, chegando à conclusão de que era o mínimo que eu podia fazer depois do que causei, mas também, aliviado por ter resolvido aquele problema. Tomei um café da manhã caprichado, com calma, pesquisando no celular uma boa funerária e já deixei agendado a cremação do corpo.
Sair de casa, sabendo que teria trabalho, mas tranquilo, como se fosse apenas mais um dia. Enviei uma mensagem para Sonja, tranquilizando-a e pedindo que fosse trabalhar só no dia seguinte. Não tinha problema algum em despejar as cinzas de Mary em qualquer lugar, sem fazer um funeral, já que ela não tinha parentes e nem amigos que ligassem.
Quando nos conhecemos, estávamos no orfanato e soube que ela tinha perdido a família em um acidente, agora perdeu a vida em um outro acidente, só que natural. Ela era muito pequena quando foi para o orfanato e não se lembrava de ninguém de sua família.
Consegui a liberação do corpo e comuniquei a funerária, que foi buscá-lo e levou para a cremação. Acompanhei tudo e comprei a urn pote onde foi colocada as cinzas. Não gastei com urnas enfeitadas ou elaboradas para durarem simplesmente peguei o pote, fui até a praia e joguei no mar.
— Adeus Mary, adeus bebê, espero que estejam em um lugar melhor. Perdoem-me por tudo e descansem em paz.
Virei as costas e saí, joguei o pote numa lixeira e tranquilamente, voltei para casa.
*
Mary
Não faço a mínima ideia do que está acontecendo, ou melhor, me envie sentada em uma cadeira, com uma senha na mão e esperando ser chamada para não sei o quê. Fui até a recepcionista e perguntei:
— Que lugar é este e o que estou fazendo aqui?
Nota: obrigada por iniciarem essa nova aventura comigo. Estou escrevendo, tenham paciência e não deixem de curtir.
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Atualizado até capítulo 38
Comments
Elenita Muniz Coelho Silva
ele tem que sofrer bastante e cabra 🐍🐍🐍🐍da amiga também ❤️❤️
Será onde ele está
2025-11-03
3
Sandra Camilo
espero que esses dois crápulas sofrem muito, ela bre linda e com um príncipe
2025-11-03
1
Fatima Monjane
maldito, mesmo se ele sofrer acho que nao será suficiente 🤬🤬
2025-11-04
1