Uma hora depois de assinar o contrato, Catalina se olhou no espelho do closet. Ela estava irreconhecível. O vestido longo era azul-marinho, de seda, caindo perfeitamente sobre suas curvas, principalmente realçou a cor quente que tinha naturalmente. O cabelo, normalmente preso em um coque apressado, estava em ondas elegantes que caiam até o meio das costas, e o maquiador profissional havia destacado seus olhos. Ela não parecia uma secretária mexicana à beira da deportação, parecia a realeza de Manhattan.
A porta do closet se abriu, e Alex entrou, já impecável em seu smoking. Ele a observou com uma expressão que ela não conseguiu decifrar — não era admiração, mas talvez surpresa pela eficiência da transformação. —Impressionante. — ele admitiu, sem emoção. Ele ajeitou as mangas. —Você faz jus à roupa. — Ele continua com a voz baixa, não havia humor nenhum. Era literalmente neutro. —É o que o dinheiro faz, querido. — ela rebateu, com um sorriso forçado. —Então, qual é o roteiro desta noite? Devo rir das suas piadas sem graça e fingir interesse por suas ações da bolsa? —Alex se aproximou, e o cheiro da sua colônia cara a envolveu. Ele pegou a mão dela e colocou um anel de diamante que parecia pesar uma tonelada. — Você deve ser calorosa, Catalina. Apaixonada, mas modesta. O meu Avô não confia em mulheres excessivamente ostentadoras. Lembre-se, somos o casal que escondeu seu amor no escritório por modéstia, não por indecência. —Ele olhou para ela, frio. —E se meu avô perguntar sobre como nos conhecemos, a versão é encontros noturnos tardios no escritório, disfarçados de horas extras. É como nós...— Ele disse com humor o final da frase soltando um sorriso sarcástico. —Entendi. Uma mentira que é 50% verdade. Brilhante. — ela murmurou. —E mais uma coisa, — ele sussurrou, a centímetros de seu ouvido, causando um arrepio. —Se meu avô suspeitar de algo, você volta para o México no dia seguinte. Não falhe, Catalina. — Ela logo o empurrou para trás suavemente disputando por seu espaço pessoal.
O salão de festas do Plaza Hotel estava repleto de rostos da elite de Nova York. A cada passo de Alex e Catalina, flashes e murmúrios se seguiam.
Catalina manteve o sorriso, agarrada ao braço de Alex, lembrando-se das regras. Era um exercício de atuação intenso. Quando Alex a puxou para um beijo rápido e ensaiado, seus lábios se tocaram, e por um segundo, ela sentiu uma faísca. Mas ela rapidamente atribuiu isso ao pânico. — Sempre, gentil...querido. ela sibilou enquanto se separavam, a respiração ligeiramente alterada. — Você parece que está assinando um memorando, não beijando sua noiva. — Ela ironizou baixo. Alex fechou a mão no braço dela, um aviso silencioso. —Continue falando, e eu dou um beijo de verdade para calar você. — Ela engoliu seco reprimido qualquer palavra que pudesse vir a tona. Uma voz austera cortou a multidão. —Alexander! É bom que você tenha vindo a público, afinal. E você deve ser a jovem... Catalina. — Arthur Sterling, o patriarca, era a versão mais velha e mais ameaçadora de Alex. Os mesmos olhos azuis, mas muito mais penetrantes, fixos em Catalina, avaliando-a como um ativo problemático. —Vovô Arthur. — Alex disse, sorrindo de forma forçada. —Esta é Catalina, minha noiva. Ela é tudo que alguém poderia desejar. — Catalina sentiu a alfinetada, mais ignorou ela estendeu a mão, tentando parecer calma. —É um prazer, finalmente ser apresentada formalmente como noiva do meu Alex. —
Arthur Sterling ignorou a mão dela e estreitou os olhos. — Secretária, não é? Sempre soube que Alex tinha um gosto duvidoso em mulheres, mas misturar negócios e prazer... é irresponsável. — Catalina piscou algumas vezes parecendo mais afundado que antes. — Vovô! — Alex protestou, mas Arthur o ignorou, concentrado em Catalina. — Diga-me, jovem. Se você é tão dedicada ao meu neto quanto diz ser, como consegue casar com ele em 15 dias? Um casamento de Sterling requer meses de planejamento. Exceto se... seja um casamento apressado. Por acaso, Alex a engravidou? — O rosto de Catalina ficou vermelho. O salão parecia ficar em silêncio. Era a hora de sua maior desempenho. Ela olhou para Arthur, e em vez de recuar, a raiva do tratamento injusto lhe deu coragem. — Com todo o respeito, Sr. Sterling, — ela disse, com a voz firme. — Seu neto me pediu em casamento há cinco dias porque, quando você encontra o amor, não espera por uma agenda de eventos sociais. E sobre a gravidez, não, senhor. Mas Alex e eu estamos ansiosos para começar nossa família assim que pudermos. — Ela se virou para Alex, colocou a mão no rosto dele (um toque totalmente não ensaiado) e sorriu para ele com uma intensidade que quase fez Alex vacilar. — Meu querido não precisa de desculpas para se casar comigo. Ele me ama. E eu... o amo. É por isso que é em 15 dias. — Alex ficou em silêncio, a mão de Catalina queimando em seu rosto. Arthur Sterling olhou para a cena, um pequeno sinal de dúvida substituindo sua suspeita. — Veremos, jovem. Veremos se esse 'amor' dura depois do sim. — Arthur finalizou, antes de se afastar para o bufê. Catalina se virou para Alex, trêmula. — Meu Deus! — ela sussurrou, exausta. Alex estava olhando para ela de uma maneira nova. Ele tirou a mão dela do seu rosto e sussurrou de volta, com a voz baixa e rouca: —Você conseguiu. Você é a atriz mais convincente que já conheci, Catalina. Agora, venha aqui Eu acho que o Avô continua olhando. — Ele não esperou que ela respondesse apenas a beijou, mais agora era mais intenso e profundo, ela deslizou a mão pela nuca dele o puxando mais para perto. Em segundos ele simplesmente afastou rápido dando um sorriso pequeno. Pelo menos tudo parecia está correndo bem. Alex a conduziu entre meio os familiares ali presente, não eram muitos.
A porta do elevador privativo se fechou atrás de Alex e Catalina, selando-os de volta ao silêncio opressor do ático. O alívio de Catalina por ter sobrevivido ao interrogatório de Arthur Sterling era palpável, mas logo foi substituído pela raiva. Ela jogou a bolsa de grife no sofá e começou a arrancar o anel de diamante do dedo. —Tira essa coisa de mim. — ela exigiu, estendendo a mão para Alex. —Eu não aguento mais fingir.— Alex estava se servindo de uísque no bar. —Calma. Você foi brilhante. Arthur está desconfiado, mas hesitante. Sua performance sobre o 'amor' e a 'família' foi exatamente o melodrama que ele queria. — Ele tomou um gole. Dando um sorriso pequeno tudo estava indo de acordo. Aliás, você não pode tirar o anel em público, nem quando estivermos aqui. O avô pode pedir fotos a qualquer momento. — Catalina cerrou os dentes. —Eu disse que você estava mais para predador do que para príncipe, mas eu não imaginei o quanto você gosta de me controlar. Você gostou, não foi? Gostou de me ver implorar por um favor legal e de me obrigar a beijar você na frente de todo mundo. — Alex se virou, com o copo na mão, e seus olhos azuis encontraram os dela. A frieza habitual estava misturada com uma irritação perigosa. —Eu odeio teatro, Catalina. Eu odeio encenar. Eu só gosto de ter o controle do que é meu. E no momento, sua situação legal é minha, e sua atuação é minha. — ele rebateu, a voz baixa. —Portanto, tire o dedo da tomada e comporte-se como a Sra. Sterling deveria. — Alexander era alguém irritante, ainda mais pelo fato de terem feito dela uma provável golpista. —Eu não sou sua propriedade, Alex. — Catalina sibilou. —Eu sou sua funcionária chantageada, e se você pensa que pode me mandar como um robô, você está muito enganado. Eu beijei você e sorri para o seu avô, mas eu não vou viver sob o seu polegar. Onde é o meu quarto? — A mexicana disse elevado a mão no zíper das costas com a intenção de já começa a abrir. — Seu quarto é o de hóspedes, do outro lado do corredor, até o casamento. — Alex respondeu, indicando a porta com um aceno frio. —Ótimo. Mas eu quero uma chave e um cadeado. E se o senhor bater na porta, eu vou fingir que não ouvi. Não sou sua secretária 24 horas por dia. — Alex depositou o copo de uísque na mesa com um som seco e avançou em direção a ela. Ele estava zangado, e essa raiva o tornava ainda mais imponente. —Você tem a memória curta, Catalina? Você mora na minha casa, usa minhas roupas e tem a sua liberdade garantida pelo meu sobrenome. Você está no meu tempo, sob as minhas regras. E não, você não coloca cadeados em uma porta que custa mais do que o seu país inteiro. — Ele nitidamente estava insultando seu país de origem, oque a fez bufar. Ele a encurralou contra uma pilastra de mármore. O cheiro de uísque e colônia pairava no ar. A distância entre eles era mínima, e a respiração de Catalina acelerou. —Você... você não pode me intimidar, Alex. — ela gaguejou, mas seus olhos revelavam a mentira.
Alex olhou para a boca dela, os lábios vermelhos e provocantes. Ele não gostava de perder o controle. Ele não gostava que ela o desafiasse. E, mais do que tudo, ele odiava o ar de desafio nos olhos dela. O Avô Sterling desconfiava do amor deles. E ele precisava ter certeza de que Catalina soubesse que ele estava no comando. —Seu avô não confia em nós. — ele sussurrou, a voz tensa. —Precisamos de mais prática no amor. E o beijo de hoje foi péssimo. Você tem que transmitir paixão, Catalina, não terror. — Ele colocou a mão na cintura dela, puxando-a para perto com uma força inesperada, anulando a pouca distância que restava. Antes que ela pudesse processar ou protestar, a boca dele encontrou a dela, não com a frieza ensaiada do jantar, mas com uma necessidade crua e autoritária. O beijo foi avassalador. Não havia o contrato, a deportação, nem o avô. Havia apenas a surpresa elétrica e a maneira como as mãos dele se apertaram na seda do vestido. Catalina tentou resistir, mas a eletricidade entre eles a traiu. Ela ergueu os braços, inicialmente para afastá-lo, mas acabaram enlaçando-se ao redor do pescoço dele, aprofundando o beijo. Ela provando o sabor da raiva, do uísque e de um desejo que ele não queria admitir. Ele deslizou a mão pela cintura dela e começou a descer, ela o empurrou rápido. Quando ele finalmente a soltou, ele estava com a respiração ofegante, e ela estava encostada na pilastra, totalmente desorientada. —Melhor. — ele disse, a voz quase normal, embora ligeiramente rouca. —Mas ainda precisamos de prática...— Ela revirou os olhos, balançando a cabeça negativamente. — Não, não precisamos praticar nada. — Ela respondeu rápido, seguindo pelo corredor longo. Ele tinha acabado de provar que estava disposto a usar a atração para manipulá-la. E a pior parte ela tinha correspondido ao beijo. Mas, voltaria aquilo somente quando fosse necessário e em público.
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Atualizado até capítulo 42
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