O jantar foi uma orquestração de dissimulação sob a superfície. Arthur mal tocava na comida, sua mente fixada na festa do dia seguinte.
— Arthur: Viviana, certifique-se de que a roupa de Elara está impecável. Precisamos ter certeza de que nossa aparição amanhã será digna de nosso sobrenome.
— Viviana: Não se preocupe, Arthur. O vestido dela está sendo ajustado para que pareça... simplesmente impecável. É um modelo sob medida que exala a sofisticação discreta que a ocasião exige.
Camille, sentada ao lado, completou com uma frieza calculada, como se falasse de um bem valioso:
— Camille: A reputação Sinclair estará segura, Papai.
Elara, que durante todo o jantar manteve-se absorta e quase muda, finalmente ergueu o olhar. Seus olhos azuis eram distraídos, alheios à trama que se desenrolava à sua volta. A única coisa que a ancorava era um Pássaro de Prata, um pequeno pingente herdado da mãe, que ela apertou discretamente sob o tecido.
Mais tarde, enquanto a casa mergulhava num silêncio tenso, Viviana e Camille se encontraram rapidamente no corredor de serviço, onde Arthur não as ouviria.
— Viviana: Arthur está nos vigiando como um falcão. A substância... você a escondeu onde combinamos?
Camille pegou um pequeno frasco âmbar que estava oculto no bolso de seu roupão de seda.
— Camille: Está seguro. No forro da minha bolsa de festa. O desafio é que o garçom seja rápido e discreto. Precisamos estar perto de Finn.
— Viviana: Lembre-se, Camille. A meta é a prova da desonra. A herdeira desonrada teve a relação. Arthur não aceitará um escândalo com o herdeiro Sterling. Ele a expulsará de Oxford antes do café da manhã.
A conversa finalizava com a determinação sombria de ambas.
No dia seguinte, a Mansão Sinclair fervilhava de movimentação. Elara estava no seu quarto, pronta, com o vestido de festa que Viviana havia escolhido. Sentia-se como uma boneca de porcelana, perfeita e frágil. Os quatro membros da família desceram as escadarias em silêncio. Arthur, imponente. Viviana, impecável. Camille, radiante e perigosa. E Elara, a herdeira, agora alheia ao perigo que a esperava.
O carro luxuoso já esperava. A família Sinclair estava a caminho do salão. A Família chegou ao hotel. Não era um luxo moderno, mas sim aquele tradicional, de um prédio antigo de Oxford, com fachada grande e seguranças de uniforme. Arthur, Viviana, Camille e Elara saíram do carro, e Elara, de vestido azul-marinho, chamou a atenção. Elara fazia seu papel com a elegância que aprendeu, agindo como uma Sinclair de verdade no salão.
O clima era de luxo discreto, uma cena social bem planejada. A música clássica estava baixa, e os lustres de cristal davam uma luz suave aos convidados. O ar tinha cheiro de perfume caro, uísque e gente importante. Ali, a rivalidade e o interesse por dinheiro eram disfarçados por sorrisos educados e taças de champanhe.
No salão, Arthur era o centro das atenções. Ele falava e cumprimentava os grandes empresários, sempre mantendo a imagem perfeita dos Sinclair. Arthur fez questão de levar Elara para falar com dois banqueiros poderosos. Elara estava ali, fazendo o papel social para o qual foi treinada. Seu olhar azul-claro olhava o salão com a educação e a atenção que o nome Sinclair pedia. Viviana, por sua vez, sorria de forma calculada, e Camille andava como uma caçadora, rindo alto para ser notada.
Foi nesse momento que Finn Sterling, o herdeiro da Sterling & Warwick Publishing, chegou. A entrada dele chamou a atenção. Finn era rico e muito bonito, com uma pose de quem não precisava provar nada. Seus olhos verdes olhavam o salão com um tédio disfarçado. Assim que entrou, foi logo cercado por empresários e socialites que queriam falar com ele.
Camille, esperta, esperou pacientemente que Finn terminasse de cumprimentar todos. No meio da festa, quando Finn conseguiu se afastar do grupo e foi até o bar pedir uma bebida, ela agiu. Camille se aproximou na hora certa, fazendo parecer um encontro por acaso.
— Camille: Essa festa está muito séria. Eu acho que uma noite como esta merecia mais... diversão.
— Finn: Depende do que você chama de diversão, Camille. Para alguns, o tédio é o jeito certo de fechar bons negócios.
[ Foto de Finn ]
— Camille: E você? Veio para o tédio ou para a diversão? Diga que veio para a diversão.
— Finn: Eu vim ver se a noite me surpreendia. E agora... a surpresa está aqui do meu lado.
— Camille: Cuidado, Finn. Surpresas podem ser perigosas. Você parece gostar de perigo.
— Finn: Só o suficiente para me manter acordado. E você? Que tipo de risco corre hoje?
— Camille: Nenhum que eu não possa controlar. Mas sua companhia me está dando ideias.
Eles beberam e conversaram, trocando olhares longos. Viviana observava de longe, com um sorriso de aprovação.
O tempo passou e o salão foi ficando vazio. Quando só restavam poucos convidados, Arthur olhou para o relógio.
— Arthur: Viviana, preciso ir. Tenho uma reunião importante amanhã e preciso descansar. Vocês três podem ficar e representar a família.
[Foto de Arthur]
Arthur foi para casa. O momento perfeito para o plano de Viviana tinha chegado.
Viviana se aproximou de Elara, que parecia cansada e olhava a vista da cidade na janela.
— Viviana: Elara, querida. Estive ocupada com os convidados. Pegue, é a última taça da melhor safra. É um brinde pela sua presença perfeita hoje.
Viviana estendeu a taça de champanhe batizada. Elara, cansada e sem desconfiar da madrasta, pegou a taça e bebeu um gole grande. Quase engoliu o champanhe de uma vez.
Ao mesmo tempo, Camille se virou para Finn, que ria de algo que ela disse, e estendeu a taça igual:
— Camille: Beba. É a bebida perfeita para quem gosta de perigo.
— Finn: Perfeito. Então, brindo ao risco.
Em minutos, a substância agiu com força. O efeito não era de euforia, mas de uma necessidade física incontrolável. Elara cambaleou, o corpo esquentando, os pensamentos dominados por uma urgência. Seus olhos azuis perderam o foco, buscando alívio. Finn ficou na mesma situação, a confiança sumindo por um desejo confuso.
Viviana pegou Elara pelo braço e a levou rápido para fora do salão. As duas seguiram pelos corredores do hotel até o quarto reservado. Viviana usou a chave que estava no decote para abrir a porta. Empurrou Elara para dentro e a fez cair na cama de seda.
— Viviana: Durma um pouco, querida. — Disse, com um sorriso malicioso.
A porta fechou. Em seguida, Camille e Finn apareceram no corredor. Finn mal conseguia se equilibrar. Camille usou a chave igual para abrir o mesmo quarto e empurrou Finn para dentro.
A porta fechou.
Finn cambaleou, com a visão turva, e viu Elara na cama.
— Elara: Quem é você?
[ Foto de Elara ]
Ele respondeu com a voz rouca e forçada pelo desejo, apenas o sobrenome.
— Finn: Sterling.
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Atualizado até capítulo 23
Comments
Marilena Yuriko Nishiyama
onde já se viu o Arthur ir embora primeiro e sem levar a filha junto,isso prova que ele não liga para a família e sim somente para status 😡😡
2025-10-22
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