O carro

O Lorde Darian ignorou a minha insolência como se fosse o miado de um gatinho. Ele me virou com um único movimento do braço, e eu me vi sendo empurrada em direção a um dos veículos do Norte – um carro grande e luxuoso, muito diferente da carruagem rústica da Matilha Moon Black.

Ele falou, sem desviar o olhar dos seus Alfas que finalizavam o pagamento: "Ensinem à Ômega o seu lugar no meu território. Começando agora."

O Alfa mais próximo, um homem de rosto duro e poucas palavras, me empurrou para o banco de trás, onde Darian se sentou logo em seguida, fechando a porta com um baque seco que selou meu destino.

O cheiro dele me envolveu de forma avassaladora, puro Alfa dominante, misturado com o frio da Matilha da Geada e o que parecia ser um perfume de couro. Era inebriante e ameaçador.

"Você tem uma boca ousada, Serena," Darian disse, o som do meu nome em sua voz grave era um comando, não um cumprimento. Ele não me tocou imediatamente, mas sua presença preenchia o espaço. O motor rugiu, e o carro começou a avançar para o Norte.

Eu cruzei os braços sobre o peito, tentando proteger o que restava da minha dignidade. "A ousadia é o que resta quando se perde o medo, Lorde."

O Alfa soltou uma risada baixa, rouca, que não tinha nada de divertido. Era o som do divertimento do predador.

"Você está errada, Ômega. Você só não sentiu o tipo certo de medo ainda."

Ele se inclinou, a mão dele voou e agarrou meu cabelo dourado, puxando minha cabeça para trás contra o encosto do banco. O toque não foi violento, mas foi de uma autoridade absoluta, forçando-me a olhar para ele. O cinza dos seus olhos parecia penetrar a minha alma.

"Você não é minha ômega" ele rosnou, o cheiro de domínio se intensificando, fazendo com que o meu lobo interior se contorcesse de submissão. "Você é uma garantia, um bem. Eu comprei a sua capacidade de engravidar."

Seu olhar desceu para o meu pescoço, e ele cheirou minha pele ali, uma inalação profunda e possessiva, como se estivesse marcando a sua carne.

"Seu cheiro é tentador, mesmo que você não esteja no cio. Mas não se preocupe, eu sou um Alfa paciente. Eu sei como apressar o processo," ele disse, apertando o meu pulso com força. "Para mim, você é apenas um ventre de aluguel para o meu legado. Uma cadela que late demais, mas que vai aprender a fazer o que eu mandar quando chegar a hora de cumprir seu dever."

Ele me soltou com um empurrão, e o desrespeito explícito era o seu modo de me punir pela minha rebeldia. Eu senti as lágrimas queimarem, mas recusei-me a chorar na frente dele. Eu pisquei, engolindo a humilhação.

"Entendido, Lorde Darian. Uma cadela com uma boca ousada," retruquei, a voz tremendo um pouco, mas ainda firme.

"Perfeitamente. E as cadelas aprendem com o punho do seu dono. Lembre-se disso. Sua única função aqui é satisfazer as minhas necessidades de sucessão," ele finalizou, recostando-se no banco. Ele fechou os olhos, claramente finalizando a conversa, mas a sua mão não se afastou; ela descansou sobre a coxa, a poucos centímetros da minha perna. Uma ameaça silenciosa e constante.

Eu desviei o olhar para a janela, sentindo o ardor no meu pescoço onde ele me cheirou. Ele me tratava como se eu já estivesse no cio, pronta para a concepção, e essa possessividade era a sua forma fria e calculista de me quebrar.

Eu podia sentir a raiva, a indignação e o medo borbulhando, mas por baixo de tudo, meu lobo, forçado a obedecer, começou a desenhar a única arma que me restava: a inteligência e a resistência silenciosa. Eles haviam comprado a Ômega, mas jamais teriam a Serena.

O Lorde Darian manteve a mão perto, a ameaça física constante pairando sobre nós no silêncio do carro. Eu olhava para a escuridão que passava pela janela, meu corpo tenso e o cheiro dele me invadindo. Eu tentava ignorar sua presença, mas era impossível. Ele era a personificação da autoridade, e a minha única estratégia era a insubordinação silenciosa.

De repente, a voz dele cortou o ar, fria e calculista.

"Vire-se, Ômega."

Eu não me movi, fingindo que não tinha ouvido, meu coração disparando.

"Eu disse, vire-se," ele repetiu, a voz mais grave e baixa, carregada de perigo.

Eu sabia que não tinha escolha. Ele não estava pedindo. Eu girei no assento, ficando de joelhos voltados para ele, o espaço entre nós ficando ainda mais claustrofóbico.

Darian não perdeu tempo. Com um movimento rápido, ele afastou seu casaco pesado. Sua calça de couro estava apertada, e ele já estava desperto sob o tecido. Não havia paixão em seus olhos de gelo, apenas a fria necessidade de afirmar seu domínio e testar a minha submissão.

"Você é minha agora. E meu corpo é o seu novo campo de treinamento. Meu prazer é o seu dever," ele instruiu, a voz sem emoção. "Ajoelhe-se."

Eu hesitei. Por um segundo, a rebeldia quase me fez desafiá-lo, mas o instinto de sobrevivência e o medo do que ele faria em represália se impuseram. Eu me curvei, sentindo a humilhação me queimar.

Ele destravou o zíper da calça com um som metálico e impessoal. Eu fechei os olhos por um momento, mas Darian me impediu, sua mão agarrando minha nuca com força controlada.

"Mantenha os olhos abertos. Você precisa ver quem a possui. E quem você obedece."

Ele me forçou a olhar para a sua ereção, exposta. Era grande e poderosa, tão intimidadora quanto ele.

"Seu pai me garantiu que você era... bem treinada. Mas você precisa de lições sobre o que eu gosto. Vamos ver se você é uma aluna rápida." Ele continuou, a voz de um instrutor, não de um amante.

Ele me guiou com a mão na minha cabeça. "Lentamente, Ômega. Não é uma corrida. Eu gosto da sensação da boca cheia. Use a língua. E não ouse usar os dentes."

O cheiro dele, que já era forte, se intensificou, tornando-se mais pesado, um aroma puro de Alfa excitado que atingiu o meu lobo, forçando uma submissão dolorosa. Eu segui as suas instruções, sentindo-me violada em minha dignidade a cada movimento, o gosto dele na minha boca era a prova amarga da minha nova condição.

Ele gemia baixo, um som que não era de prazer total, mas de satisfação pelo controle. Ele apertava e guiava minha cabeça com precisão, ajustando o ritmo e a profundidade, ensinando-me o que era esperado dele.

"Mais fundo, Serena. Use a garganta. Você precisa aprender a engolir a minha dominação," ele rosnou, o tom ficando mais urgente.

Ele me usou ali, no carro em movimento, como um teste de obediência e uma demonstração fria de poder. Eu era um instrumento, e ele estava me ensinando a tocar a melodia da sua satisfação.

Quando ele atingiu o seu clímax, o prazer dele veio acompanhado de um grunhido de pura autoridade. Ele me soltou, me permitindo recuar, respirando com dificuldade, com o corpo tremendo, meu rosto manchado de sua essência.

Ele se ajeitou, fechando a calça sem me dar sequer um lenço. Seus olhos me examinaram, e ele sorriu o mesmo sorriso frio de antes.

"Boa garota. Lição um: obediência traz um mínimo de conforto. Lição dois: eu uso a sua boca para o que eu quiser."

Ele se recostou, a postura novamente calma e controlada.

Eu me virei lentamente, limpando o que podia com as costas da mão, sentindo a umidade e o cheiro forte, a humilhação me queimando a alma. Ele não havia me tratado como uma esposa, nem mesmo como uma amante. Apenas como uma cadela no cio, um objeto de descarrego.

Mas, apesar de tudo, a chama da minha rebeldia não se apagou. Enquanto olhava para fora, eu cerrei os punhos. Ele podia ter meu corpo, mas ele jamais teria a minha rendição. Ele acabara de acender um fogo ainda maior em mim. Ele estava me ensinando a odiá-lo, e isso, eu aprendia muito rápido.

A tensão no carro era palpável. Eu me virei, o rosto ardendo não apenas pela recente humilhação, mas pela raiva contida. O Lorde Darian estava completamente à vontade, como se o que acabara de acontecer fosse tão trivial quanto beber um copo de água.

Eu precisava de ar, precisava desesperadamente de uma forma de recuperar um pouco da dignidade que ele acabara de roubar. O silêncio dele era a sua arma, e eu não podia deixá-lo vencer nessa frente também.

Eu limpei os lábios uma última vez, e forcei a minha voz a sair calma e seca, mesmo que meu corpo estivesse tremendo.

"Lorde Darian," comecei, olhando fixamente para a janela, onde as luzes da Matilha da Geada começavam a aparecer ao longe.

Ele soltou um som de impaciência. "O que é, Ômega?"

Eu respirei fundo, juntando toda a minha coragem e a memória da humilhação para me impulsionar.

"É apenas que... eu esperava mais. Sendo o Alfa do Norte, o líder da Matilha da Geada, o homem que todos temem..." Eu me virei lentamente, meu olhar se fixando nele com um desprezo estudado, que eu esperava que ele notasse.

"Eu esperava que o seu ego fosse maior do que isso," eu soltei, a voz baixa, mas afiada. "Usar uma cadela vendida no banco de trás de um carro para provar a sua autoridade. Eu achei que um Alfa tão temido precisasse de mais do que o terror de uma Ômega indefesa para se sentir completo."

O ar no carro congelou. O motorista, que era forçado a ouvir, tossiu discretamente. Darian me encarou, e pela primeira vez, o cinza dos seus olhos de gelo não parecia frio, mas sim furioso. Eu havia tocado em uma ferida.

Seu rosto não demonstrou a raiva que senti emanar dele. Em vez disso, a raiva se manifestou como um poder gelado.

"Você tem um talento notável, Serena," ele sibilou, inclinando-se perigosamente em minha direção. "Para transformar o privilégio de servir o seu Alfa em uma afronta. Eu te dou o meu prazer, e você me devolve insultos."

Ele agarrou meu pulso com tanta força que senti que o osso iria quebrar. O cheiro de dominância explodiu, e meu lobo uivou, implorando-me para me curvar. Eu o forcei a ficar em silêncio.

"Meu ego," ele sussurrou, o rosto a centímetros do meu, "é medido pela minha capacidade de obter exatamente o que eu quero, da maneira que eu quero. E agora, o que eu quero é que você se cale. A menos que queira que sua próxima lição seja sobre a dor, e não sobre o prazer."

A ameaça era real e fria. Ele não estava blefando. Mas eu havia dito o que precisava dizer. Eu havia devolvido uma pequena parte da humilhação.

Ele me soltou com um empurrão que me jogou contra a porta.

"Chegamos. Você fará a sua entrada em silêncio e de cabeça baixa, a partir de agora," ele ordenou, com a voz voltando ao tom frio e autoritário.

Eu permaneci calada. Eu o havia irritado. Eu havia perturbado sua indiferença. E essa pequena vitória me dava a força para enfrentar o que estava por vir.

O carro parou em frente a um castelo imponente, feito de pedra escura e cercado por neve. A Matilha da Geada era tão fria e poderosa quanto o seu Alfa.

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Comments

Dani B

Dani B

capítulo tenso, coitada

2025-10-16

1

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