Piu-Piu Desperta

A noite desceu sobre o Coliseu Regional.

As arquibancadas já estavam vazias, e apenas o som distante de máquinas e o zumbido dos holofotes preenchiam o ar.

Nos dormitórios improvisados, Haruto tentava dormir — sem sucesso.

A derrota ainda queimava em sua cabeça.

— “Admite, Haruto. Você e esse pintinho não têm chance contra um Titã de verdade.” — as palavras de Rex ecoavam em sua mente.

Virou-se na cama, bufando.

Ao lado, Piu-Piu dormia sobre um travesseiro, roncando baixinho.

Mesmo ferido, o galo parecia em paz.

Haruto suspirou.

— Como você consegue ficar tão tranquilo, hein?

Piu-Piu abriu um olho, soltou um “cócó” sonolento e virou o bico pro outro lado.

O garoto não aguentou e riu.

— Tá bom, tá bom… amanhã a gente volta a treinar.

Ele olhou para o teto, o brilho das lâmpadas piscando.

Em algum lugar lá fora, raios cortavam o céu.

O mundo ainda tremia com a energia dos Titãs — como se os monstros respirassem junto com o planeta.

🌙 O sonho

Haruto adormeceu.

Mas o que veio não foi descanso.

Ele se viu num campo destruído, cercado por sombras.

Piu-Piu estava na frente dele — só que gigantesco.

Suas penas eram feitas de luz azul e seu olhar… ardia como fogo divino.

— Piu-Piu? — chamou ele, confuso.

A criatura o encarou com um olhar profundo.

Então, uma voz ecoou em sua mente — não era humana, nem animal, mas algo entre os dois:

“Você prometeu proteger todos… mesmo sem entender o peso disso.”

Haruto deu um passo à frente.

— Quem é você? O Piu-Piu do futuro?

“Eu sou o que ele será… quando você acreditar por inteiro.”

De repente, o chão tremeu.

Do horizonte, uma silhueta colossal surgiu — um Titã de ossos e metal, com olhos vermelhos.

Ele rugiu e a terra se abriu.

Haruto tentou correr, mas algo o puxou para trás.

Piu-Piu — o gigante azul — se ergueu e abriu as asas, bloqueando a luz.

“Acorde, pequeno rei.”

E então… tudo ficou branco.

⚡ O despertar

Haruto acordou ofegante.

O quarto tremia.

— O que… tá acontecendo?!

Do lado dele, Piu-Piu estava de pé, envolto por uma chama azul translúcida.

O chão queimava em volta, mas o fogo não parecia físico — era energia pura.

Os olhos do galo brilhavam intensamente, e no ar ecoava um som grave, como se o mundo prendesse a respiração.

— Piu…?

O galo olhou para ele.

Haruto sentiu um choque mental — uma onda quente atravessando sua cabeça.

E então, ouviu uma voz dentro da mente:

“Você… está com medo?”

Haruto congelou.

— Ei… fui eu que falei isso?

“Não. Sou eu, seu parceiro.”

Ele olhou em volta, procurando alto-falantes, câmeras — nada.

— Piu?! VOCÊ TÁ FALANDO NA MINHA CABEÇA?!

“Finalmente percebeu. Você é lento.”

Haruto arregalou os olhos.

— Tá me chamando de lento?!

“Sim.”

— EU NÃO SOU LENTO, SÓ ME DISTRAIO FÁCIL!

“Está provando meu ponto.”

Por alguns segundos, eles se encararam — garoto e galo — em silêncio absoluto.

Depois, ambos soltaram um “pfff” e começaram a rir.

Haruto caiu sentado.

— Cara, eu tô conversando com um frango que brilha azul… ou eu pirei de vez.

“Frango não. Guerreiro ancestral.”

— Tá, guerreiro ancestral. — Ele passou a mão no rosto. — Isso é normal?

“Nada sobre nós é normal.”

O fogo azul começou a diminuir, até restar apenas um brilho nas penas de Piu-Piu.

Haruto se levantou.

— O que foi isso?

“Um fragmento do poder. A conexão entre nós finalmente acordou. Mas ainda é fraca.”

— Então… quer dizer que posso te ouvir sempre agora?

“Apenas quando nossas emoções estiverem em sintonia.”

— Tipo… quando eu estiver muito empolgado?

“Ou muito irritado.”

— Ah, ótimo. Metade do tempo então.

☀️ Manhã seguinte

O dia seguinte começou com barulho — sempre havia barulho no Coliseu.

Treinadores, gritos, motores, e o rugido dos Titãs aquecendo para o treino.

Haruto e Piu-Piu chegaram atrasados, como sempre.

— Desculpa! Dormi demais! — gritou o garoto, tropeçando na entrada.

“Mentira. Você ficou 10 minutos conversando com um pombo achando que era eu.”

— Ei, eu tava distraído, tá?!

Luna, a garota da pantera, cruzou os braços.

— Vocês são um desastre sincronizado.

O instrutor, um veterano com braço mecânico, os observava.

— Muito bem, filhotes. Hoje, teste de sincronização!

Ele apontou para um grande campo circular, com sensores e torres de energia.

— Cada dupla vai entrar. O objetivo é resistir a 60 segundos de ataque automático das torres. Se o elo entre vocês for fraco, vão ser expulsos da arena em segundos.

Haruto olhou pra Piu-Piu.

“Estamos ferrados.”

— É, mas pelo menos juntos.

⚔️ Teste de Sincronização

A sirene tocou.

As torres começaram a disparar feixes de energia.

Haruto correu, desviando, enquanto Piu-Piu voava em círculos curtos, criando rajadas de vento com as asas.

Um tiro passou raspando.

— Piu! Proteção aérea!

“Entendido.”

O galo bateu as asas com força, e uma explosão de vento bloqueou parte dos disparos.

Haruto usou o momento para correr até o centro da arena e colocar a mão no chão — o painel brilhou.

“Concentre-se. Sinta meu fluxo.”

Ele respirou fundo.

Por um instante, o barulho sumiu.

Haruto podia ouvir o batimento do próprio coração… e o de Piu-Piu.

Os dois corações batiam no mesmo ritmo.

De repente, uma onda azul explodiu debaixo dos pés de Haruto.

O campo inteiro ficou coberto por uma aura cintilante, e as torres pararam de atirar.

Luna arregalou os olhos.

— Ele… estabilizou o campo?!

O instrutor deixou o cigarro cair da boca.

— Isso… é impossível. Nenhum aprendiz de Classe C faz isso.

A energia se dissipou lentamente.

Haruto caiu de joelhos, exausto.

Piu-Piu pousou ao lado dele, também ofegante, mas com o peito estufado de orgulho.

“Nada mal, humano.”

— Hehe… valeu, pintinho lendário.

“Disse pintinho?”

— Nada, nada!

O público aplaudiu.

O instrutor coçou a barba, intrigado.

— Esse garoto… tem um elo psíquico puro. Isso não se via desde os primeiros experimentos.

🧬 O Olhar das Sombras

Em uma sala escura no topo do Coliseu, Capitão Ryzen observava a gravação do treino.

Ao lado dele, uma cientista de jaleco prateado tomava notas.

— Confirmação, senhor — disse ela. — O espécime “Galo Tipo-X” apresenta emissão energética compatível com os padrões originais da Fórmula Zero.

Ryzen sorriu.

— Então é ele. O último sobrevivente do experimento perdido.

— O garoto não faz ideia… — comentou a cientista.

— Nem deve — respondeu o capitão, virando-se. — Quando ele descobrir, será tarde demais.

Ele olhou para o monitor, onde Haruto ria ao lado de Piu-Piu.

— “O elo perfeito”… exatamente o que precisamos para despertar o Titã Supremo.

🌇 O juramento

Mais tarde, no terraço, o sol se punha em tons alaranjados.

Haruto sentava na beira, Piu-Piu ao seu lado.

— Ei, parceiro… — disse o garoto, com um sorriso cansado. — Hoje a gente conseguiu, né?

“Um passo. Muitos virão.”

— Eu sei. Mas… posso te prometer uma coisa?

“Fale.”

— Eu juro… que um dia, a gente vai libertar todos os Titãs. Ninguém mais vai ser usado como arma.

“Então eu juro… que te ajudarei até o fim.”

O vento soprou, levantando as penas de Piu-Piu.

Por um instante, o galo pareceu maior — ou talvez fosse só o reflexo do sol.

Lá embaixo, as luzes da arena acendiam, preparando o palco para o próximo torneio.

E no alto do céu, um raio azul cruzou o horizonte.

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Atualizado até capítulo 53

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