O sol mal tinha nascido quando a cidade já fervia de barulho. Carros-anfíbios passando, crianças correndo com mascotes estranhos e alto-falantes anunciando o evento mais aguardado do mês:
🎤 “Atenção, guerreiros! Começa hoje o Torneio das Ruas da Vila 12! Quem vencer, ganha uma vaga para o Coliseu Regional!”
Haruto quase caiu da cama ao ouvir isso.
— Piu-Piu, acorda! É agora ou nunca!
O galo, encolhido no travesseiro como uma almofada viva, abriu um olho e soltou um “cócó” de puro tédio.
— Nada de preguiça hoje! — disse Haruto, vestindo a jaqueta amarela e ajustando o cinto feito com latas amassadas. — Essa é a nossa chance de virar lenda, parceiro!
Piu-Piu pulou da cama, bicou o dedo de Haruto e depois bateu as asas, como quem dizia “tá bom, tá bom, vamos logo”.
🏙️
O Torneio das Ruas era diferente das arenas oficiais.
Nada de juízes, grades ou regras.
Apenas becos abandonados, público gritando e apostas clandestinas. O prêmio? Uma passagem direta para a liga profissional.
Quando Haruto e Piu-Piu chegaram, os outros competidores já estavam aquecendo.
Havia de tudo:
— Um garoto com um hamster que cuspia fogo.
— Uma menina com um peixe flutuante dentro de uma bolha.
— Um sujeito enorme com uma iguana que usava óculos de sol.
Haruto, claro, foi recebido com risadas.
— Ei, é o garoto do galo! — zombou o da iguana. — Vai fritar o almoço pra gente?
— Cuida pra não virar canja, moleque! — gritou outro.
Haruto fingiu que não ligava. Ele respirou fundo e olhou para o amigo.
— Piu, vamos mostrar pra eles o poder do micro-monstro lendário!
O galo estufou o peito, soltou um “cócóóóó!” e o chão pareceu vibrar.
Alguns riram, outros sentiram um arrepio sem saber por quê.
⚔️ Primeira luta — “O Galo vs. o Hamster Flamejante”
O adversário, um garoto chamado Rey, apareceu com um hamster do tamanho de uma melancia, cercado por uma aura de calor.
— O nome dele é Toasty, e ele vai te torrar vivo!
O juiz improvisado levantou a mão:
— LUTA!
Toasty cuspiu uma bola de fogo que explodiu no chão, espalhando fumaça.
Haruto se protegeu com o braço.
— Piu-Piu, cuidado!
Mas o galo já tinha desaparecido. Um borrão vermelho subiu pela parede, correu pelo telhado e mergulhou com um grito:
— “Cócóóóóóóóó!”
Um segundo depois, um golpe certeiro atingiu a cabeça do hamster.
Toasty girou como um pião e caiu desacordado, com fumaça saindo das orelhas.
O público ficou em silêncio.
— O… galo… venceu…? — murmurou alguém.
— IMPOSSÍVEL!
Haruto levantou o punho, radiante.
— PRIMEIRA VITÓRIA, PIU-PIU!
O juiz gaguejou:
— V-v-vencedor: Haruto Kami e o… galo assassino?
⚙️ Entre as lutas
Horas se passaram, e Haruto já estava na semifinal.
O público gritava o nome dele, metade zombando, metade acreditando.
— “Vai, Galo Maluco!”
— “Força, Mini Monstro!”
— “PIU-PIU! PIU-PIU!”
Haruto ria nervoso.
— Cara, olha só… A gente tá virando meme, Piu!
O galo bicou seu cabelo, como se dissesse “não liga pra isso, foco na vitória”.
Foi então que uma garota se aproximou.
Ela tinha cabelos prateados e um olhar determinado.
— Você é o garoto do galo, né?
— Sou sim! E você é…
— Luna, domadora da Pantera de Névoa.
Atrás dela surgiu uma forma felina transparente, quase invisível, que soltava um miado sinistro.
— Boa sorte na final — disse Luna, antes de se afastar.
Haruto engoliu seco.
— Piu… essa aí parece forte…
O galo fez um “cócó” curto, meio bravo.
🌀 Final _“O Galo vs. A Pantera de Névoa”
A multidão lotou o beco principal. Os alto-falantes vibravam.
— SENHORAS E SENHORES! A FINAL DO TORNEIO DAS RUAS VAI COMEÇAR!
Luna ficou de um lado, calma, a mão sobre o coração.
Haruto do outro, tremendo de empolgação.
— Piu, é agora!
O juiz ergueu o braço.
— LUTEM!
Uma névoa densa tomou o beco. Haruto não enxergava nada.
— Piu! Cuidado!
Um rugido ecoou, e garras cortaram o ar onde o garoto estava segundos antes.
O galo desviou por instinto, batendo asas com força e criando um pequeno vendaval que dissipou parte da fumaça.
— Aí está ela! — gritou Haruto. — Na direita!
Piu-Piu mergulhou em linha reta, rápido como uma flecha. A pantera tentou desaparecer de novo, mas o galo previu o movimento — ou talvez tivesse sentido a energia dela.
O impacto foi seco, um “POC!” perfeito no meio da testa da criatura.
A névoa se dispersou completamente.
Luna caiu de joelhos, surpresa.
A pantera desmaiou.
Silêncio total.
Depois, gritos.
— ELE VENCEU! O GALO VENCEU DE NOVO!
Haruto levantou Piu-Piu no alto, rindo com lágrimas nos olhos.
— EU DISSE! TAMANHO NÃO É DOCUMENTO!
Luna se aproximou, ainda atônita.
— Esse galo… não é normal. — E olhou para Haruto. — Você também não é.
— Isso é elogio ou ameaça? — perguntou ele, rindo.
Ela sorriu de leve. — Um pouco dos dois. Nos vemos no Coliseu, Galo-Boy.
🌙
À noite, Haruto e Piu-Piu estavam sentados sobre o telhado de uma casa destruída, olhando as luzes da cidade.
— Piu… a gente conseguiu. Vamos pro Coliseu.
O galo respondeu com um “cócó” tranquilo, quase orgulhoso.
Haruto esticou as pernas e olhou pro céu estrelado.
— Um dia, o mundo inteiro vai ver que até o menor dos bichos pode ser o maior dos guerreiros.
O vento soprou suave, levando o som distante dos aplausos da vila.
Mas lá embaixo, nas sombras, alguém observava a cena.
O Capitão Ryzen, com o olhar frio e calculista, sussurrou:
— Interessante… o elo entre eles está crescendo. Talvez… o Projeto Prometeu ainda esteja ativo.
E desapareceu novamente entre os becos.
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Atualizado até capítulo 53
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