um chamado

Oi, eu digo, com quem eu falo? "Alô, tudo bem?" Ela responde. "Eu me chamo Karen, sou da assistência social, creio que você já foi informado", ela pergunta.

"Então é verdade mesmo, meu irmão está morto?" eu pergunto, sentindo um nó na garganta.

"Infelizmente sim", ela responde.

"O que aconteceu?" eu pergunto, tentando manter a calma.

"Um motorista embriagado entrou na contra-mão e causou um acidente causando a morte do seu irmão, Ethan, e sua cunhada, Emily", ela explica.

Eu sinto um choque ao ouvir os nomes. Ethan era meu irmão, e Emily era sua esposa. Eu não os via há anos, mas ainda assim, a notícia é devastadora. "Sinto muito", eu digo, não sabendo o que mais dizer.

"Sim, é uma tragédia", Karen concorda eu.

"Obrigado por me informar", eu digo, prestes a desligar o rádio, minha voz grossa e rouca.

"Espere, Mark", ela diz. "Eu entrei em contato com você por causa da sua sobrinha, Harper. Ela é órfã de mãe e pai e precisa de um lar."

Eu fico em silêncio por um momento, surpreso. Eu me lembrava de ter visto Harper quando ela era bebê, mas isso foi há tanto tempo... E, para ser honesto, eu não estava nem aí para ela na época.

"Você é o único parente dela", Karen continua. "Tecnicamente, ela nem sabe da sua existência. Estamos procurando por alguém que possa cuidar dela, dar um lar e amor. E pensamos que você seria a pessoa perfeita para isso."

Eu bufo, incrédulo. "Você está brincando? Eu? Cuidar de uma criança? Eu sou um homem solitário, Karen. Eu moro no meio da floresta, não há escola por perto. Não seria justo para ela crescer aqui."

"Isso não é problema", Karen responde. "Harper pode estudar em casa. Nós podemos fornecer todos os materiais necessários, isso não será problema. Além disso, ela precisa de uma família, não de uma escola específica. E você, como tio dela, seria a pessoa perfeita para lhe dar o amor e o cuidado que ela precisa."

Eu rio, um som áspero e sarcástico. "Amor e cuidado? Você acha que eu sou capaz disso? Eu sou um homem bruto, Karen. Eu não sei nada sobre crianças. E certamente não sei nada sobre ser um pai."

"Mark, por favor", Karen diz, sua voz suave e persuasiva. "Pense na Harper. Ela precisa de você. E você pode lhe dar uma vida feliz e segura aqui com você. Nós podemos ajudar com tudo, desde a papelada até a mudança. Você não precisa fazer isso sozinho."

Eu hesito, sentindo a insistência de Karen. Mas eu não estou convencido. "Não", eu digo finalmente. "Eu não sou o homem certo para isso."

Mas Karen não desiste. "Mark, eu sei que você pode fazer isso", ela diz. "E eu sei que Harper precisa de você. Pense sobre isso, ok?"

"Eu já disse que não", eu digo, firme.

"Pra alguém que passou a maior parte da infância em um orfanato, tá fazendo muito pouco caso pra ajudar a sobrinha", Karen responde, sua voz cortante. "Faça por ela o que queria que tivessem feito por você."

Ela pausa por um momento, antes de continuar: "Vou está te aguardando aqui na quinta-feira."

E então, ela desliga o telefone.

Eu fico sentado em silêncio, olhando para o rádio, sentindo a raiva e a culpa queimando dentro de mim. Aquelas palavras de Karen ecoam na minha mente como um grito de guerra. "Pra alguém que passou a maior parte da infância em um orfanato, tá fazendo muito pouco caso pra ajudar a sobrinha." Ela sabe exatamente onde me atingir.

Eu sinto como se tivesse sido socado no estômago. É uma dor que eu conheço bem, uma sensação de impotência que eu pensei ter deixado para trás. Eu me levanto e dou um soco na parede, sentindo a dor irradiar pela minha mão. "Filha da..." Eu paro, respirando fundo, tentando controlar a raiva.

Eu olho ao redor da cabana, vendo as paredes rústicas e a lareira apagada. Eu pensei que tinha deixado o passado para trás, que tinha encontrado um lugar onde eu podia ser eu mesmo. Mas agora, tudo o que eu sinto é a sombra do meu passado me perseguindo.

Eu olho para o relógio e vejo que ainda faltam dois dias para quinta-feira. Dois dias para decidir o que fazer. Eu posso simplesmente não aparecer, fingir que nada disso aconteceu. Mas a voz de Karen continua ecoando na minha cabeça, me desafiando a fazer o que é certo.

Eu sei que ela está certa. Eu sei que eu não posso simplesmente virar as costas para a minha sobrinha. Mas a ideia de abrir a porta da minha cabana e deixar alguém entrar é aterradora. Eu não sei se estou pronto para isso. Eu não sei se eu sou capaz disso.

Eu pego uma garrafa de whisky e me sento na poltrona em frente à lareira, adicionando mais lenha no fogo enquanto bebo. As chamas dançam e crepitam, lançando sombras dançantes nas paredes da cabana. Eu fecho os olhos, deixando que as lembranças do meu irmão me invadam.

De repente, eu sinto uma presença ao meu lado. Eu abro os olhos e vejo meu irmão parado ao meu lado, um sorriso suave no rosto. "Oi, maninho", ele diz, antes de se sentar ao meu lado.

Eu sinto um misto de emoções, sabendo que isso é apenas um sonho. "Cara, eu sinto muito", eu digo, sentindo a dor da perda novamente.

Meu irmão olha para mim com uma expressão séria. "Eu sei que você sente, maninho. Mas eu preciso que você faça algo por mim. Você precisa cuidar da Harper. Ela precisa de você agora."

Eu sinto um nó na garganta ao ouvir o nome da minha sobrinha. Eu sei que eu não sou o melhor candidato para cuidar dela, mas ao mesmo tempo, eu não posso deixar de sentir uma responsabilidade para com ela.

"Eu não sei se posso fazer isso", eu digo, sentindo a dúvida me consumir.

Meu irmão põe a mão no meu ombro e me olha nos olhos. "Você pode, maninho. Você é forte o suficiente. E eu sei que você vai fazer o que for melhor para ela." Ele pausa por um momento antes de continuar: "Eu estou contando com você, irmão."

Eu acordo com um sobressalto, sentindo a dor da perda novamente. Eu olho ao redor da cabana escura e silenciosa, sabendo que meu irmão se foi e que eu estou sozinho com minhas responsabilidades.

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