Entrei com passos firmes, tentando transparecer calma, apesar da tempestade que se formava dentro de mim. Aproximei-me da recepção, onde uma verdadeira confusão se instalava.
Um rapaz muito bem-apresentado discutia com a recepcionista e com o segurança, sua voz carregada de frustração.
— Preciso saber sobre a minha namorada! — ele exclamava, quase implorando. — Ela não tem família aqui, e preciso de informações sobre seu estado de saúde.
A recepcionista tentava se manter firme, mas a insistência dele chamava atenção de todos. Fiquei intrigada.
— Senhor, já informamos que não podemos fornecer informações sobre pacientes. Apenas familiares autorizados podem receber atualizações, e qualquer divulgação depende da permissão deles.
— Mas Eduarda não tem familiares aqui… — gritou ele novamente, o nome me atingindo como um choque. Sem pensar, me aproximei.
— Com licença… — intervi com um tom firme, mas educado. — Quem o senhor deseja visitar?
O rapaz se virou para mim, com o olhar desconfiado. Mas por apenas um instante. Logo, sua expressão se transformou em surpresa. Parecendo me reconhecer.
— A senhora é Helena Sterling. Mãe de Eduarda — murmurou ele, aliviado, e senti meu coração acelerar instantaneamente. — Sou Enrico Romano, senhora — disse, apresentando-se. — Sou namorado da Duda. A senhora tem notícias dela?
Jornalistas estavam por toda parte desde o escândalo da traição de Frederick, e agora com a notícia do acidente tudo havia virado um caos. A última coisa que eu permitiria era mais um se aproveitando da situação.
— Minha filha nunca mencionou sobre o senhor para mim. Como pode ser namorado dela se acabo de ser informada que ela é casada, senhor Enrico? — questionei, a voz carregada de frieza. — Não se sensibiliza com a dor de nossa família? Está tentando algum furo jornalístico?
— Eu não sou repórter, Sra. Helena. Entendo sua preocupação, mas realmente sou namorado da Duda. A senhora deve estar falando de Julian… Mas eles já estão separados há alguns meses — replicou o rapaz, visivelmente ressentido.
Que confusão era aquela na qual Duda havia se metido? Como ela não mencionou nada disso para mim durante nossas conversas? Eu sentia um nó no estômago, tentando assimilar cada nova informação que surgia sem cessar.
Naquele momento, outro homem, muito bem-apresentado, entrou na recepção, e vi a expressão de Enrico se suavizar, sua postura se desfazendo em um evidente alívio ao reconhecê-lo.
— Julian — chamou, com um certo alívio na voz.
O recém-chegado imediatamente olhou em nossa direção, a preocupação evidente em seu rosto, mas também a surpresa ao me ver ali. Sem hesitar, caminhou até ele e estendeu a mão.
— Como está, Enrico? Recebeu alguma atualização do quadro de Eduarda?
— Estava tentando isso agora, mas me disseram que apenas a família pode ter notícias — respondeu, frustrado. O recém-chegado assentiu, suspirando pesado.
— Sinto muito. Vou até lá para verificar como ela está e, em breve, teremos notícias.
A preocupação em sua voz soava genuína, mas o que me deixou desconcertada foi quando ele finalmente voltou os olhos para mim.
— A senhora não é Helena Sterling… mãe da Duda? Não conseguiu obter notícias também? — perguntou preocupado.
Eu o encarei com cautela. Ele parecia me reconhecer também, mas eu não tinha a menor ideia de quem ele era. Meus instintos gritavam para não me expor, não entregar informações facilmente.
Foi então que Enrico respondeu por mim, antes mesmo que eu pudesse inventar uma desculpa ou questionar quem ele era.
— Ela está receosa com toda essa confusão de jornalistas, mas sim, é a Sra. Helena, mãe da Duda.
Meu coração se contraiu ao ouvir meu nome escapar de seus lábios, como se fosse uma chave de confirmação. Eles me conheciam, ambos, e a única em desvantagem naquela recepção era eu.
— Sinto muito por tudo isso, Sra. Helena — disse o homem, voltando-se a mim com um ar respeitoso. — Sou Julian Baroni, marido de Eduarda.
O ar pareceu desaparecer dos meus pulmões. Antes que eu pudesse reagir, ele prosseguiu, agora com um sorriso constrangido.
— Bem… na verdade, já não somos mais marido e mulher. Hoje, somos apenas amigos. Ela… — ele colocou uma mão sobre as costas de Enrico, em um gesto amigável — namora o Enrico.
Eu o encarei, sentindo minha mente se embaralhar. Casada, separada, namorando outro homem… quantas vidas minha filha estava levando sem que eu soubesse?
Ignorei a confusão de minha própria mente e foquei no que importava — minha filha.
— A senhora tem alguma notícia sobre ela? Conseguiu vê-la? — perguntou Julian, ignorando minha expressão confusa, porque parecia precisar de notícia sobre minha filha.
Os dois me olharam com expectativa. Enrico parecia exausto. Julian mantinha uma expressão contida, mas os olhos denunciavam preocupação.
— Sim, consegui vê-la e conversei com o médico responsável. O estado da Eduarda é gravíssimo. Vão reavaliá-la pela manhã, mas o risco de morte ainda é real — respondi, a voz carregada de receio.
Os dois desabaram — Enrico deixou-se afundar no sofá, o rosto entre as mãos. Julian pousou a mão no ombro do amigo como se quisesse segurá-lo naquele pedaço de chão.
— Mas, eu não vou deixar minha filha morrer — disse, e a convicção surpreendeu até a mim mesma. — Lutarei até o último segundo se houver qualquer chance.
Julian me olhou então com um meio sorriso que tentou ser reconfortante.
— Duda sempre falou com orgulho da senhora — murmurou. — Dizia que sua mãe era uma cirurgiã brilhante.
Aquela frase me aqueceu e me partiu ao mesmo tempo. Eu não conseguia acreditar que tudo aquilo estava acontecendo.
— Se me permite perguntar, Sra. Helena… onde está hospedada? — Julian questionou, atento.
— No Grand Palazzo Vittoria. Era o mais próximo daqui — respondi, ainda me sentindo um pouco insegura. Mas não era possível que os dois estivessem jogando comigo.
— Seu marido a acompanhou? — perguntou ele, com cuidado. O questionamento me deixando um pouco em alerta. O que isso importava?
— Nem sei se ele já sabe. Eu cheguei a Milão sozinha e não conseguir entrar em contato com ele — afirmei.
Julian trocou um olhar com Enrico. Era evidente que ambos já tinham ouvido algo pelas notícias.
— Não vou permitir que a senhora fique num hotel sozinha agora. Eu e a Eduarda dividimos uma casa. Gostaria que a senhora fosse para lá. Tenho certeza de que a Duda não me perdoaria se eu não desse suporte para a mãe dela.
Fiquei em silêncio por um instante, avaliando. A oferta parecia generosa, mas havia tantas perguntas sem resposta — quem ele era, o que representava na vida da minha filha, sobre o que minha filha não me contara.
— Eu aceito, Julian. Mas vocês podem apenas me chamar de Helena, sem formalidades.
Naquele nosso pequeno instante ali, descobri que Julian era um dos melhores amigos de Duda — embora, na prática, eles ainda não estivessem divorciados e dividissem o mesmo apartamento.
Não adiantava eu permanecer no hospital. O Dr. Moretti me garantira que, se o quadro de Eduarda mudasse, me ligariam imediatamente.
A próxima avaliação só aconteceria no dia seguinte, e eu precisava descansar. Afinal, não havia dormido desde o momento em que recebi a notícia do acidente.
Os jornalistas me cercaram novamente, desta vez com perguntas afiadas e insidiosas de quem eram aqueles dois homens que me acompanhavam na saída do hospital.
Um arrepio percorreu minha espinha. Nem queria imaginar o rebuliço que se seguiria se descobrissem que ela era casada com um e se relacionava com o outro. Interpretariam tudo do jeito que quisessem, e a verdade, como sempre, deixaria de importar.
Julian foi comigo até o hotel. Depois me levaria até a casa que dividia com minha filha. Durante o percurso não havia necessidade de palavras. Estávamos perdidos em pensamentos e nossos olhares diziam tudo.
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Atualizado até capítulo 46
Comments
Vera F Strombeck
nossa que rolo🤣🤣ex marido amigo do namorado eu heim
não sei mas esse acidente tá me parecendo uma tentativa de assassinato,,seria bom se ela conseguisse sobreviver 🥰
2025-09-29
3
Antônia 🌻🍀❤️
essa filha dela 😏sei não viu
2025-09-29
1