Fui direto para o hotel mais próximo. Assim que entrei na suíte, desabei na cama. Deixando as lágrimas correrem livre pelo meu rosto.
Depois de desabafar todo meu medo, fui para o banho, tentando recuperar ao menos um vestígio de compostura. Precisava parecer forte, pois aquilo parecia apenas o início da longa saga que agora se desenrolava em minha vida.
No entanto, minha mente não parava. Eu precisava organizar meus próximos passos — e o primeiro seria entrar em contato com o policial que me passou a informação sobre o acidente.
Perguntei-me o que havia causado o capotamento? Eu precisava entender, precisava saber se tinha sido um acidente, um descuido ou algo muito pior — algo provocado.
Lembrei-me de que o policial Francesco me instruíra a acioná-lo assim que chegasse a Milão — e foi exatamente o que fiz naquele momento.
Em poucos minutos, ele me deu instruções detalhadas sobre o que deveria fazer e foi muito claro — eu deveria me conduzir até a sede da Polícia de Milão, que era a responsável pela investigação do caso.
Meu coração disparou com a expectativa de respostas, mas nada me preparou para o que viria a seguir, antes dele desligar aquela ligação.
— Preciso informá-la que o marido de sua filha entrou em contato — disse o policial, com a voz grave.
Aquilo me deixou completamente surpresa. Marido? Eduarda nunca havia mencionado estar em um relacionamento sério, muito menos de estar casada. Quem seria esse homem? Por que ela nunca me contou nada?
O choque se misturava à preocupação — não bastasse minha filha estar à beira da morte, agora havia um segredo desconhecido que poderia ser crucial para entender o que havia acontecido.
Cada passo que eu dava em direção aquela sede parecia mergulhar-me ainda mais fundo num labirinto de mistérios que eu precisava desvendar — antes que tudo aquilo me engolisse.
Assim que cheguei à sede da polícia, fui conduzida a uma sala discreta. Um homem de meia-idade entrou, cumprimentou-me e se apresentou como Francesco Gallo, responsável pela investigação do acidente.
Ele se sentou à minha frente e começou a relatar o que já haviam descoberto — minha filha parecia estar fugindo de algo. Um carro suspeito aparentemente a seguia, mas ainda não conseguiram identificar a placa completa — tinham apenas a parcial dela.
— Segundo o marido de sua filha — disse Francesco, observando-me atentamente, tentando ler minha reação —, ela vinha sendo assediada pela mídia devido ao escândalo envolvendo a senhora e seu marido.
Por um instante, o mundo pareceu desabar sobre mim. Eu precisava manter a compostura, mas meu coração disparou. Olhei para ele, tentando absorver cada palavra.
— De fato… houve um escândalo, Sr. Francesco. Mas não saberia dizer se minha filha estava sendo assediada — respondi, esforçando-me para manter a voz firme. — Moro no Brasil e, como o senhor deve saber, o pai dela é Frederick Vaughn.
Não precisava dizer muito sobre isso. Era o assunto mais comentado nas mídias. E por Frederick ser o bilionário do ramo petroleiro, o assunto tomou proporções internacionais, com várias outras garotas aparecendo.
— Estamos buscando pelas câmeras para averiguar se o acidente tenha sido provocado por paparazzi — explicou o detetive.
— Eu só desejo que tudo isso seja esclarecido. Também estou sendo assediada por jornalistas, e havia pedido para Eduarda não dar atenção a essas coisas… que logo tudo isso passaria. Mas parece que me enganei. Cruzei com vários jornalistas na porta do hospital.
— Sinto muito por isso, senhora. A mídia é algo que não temos como controlar — disse o detetive, encarando-me. E eu sabia que ele estava certo, mas ao mesmo tempo me sentia impotente.
Minha filha estava ali, entre a vida e a morte, e a causa disso também poderia estar envolvido com o assédio e a perseguição da mídia para descobrir mais detalhes sobre o pai dela. Será que esse inferno não teria fim?
Para piorar ainda mais toda essa situação, parecia que eu não conhecia totalmente a vida dela.
— Sr. Francesco, seria possível o senhor me colocar em contato com o marido de minha filha? — perguntei, tentando manter a voz firme, embora o coração estivesse acelerado. — Eu não estava ciente de que ela estava casada.
Eu precisava saber quem era esse homem e se tudo aquilo realmente era verdade… ou se ele não passava de um oportunista tentando tirar vantagem do caso.
— Sua filha nunca mencionou que era casada? — ele perguntou, analisando-me atentamente.
— Eduarda saiu de casa há dois anos para trabalhar como modelo aqui em Milão, Sr. Francesco — respondi, tentando manter minha voz firme. — Conversávamos frequentemente, e ela sabia que meu casamento estava arruinado. Talvez ela tenha imaginado que eu seria contra o dela.
O silêncio que se seguiu era pesado.
Eu sentia cada segundo como uma eternidade, tentando compreender se minha filha estava protegida, ou se o homem com quem ela se casara era parte de um problema maior.
O detetive me repassou o telefone do suposto marido de Duda. Segurei o papel por alguns segundos, mas guardei-o na bolsa. Não faria aquela ligação agora. Esse seria um mistério que eu enfrentaria em outro momento.
Deixei a sede da polícia com o coração pesado e segui direto para o hospital onde ela estava internada.
Assim que desci do carro em frente a unidade de saúde, um novo grupo de repórteres se aglomerou ao meu redor como uma onda sufocante.
Microfones e câmeras foram erguidos, flashes dispararam, e as vozes se sobrepunham em perguntas afiadas, sem o mínimo de sensibilidade.
— Sra. Helena, algum comentário sobre o estado da sua filha? — gritou uma jornalista.
— A senhora sabe se sua filha vai sobreviver? — outro perguntou, sem qualquer cuidado.
Tentei avançar, mas, de repente, uma pergunta cortou o ar como uma lâmina, silenciando por um segundo a barulheira ao meu redor.
— É verdade que a modelo vista no colo de seu marido era uma antiga amiga de sua filha? A senhora sabia que foi a própria Eduarda quem os apresentou?
O impacto daquelas palavras me atingiu como um soco no estômago. Meu coração se apertou, e uma mistura de incredulidade e indignação percorreu minhas veias.
Eu mal conseguia acreditar no tamanho da crueldade daquela insinuação, jogada assim, em meio à minha dor.
Parei por um instante, encarando o repórter que havia feito a pergunta. O desejo de gritar era imenso, mas respirei fundo e mantive a postura.
— Neste momento, a única coisa que importa é a vida da minha filha. Qualquer especulação maldosa sobre terceiros é desumana e não será respondida por mim. — Minha voz saiu firme, embora minhas mãos tremessem.
Sem esperar réplica, caminhei apressada entre os flashes e microfones, determinada a chegar até a recepção.
Atrás de mim, as perguntas continuaram como tiros no escuro, mas eu já havia erguido as muralhas do silêncio. Só havia espaço em mim para uma única prioridade — Eduarda.
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Atualizado até capítulo 46
Comments
bete 💗
bando de abutres não respeitam a dor de uma mãe ❤️❤️❤️❤️❤️
2025-09-29
1
Cláudia Ferreira da Silva
será que a filha se sentiu culpada?
2025-09-29
2