Nosso Segredo Incestuoso

Nosso Segredo Incestuoso

Capítulo 01, Irmãos.

O vento frio que soprava de forma delicada e quase imperceptível, indicava o começo do outono, fim da guerra contra a invasão de inimigos japoneses. Uma época de caos.

E o filho do general Imperial, Jong-Hoon Kim, voltava do mesmo confronto, ele era Dae-Hyun, um jovem adulto de vinte e seis anos, que fazia parte da guarda imperial. Seguia o mesmo caminho de seu pai.

Mas o mesmo general tendo um censo de moral um tanto rígido, quando a mãe de Dae-Hyun ainda era casada com o próprio, ele teve um caso fora de seu matrimônio e dessa traição veio um fruto indesejado.

Um filho bastardo, cuja a família da mãe não tinha nenhuma ligação com a corte imperial como a mãe de Dae-Hyun.

Conforme os anos se passavam, a mãe de Dae-Hyun adoeceu e veio a falecer quando o menino tinha apenas seis anos. Já a mãe de Kyun-Seonk, o bastardo, foi encontrada morta apenas dois dias depois. E uma verdade impactante viera junto , Kyun-Seonk não era filho legítimo do general. Ainda assim. Jong-Hoon o acolheu como seu filho legítimo, o criando lado a lado com Dae-Hyun, como iguais, mesmo sabendo que eles não eram.

Enquanto Dae-Hyun se tornou membro da guarda da corte imperial, Kyun-Seonk estudou muito e passando no concurso, ele havia conseguido conquistar o cargo de escriba real.

E naquela tarde com vento frio, mas acolhedor, Kyun-Seonk foi chamado em seus aposentos por uma das camareiras reais:

— Meu senhor, seu irmão. O filho do general Jong-Hoon chegou da guerra! Está a caminho de encontrar vosso pai nos seus aposentos.

— Obrigado, estou indo para lá.

Kyun-Seonk caminhava pelos corredores de madeira escura do palácio com passos firmes, mas o coração inquieto. O chamado da camareira ainda ecoava em sua mente como um sopro inesperado: o irmão voltara da guerra. Era estranho como uma simples notícia podia despertar nele uma mistura tão contraditória de sentimentos — alegria, ansiedade, e até um leve temor. Afinal, toda vez que Dae-Hyun regressava de uma campanha, algo dentro de Kyun-Seonk parecia ser posto à prova: o vínculo fraterno, a comparação inevitável, a sombra da linhagem e do destino.

Os corredores estavam mergulhados em um silêncio quebrado apenas pelo farfalhar das lanternas de papel, balançando com o vento outonal que se infiltrava pelas frestas. O palácio respirava aquela atmosfera de transição — entre a guerra e a paz, entre o verão que se esvaía e o inverno que se insinuava. E, para Kyun-Seonk, entre o passado de filho bastardo e o presente de escriba real.

Ele chegou à antecâmara dos aposentos do general Jong-Hoon. Dois guardas estavam à porta, em postura ereta, mas reconheceram o jovem escriba e abriram passagem. Kyun-Seonk fez uma leve reverência com a cabeça e entrou.

O salão estava aquecido por um braseiro de cobre, onde carvões crepitavam, espalhando um aroma forte de madeira queimada. Tapetes rústicos cobriam parte do chão, e nas paredes pendiam estandartes com o emblema da família Kim, orgulhosos símbolos de vitórias passadas. No centro, sentado com a rigidez de um tronco de carvalho, estava o general Jong-Hoon, seu pai. À sua frente, de pé, em postura militar impecável, estava Dae-Hyun, o filho legítimo que regressava da guerra.

O coração de Kyun-Seonk acelerou. Fazia meses que não via o irmão. Dae-Hyun usava ainda a armadura leve da guarda imperial, o capacete repousando sobre uma mesa próxima, os cabelos soltos em desalinho após dias de viagem. O rosto trazia marcas do cansaço, mas também aquele brilho indomável nos olhos que sempre o distinguira: o olhar de quem havia enfrentado a morte e retornado mais forte.

— Pai. — Kyun-Seonk falou, sua voz saindo firme, mas carregada de emoção contida. Ele se ajoelhou, fazendo a reverência formal, e depois ergueu os olhos para o general e para o irmão. — Recebi a notícia de vosso retorno, irmão. Louvo os céus por vossa segurança.

Dae-Hyun girou o corpo, e ao ver o rosto do irmão, seus lábios se curvaram em um sorriso raro, mas sincero. Ele deu dois passos largos e, rompendo por um instante o protocolo que sempre os cercava, tomou Kyun-Seonk nos braços em um abraço apertado. O cheiro de ferro e poeira das batalhas ainda impregnava suas vestes, mas para Kyun-Seonk, aquele contato trouxe uma estranha sensação de calor e pertencimento.

— Kyun-Seonk! — a voz grave de Dae-Hyun encheu o salão. — És tu, com essa mesma expressão séria de escriba. Céus, como o tempo passou...! Pensava em ti no campo de batalha, perguntando-me se estavas bem aqui, rodeado de livros e pergaminhos.

Kyun-Seonk sentiu o peito se apertar. Era um reencontro simples, fraterno, mas em seu interior crescia algo mais profundo, um nó que se apertava cada vez que via a firmeza no olhar do irmão. Ele se afastou lentamente, ajeitando as mangas do hanbok azul-acinzentado que trajava, como se buscasse recuperar a compostura.

— Estive a serviço da corte, como sempre, irmão. — respondeu ele. — E os dias foram mais longos sem vossa presença.

O general Jong-Hoon pigarreou, atraindo para si a atenção dos dois. A rigidez de seu semblante não se desfez, mas havia um brilho raro nos olhos, uma chama de orgulho que não costumava demonstrar com palavras.

— Meus filhos... — disse ele, e Kyun-Seonk estremeceu ao ouvir aquela palavra, sempre carregada de contradições. — O céu me abençoou com vosso retorno, Dae-Hyun, e me deu motivo de honra em ti, Kyun-Seonk. Hoje posso dizer que carrego dois homens dignos ao meu lado.

As palavras caíram no ar com o peso de algo precioso. Kyun-Seonk baixou a cabeça, tentando conter a emoção. Ele não era filho legítimo, mas ainda assim o general o chamara de filho diante do herdeiro. Essa escolha de palavras era mais que um gesto: era um escudo contra a desonra, um reconhecimento que Kyun-Seonk jamais imaginara ouvir tão claramente.

Dae-Hyun ergueu o queixo, com o peito inflado, e respondeu:

— Pai, servi conforme o juramento da guarda imperial, mas confesso que nunca me senti tão aliviado quanto agora, ao pisar novamente nesta casa e ver vossa face. A vitória não seria completa sem este momento.

O general assentiu, os dedos grossos tamborilando levemente sobre a mesa.

— Tu mostraste coragem diante dos japoneses, e tua liderança foi falada até entre os ministros. Ainda assim, lembra-te de que não é apenas a força da espada que sustenta um império, mas também a firmeza das palavras. — Ele voltou o olhar para Kyun-Seonk. — E é aí que teu irmão mostra igual valor.

Kyun-Seonk ergueu os olhos, surpreso.

— Pai...

— Sim. — Jong-Hoon interrompeu. — Sou orgulhoso de ambos. Dae-Hyun, com tua coragem militar, e Kyun-Seonk, com tua inteligência e dedicação como escriba real. O nome de nossa família permanece íntegro não apenas pela força que mostramos no campo, mas pela honra que preservamos na corte.

Houve um silêncio respeitoso, quebrado apenas pelo estalar das brasas. Dae-Hyun se aproximou de Kyun-Seonk novamente, e pousou uma mão pesada sobre seu ombro.

— Escuta bem, irmão. — disse ele, com a voz mais baixa, mas carregada de convicção. — O que fiz lá fora foi por ti também. Por nossa família. Por este palácio que tu guardas com tua escrita. Não deixes que pensem que és menos digno. Tu és meu irmão, sangue ou não, e isso basta para mim.

As palavras de Dae-Hyun penetraram fundo em Kyun-Seonk, como uma lâmina afiada. Ele sentiu o coração pulsar descompassado, e desviou o olhar para o chão, com medo de que a intensidade em seus olhos revelasse mais do que deveria.

— Sempre procurei honrar vosso nome, pai... — disse ele, dirigindo-se ao general. — Mas confesso que a honra maior é ver-nos unidos hoje.

O general se recostou na cadeira, permitindo-se um suspiro. O peso dos anos e das batalhas estava gravado em suas feições, mas, por um breve instante, parecia aliviado.

— A guerra ainda não terminou em espírito, mesmo que as espadas estejam embainhadas. Mas enquanto eu viver, não deixarei que o sangue — ou os laços mais fortes que o sangue — se rompam entre vós.

Kyun-Seonk e Dae-Hyun se ajoelharam juntos diante dele, em sinal de respeito. E naquele gesto silencioso, no calor do braseiro e sob o vento frio que entrava pelas frestas, algo invisível os unia. Para Kyun-Seonk, era mais que fraternidade, mais que dever.

continua.....

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