Na Rússia, os meses se arrastaram em silêncio e tensão.
O inverno castigava Moscou com ventos cortantes e neve que parecia nunca cessar. Dentro de um pequeno apartamento escondido nas ruas estreitas, Paola, sob a identidade falsa de Olga Petrov, vivia dias de medo e esperança. O corpo estava pesado, e o coração, inquieto. A cada movimento dos gêmeos dentro dela, sentia uma mistura de consolo e fardo. Eram vida e promessa, mas também lembrança constante da perseguição e do perigo que ainda a rondava.
Ao seu lado, Katrina permanecia firme, como uma irmã de alma. Enfermeira dedicada e amiga leal, ela era o pilar que sustentava Paola nos dias de angústia.
Katrina:
— Aguente firme, Paola. Logo vai abraçar seus filhos. Logo vai sentir a vida renascer em você.
Paola já estava com pouco mais de sete meses de gestação quando, numa noite em que uma tempestade cobria Moscou de trovões e relâmpagos, as contrações começaram. O quarto foi tomado por gritos abafados, lágrimas e suor escorrendo pelo rosto da jovem.
Paola:
— Katrina… eu não vou conseguir!
Katrina:
— Vai sim! Vai lutar, como sempre lutou. Seus filhos precisam de você, Paola!
O parto foi longo, difícil e doloroso. Entre gritos, sangue e força arrancada do fundo da alma, Paola sentiu o corpo se partir, mas não desistiu. Então, o primeiro choro ecoou no pequeno quarto do hospital: um menino.
Pouco depois, um segundo choro: uma menina.
A vida havia vencido a escuridão.
Paola dera à luz no mesmo hospital em que Katrina trabalhava, e a amiga, determinada, fez questão de auxiliar cada instante do parto. Com as mãos trêmulas de emoção, Katrina colocou os dois recém-nascidos sobre o peito da amiga.
Katrina:
— Eles estão aqui… Victor e Vitória… os verdadeiros vencedores.
Exausta, com lágrimas que misturavam dor e alegria, Paola os abraçou como quem segura o mundo inteiro contra o peito.
Paola:
— Eu prometo… ninguém jamais vai tirar vocês de mim.
Victor e Vitória (filhos de Paola e Emílio)
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Naquela mesma noite, na Itália, Emílio dormia em sua cama luxuosa, cercado por um silêncio pesado.
Em seus sonhos, os gêmeos apareceram novamente.
Mas desta vez, ele os viu com nitidez: um menino de olhos escuros como os seus, e uma menina com o sorriso e a doçura idênticos aos de Paola. Eles correram até ele, com passos leves, e suas vozes infantis soaram cristalinas:
— Papai, nós chegamos. Não nos machuque. A mamãe só quis nos proteger.
Ao despertar, o poderoso Dom, o homem de ferro que nunca chorava, sentiu o rosto molhado de lágrimas. Pela primeira vez em anos, deixou-se esmagar pelo peso da culpa e pelo fardo do arrependimento.
Naquele instante, desejou algo que ia além da vingança e do poder: desejou redenção.
Na manhã seguinte, chamou Dário Barbieri, seu braço direito e amigo de confiança.
Emílio:
— Quero que encontre o melhor cirurgião do mundo. Não importa quanto custe. Quero meu rosto de volta.
Dário o fitou surpreso, tentando entender a súbita decisão.
Dário:
— Dom… depois de tantos anos escondido atrás da máscara… por quê?
Emílio apertou os punhos. O olhar, sombrio e vulnerável, carregava uma chama nova.
Emílio:
— Porque quando minha menina voltar… quero que me reconheça. Quero que veja em mim o jovem que ela salvou.
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Atualizado até capítulo 39
Comments
Marta Monteiro
iniciando a leitura 📚 hoje.
2025-09-20
3
Naninha Oliveira da Rocha
começando a ler hj, 21/09/25.e já tô gostando muito da história.
2025-09-21
1
Rosangela Moreira
começando hoje dia 20.09.25
2025-09-20
1