Capítulo 05: Admite coelhinha

...Caio Silva Rocha...

No final da tarde, nós decidimos fazer um churrasco e estávamos na área de lazer, conversando e planejando nossos próximos movimentos. Eu, era o responsável pela churrasqueira. Patrick se reclinava na espreguiçadeira, observando cada movimento meu, enquanto Luan, treinava alguns movimentos de luta.

Reparei que Patrick estava muito distraído, olhando fixamente para algo além da cerca, chamei sua atenção.

— Ei, Patrick… pra onde está olhando?

Segui o olhar dele e, por um instante, senti meu coração acelerar.

— Pra lá… — ele disse, baixinho. — A coelhinha apareceu na janela, sorriu pra mim. Toda tímida… isso me deixa… excitado pra caralho.

Luan parou as flexões e soltou uma risada.

— Ela realmente é uma delícia quando fica corada. Mas lembrem-se do combinado, irmão. Temos que nos controlar perto dela. O objetivo é atrair, não assustar.

Patrick, com aquele olhar de quem sempre quer apimentar as coisas, interveio.

— Falando nisso, quando ela for conosco para a cabana, quanto tempo ficaremos lá? Precisamos de um plano sólido.

— O tempo que ela quiser — respondi.

Luan suspirou, retomando seus exercícios.

— Fico me perguntando como será nossa convivência com ela. Será que vai dar certo?

— Estressante — respondi, seco.

Patrick perguntou, intrigado.

— Por que acha isso?

— Porque ela não irá gostar, pelo menos não inicialmente, das coisas que pretendemos fazer com ela. A educação que ela teve… é uma barreira.

— Mas com o tempo — ele retrucou, confiante — talvez ela se acostume. Talvez até comece a gostar. É uma questão de mostrar a ela um novo mundo.

Dei uma risada baixa, quase sem som.

— Uma sanrinha como ela? Duvido! Foi criada numa redoma.

— Exatamente! — Patrick respondeu. — Ela foi criada assim, mas não conhece o mundo real. Não conhece as sensações, o prazer profundo, os desejos mais primitivos. Ela não sabe do que vai gostar porque nunca experimentou. Nós… vamos mostrar a essa santinha o prazer que ela está perdendo.

Luan balançou a cabeça, sorrindo de forma brincalhona.

— Sabe que vamos pro Inferno por isso, né?

— Eu vou pra qualquer lugar — declarei, grave — se ela estiver conosco. Ela é nossa. Ponto final.

Nesse momento, o portão da casa da frente se abriu. Patrick, Luan e eu nos viramos simultaneamente, como se movidos por um único instinto. Era Bruna, saindo com sua cachorrinha Lulu. O cheiro do nosso churrasco a alcançou, e Lulu, guiada pelo faro, puxou a coleira direto para o nosso portão aberto.

— Lulu, não! Volta aqui! — a voz dela era um misto de alarme e repreensão, mas a cadela já havia invadido nosso jardim.

Bruna correu atrás da cachorrinha, entrando no nosso território. Ela pegou Lulu no colo e nos encarou. Não era uma expressão de gratidão, mas de acusação silenciosa.

— Eu sei que foram vocês — disse, firme.

Assumi a dianteira, me aproximando com um sorriso que era convite e desafio ao mesmo tempo.

— Olá, coelhinha. Em que podemos ajudá-la? A Lulu parece ter gostado do nosso churrasco.

— Por favor, parem! — ela suplicou, ignorando a brincadeira.

Patrick se aproximou, mais neutro.

— Não sabemos do que está falando, coelhinha.

— Por favor, não mintam! — a voz dela trincou. — A caixa. Eu sei que foram vocês. Por que fizeram isso? Meu tio, ele ficou furioso, me fez mil perguntas…

Troquei um olhar significativo com os irmãos.

— Acho melhor entrarmos e conversarmos melhor. Aqui todos podem nos ver e ouvir.

Luan abriu um sorriso tranquilizador.

— Tudo bem, Bruna. Não tenha medo. Nós não mordemos.

— Meu tio… ele disse que não posso… — ela hesitou.

Patrick se inclinou, suave como seda.

— Mas ele não está aqui, Bruna. Nós estamos.

Abri a porta da casa.

— Entre, coelhinha. Não vai acontecer nada. Está com medo? — provoquei, com um brilho malicioso nos olhos. — Achei que fosse corajosa e não uma coelhinha medrosa.

Isso a atingiu.

— Tá bom! — bufou, entrando com Lulu no colo. Patrick foi o último a entrar, trancando a porta. Bruna parou, olhando a sala ampla, admirando por uns segundos antes de nos enfrentar.

Patrick se encostou na parede, cruzando os braços.

— Então, coelhinha, o que te trouxe aqui?

— Foram vocês, não foram? Admitam.

— Sim, coelhinha — Luan respondeu, sem hesitar. — Nós te demos a pulseira com o pingentes com nossas iniciais.

— Por que?

— Coelhinha — aproximei-me, calmamente. — É normal ganhar presentes de admiradores. Nós quisemos te dar algo belo, para combinar com você. É seu aniversário de 18 anos, você merece um pouco de beleza.

— Não, eu não posso aceitar. Vou devolvê-las a vocês, não posso contrariar meu tio.

Patrick deu o próximo passo, sua voz baixa e hipnótica.

— Não acha que já o contrariou só de vir até aqui, numa casa onde moram três homens solteiros? Não acha que só pelo fato de nos observar às escondidas, da sua janela, durante a noite, já o contrariou?

Ela ficou pálida.

— Não… não sei do que estão falando. Eu nunca os espionei.

Patrick se aproximou o suficiente para sussurrar perto de seu pescoço.

— Não? Então por que está apertando tanto as coxas? E seus lábios… estão secos. Está nervosa, coelhinha?

— Está um dia quente hoje — desviou o olhar.

— Realmente é calor — concordei, fechando o cerco pelo outro lado. — Mas não o calor climático, e sim o calor que está sentindo agora. O calor que sobe pela sua pele só de nos ver. Só de estar aqui, sozinha conosco.

Luan tocou levemente seus ombros, suas mãos grandes acariciando sua pele. Ela estremeceu e recuou, tentando voltar a si.

— Parem com isso! Me deixem em paz, por favor. Eu vou embora.

— Olha só — Luan disse com seu sorriso sarcástico — acho que nossa coelhinha está excitada e nem sabe direito o que é isso.

Bruna nos fitou, genuinamente confusa.

— O quê? Como assim excitada?

Troquei um olhar com os irmãos, misto de incredulidade e fascinação. Ela realmente podia ser tão inocente a ponto de não não saber como era estar excitada?

Assumi a frente, minha voz suavizando, quase paternal.

— Calma, coelhinha. Acho que o que meu irmão quis dizer, de forma desajeitada, é que você está… ansiosa! Nervosa! É muita novidade de uma vez. Por que não senta um pouco? Relaxa. Lulu também parece estar se adaptando.

— Não, eu não posso — insistiu, mas com menos força. — Meu tio vai chegar daqui a pouco. Acho melhor eu ir embora. Com licença!

Ela se virou para sair, mas Luan e eu nos movemos com agilidade felina, bloqueando sua passagem com nossa parede de músculos. Ela recuou, e seu corpo esbarrou em Patrick, que estava atrás dela.

Ele a segurou gentilmente, mas firme. Podia sentir o calor dele, o perfume, a força contida. Ele se inclinou, sussurrando, sua voz um zumbido profundo que percorreu minha visão ao vê-la reagir:

— Por que não admite, mesmo que só para você mesma, que sente algo por nós, coelhinha? Por que não admite que toda essa confusão só existe porque você gostou de receber a pulseira com as nossas iniciais?

Mais populares

Comments

Julia

Julia

Cuidado com esses lobos coelhinha 🤣

2025-09-23

0

Julia

Julia

Saudades de um churrasco 😍

2025-09-23

0

Lucy

Lucy

Muito bom👏

2025-09-23

0

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!