Capítulo 04: Estratégia

...Patrick Silva Rocha...

A vida é uma questão de estratégia, de controle. Tudo pode ser conquistado se você souber as pessoas certas e tiver os recursos certos. E nós, os Silva Rocha, sempre tivemos ambos.

Algumas semanas atrás, estávamos os três, eu, Patrick, o mais velho, Luan e o caçula caio, falando sobre a Bruna Lacerda. Ela era um troféu, uma peça fundamental no nosso jogo de poder na cidade. Decidimos que ela seria nossa, mas a questão era a ordem. Então, fizemos um sorteio. E, como era de se esperar, a sorte sorriu para quem está no comando. Fui eu quem ganhou o direito de ser o primeiro a tê-la.

Para garantir que tudo saísse perfeitamente, acionei um de nossos ativos mais valiosos: minha ex-madrasta, Paula Lisboa. Uma mulher frívola e extremamente devota, que sempre despejou grandes doações na igreja que os Lacerda frequentam. Um telefonema foi suficiente. Convencei-a de que estava apaixonado por Bruna e queria tê-la como esposa, dentro dos "sagrados" laços do matrimônio. Claro, omiti a parte sobre meus irmãos. Paula, feliz por achar que estava fazendo uma boa ação, correu até o pastor João.

Dinheiro move o mundo, e move ainda mais os chamados homens de fé. Após uma doação generosa para os "cofres da igreja", o pastor João não só concordou como se tornou nosso maior defensor. Ele mesmo foi falar com a família Lacerda sobre o suposto filho devoto e abençoado que seria o marido perfeito para Bruna. A armadilha estava armada.

Mas Bruna era um plano para o futuro. Hoje era sobre outra coisa. Era sobre o presente.

Era hoje.

O dia que marcaria o início de tudo aquilo que havíamos decidido entre nós, o aniversário de dezoito anos da nossa coelhinha Bruna Lacerda. Chamá-la de “coelhinha” sempre teve um gosto especial para mim: diminutivos amolecem, diminuem a resistência, transformam pessoas em coisas. E Bruna... Bruna tinha a doçura idiota de quem nasceu aprendendo a obedecer. Aquilo nos fazia acreditar que o mundo seria nosso por pouco esforço.

Nós observávamos a casa dela de longe, como sempre. A janela do quarto de Bruna dava para o quintal da frente; era estúpido como a vida de outras pessoas se tornava transparente para quem tinha paciência de olhar. Vimos o movimento da família, as pequenas rotinas; vimos também, por muito tempo, o medo e a submissão disfarçados de obediência. Coisas assim facilitam o trabalho dos que se julgam merecedores.

Naquela manhã, sentados à mesa do café, eu disse o que precisava ser dito.

— Está tudo pronto — falei, sem rodeios. — Paula fez a parte dela, o pastor também. Agora é a nossa vez de agir.

Caio, o mais impaciente, bateu a xícara na mesa.

— Então por que esperar mais? Já devíamos ter feito isso ontem. Essa menina não vai ficar fugindo para sempre.

Luan, mais contido, cruzou os braços e respirou fundo.

— Você sempre quer correr, Caio. Mas não é assim que se ganha. Cada passo precisa ser calculado. Se errarmos, tudo vai por água abaixo.

Eu segurei o riso, mas deixei a tensão pairar um instante antes de responder.

— Ele tem razão, Luan. Mas também entendo o Caio. O tempo nos pressiona. Bruna não pode nem suspeitar.

Caio inclinou-se para frente, com aquele brilho de raiva que sempre lhe coube.

— Então vamos resolver logo. Você é quem fala com Paula, Patrick. O que mais falta?

— Só os últimos detalhes — expliquei. — A carta anônima, o presente… pequenas iscas para chamar a atenção dela. Se Bruna acreditar que existe um pretendente sério, tudo fica natural.

Luan arqueou a sobrancelha.

— Um cavalo de Troia.

— Exato. — sorri. — Ela verá um homem bom… mas ele serve a outra agenda.

Caio soltou uma risada seca.

— Agenda? Chama isso do que quiser. Eu só quero ver até onde essa santinha vai resistir.

Luan não respondeu de imediato. Segurava a colher como se ela fosse parte de algum cálculo interno. Finalmente, murmurou:

— Não é só sobre ela, é? É sobre nós termos o controle pela primeira vez.

Assenti devagar.

— Bruna representa o que sempre nos foi negado. Não só o corpo dela, mas o destino dela.

Caio ergueu a sobrancelha, malicioso.

— E vai ser um prazer dobrado. Porque não tem nada mais excitante do que ver uma menina dessas, cheia de pureza, ceder.

Eu soltei um riso baixo.

— Ceder, não. Ser conduzida. Há uma diferença.

Luan, sempre mais frio, completou:

— No fim, não vai importar. Ela será nossa, de qualquer forma.

Foi então que não resisti a me vangloriar. Olhei para os dois, deixando o silêncio pesar antes de dizer:

— Mas nunca esqueçam… eu serei o primeiro a tê-la nos braços.

Caio fez uma careta.

— Até quando vai continuar se gabando disso?

— Deixe de ser invejoso. — sorri, satisfeito. — Vocês se lembram do sorteio. Foi justo. A sorte escolheu. Eu serei o primeiro a sentir o gosto da coelhinha, a ouvir a respiração dela falhando quando finalmente fazê-la gozar.

Luan respirou fundo, e comentou:

— Pode se gabar seu desgraçado, você ganhou o troféu.

— Não precisa de ignorância, irmão. — rebati, firme.

Luan ainda parecia hesitar, mas seus olhos também ardiam com a mesma ganância que os nossos.

— Só espero que você não estrague tudo com esse orgulho.

— Orgulho? — balancei a cabeça. — Isso é conquista.

Apesar disso, senti um frio. Não medo, mas a expectativa contida de quem sabe que a engrenagem está prestes a girar.

Ficamos alguns segundos em silêncio, cada um com suas próprias imagens da nossa coelhinha na mente. Eu podia quase vê-la, delicada, se assustando com a intensidade de meus braços ao redor dela. Era uma visão que me incendiava por dentro. Aquele cabelo mel que cheiraria a flores do campo, sua cintura fina que minhas mãos quase conseguiam circundar por completo, o som do suspiro surpreso que ela soltaria... eram detalhes que me atormentavam e excitavam há anos.

Caio quebrou o silêncio com uma piada obscena, arrancando risadas de nós três. Era o riso dos que já decidiram cruzar uma linha e agora se protegem com humor. Mas, no fundo, todos sabíamos o peso do que estava para acontecer.

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Comments

Denise

Denise

Desconfiei que o tal pretendente poderia ser um dos três vizinhos, mas logo descartei essa ideia, pois os sobrenomes eram diferentes. Mas os três planejaram um golpe de mestre. Quero ver a reação de Bruna quando se deparar com Patrick. Tomara que ela não estrague o plano dos três vizinhos.

2025-10-20

0

Anonymous

Anonymous

Coitada da menina vai ser enganada por eles tem que fazer os três gamarem antes dela 😬😬

2025-11-07

0

Nancy Belo

Nancy Belo

Será que eles só querem ganhar o troféu 🏆 e ☺️ depois largar?

2025-10-13

0

Ver todos
Capítulos
1 Capítulo 01: Coelhinha
2 Capítulo 02: Em breve você será nossa
3 Capítulo 03: O Pretendente
4 Capítulo 04: Estratégia
5 Capítulo 05: Admite coelhinha
6 Capítulo 06: Ela quer ser nossa
7 Capítulo 07: O almoço de domingo
8 Capítulo 08: Beijo
9 Capítulo 09: Realizado
10 Capítulo 10: O plano tinha dado certo
11 Capítulo 11: Despedida de solteiro
12 Capítulo 12: Babaca
13 Capítulo 13: Quem é essa vadia?
14 Capítulo 14 Somos loucos por você
15 Capítulo 15 Parabéns, seu gênio
16 Capítulo 16: Coelhinha, eu preciso me explicar
17 Capítulo 17: Estou falando sério, Patrick
18 Capítulo 18: Por favor, coelhinha
19 Capítulo 19: Está tensa, coelhinha?
20 Capítulo 20: Você foi uma boa menina, coelhinha
21 Capítulo 21: A Culpa é dos Silva
22 Capítulo 22: Não deixa marca
23 Capítulo 23: O Limite da Razão
24 Capítulo 24: A Invasão dos Sonhos
25 Capítulo 25: Água Fria
26 Capítulo 26: A gente é apaixonado por ela
27 Capítulo 27: O Sabor
28 Capítulo 28: Como eu queria que fosse eu
29 Capítulo 29: O almoço de noivado
30 Capítulo 30: Muito prazer, noivo
31 capítulo 31 Pureza
32 Capítulo 32 Formiga
33 Capítulo 33 A tatuagem
34 Capítulo 34 Você sabe que eu não sou santo
35 Capítulo 35
36 Capítulo 36 você gosta de saber que eles te desejam?
37 Capítulo 37. Acabou
38 Capítulo 38. Engraçado
39 Capítulo 39. Quem porra é Rebeca, Patrick?
40 Capítulo 40. Dois idiotas
41 Capítulo 41: O que aconteceu
42 Capítulo 42: Você também me ama?
Capítulos

Atualizado até capítulo 42

1
Capítulo 01: Coelhinha
2
Capítulo 02: Em breve você será nossa
3
Capítulo 03: O Pretendente
4
Capítulo 04: Estratégia
5
Capítulo 05: Admite coelhinha
6
Capítulo 06: Ela quer ser nossa
7
Capítulo 07: O almoço de domingo
8
Capítulo 08: Beijo
9
Capítulo 09: Realizado
10
Capítulo 10: O plano tinha dado certo
11
Capítulo 11: Despedida de solteiro
12
Capítulo 12: Babaca
13
Capítulo 13: Quem é essa vadia?
14
Capítulo 14 Somos loucos por você
15
Capítulo 15 Parabéns, seu gênio
16
Capítulo 16: Coelhinha, eu preciso me explicar
17
Capítulo 17: Estou falando sério, Patrick
18
Capítulo 18: Por favor, coelhinha
19
Capítulo 19: Está tensa, coelhinha?
20
Capítulo 20: Você foi uma boa menina, coelhinha
21
Capítulo 21: A Culpa é dos Silva
22
Capítulo 22: Não deixa marca
23
Capítulo 23: O Limite da Razão
24
Capítulo 24: A Invasão dos Sonhos
25
Capítulo 25: Água Fria
26
Capítulo 26: A gente é apaixonado por ela
27
Capítulo 27: O Sabor
28
Capítulo 28: Como eu queria que fosse eu
29
Capítulo 29: O almoço de noivado
30
Capítulo 30: Muito prazer, noivo
31
capítulo 31 Pureza
32
Capítulo 32 Formiga
33
Capítulo 33 A tatuagem
34
Capítulo 34 Você sabe que eu não sou santo
35
Capítulo 35
36
Capítulo 36 você gosta de saber que eles te desejam?
37
Capítulo 37. Acabou
38
Capítulo 38. Engraçado
39
Capítulo 39. Quem porra é Rebeca, Patrick?
40
Capítulo 40. Dois idiotas
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42
Capítulo 42: Você também me ama?

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