CAPÍTULO 5

Capítulo 5 — Alice Castellan

(narrado por Alice)

Eu sempre soube que nasci para muito mais do que me davam. Desde menina, enquanto Helena colecionava livros de contabilidade e passava horas trancada estudando números e relatórios, eu colecionava olhares, suspiros e atenção. Ela acreditava que ser respeitada vinha de diplomas e esforço, eu sempre soube que respeito verdadeiro vem do poder de ser desejada, de ser lembrada, de ser aquela que todos querem ter por perto mas poucos podem tocar.

E sim, eu sei o que estão pensando. Que tipo de mulher deseja o marido da própria irmã? Que tipo de irmã seria capaz de deitar na cama que não lhe pertence? Eu? Eu não vejo problema nenhum em admitir. Helena nunca foi mulher suficiente para Eduardo. Não me olhem como se eu fosse a vilã da história. Se ele me quis, é porque algo nele sempre gritou por mim. Helena era só o arranjo perfeito, a boneca obediente colocada naquele altar para unir Castellan e Mendes. Nada mais.

Quando penso em Eduardo antes do acidente, lembro de como ele me olhava em segredo. Helena nunca percebeu, claro. Sempre ocupada demais cuidando das planilhas e fingindo que tinha um casamento de verdade. Eu, não. Eu vi. E quando ele perdeu a visão, foi quase engraçado. Ela se dedicou a ele como uma santa, limpando suas feridas, guiando cada passo, sacrificando a própria juventude por um homem que nunca a amou. E quando os olhos dele voltaram a ver, foi a mim que ele escolheu enxergar de verdade.

Eu gosto do poder que tenho sobre ele. Do jeito que sua boca diz meu nome, da forma como ele se rende sem perceber. Helena pode me chamar de vadia, de traidora, de o que quiser. Mas no fim, ela perdeu. Ela nunca foi rival para mim.

Os corredores da Castellan Corporation agora são meu palco. Eu entro e todos olham. Ouço os sussurros, claro. “É a irmã mais nova, a nova companheira do presidente.” Alguns cochicham com malícia, outros com inveja, mas todos me olham. E é isso que importa. Helena andava por esses corredores como sombra, com roupas sóbrias, quase cinzentas, apagada. Eu não. Eu brilho. Meus vestidos são sob medida, salto alto marcando cada passo, batom vermelho denunciando minha boca. E eu sorrio. Sempre sorrio, porque eu sei que eles me observam.

Às vezes, penso se Helena ainda consegue dormir. Imagino-a na casa da amiga patética, chorando, afogando mágoas em vinho barato. Ela pode tentar se reerguer, pode fingir que tem força, mas no fim continua sendo o patinho feio. Eu sou o cisne.

Quero mais. Não apenas Eduardo. Não apenas o título de esposa que será meu assim que o divórcio estiver concluído. Quero a Castellan Corporation inteira. Não fui feita para papéis secundários. A presidência deveria ser minha. Eduardo é inteligente, sim, mas previsível. Eu consigo manipular seus humores, sei como seduzir e ao mesmo tempo comandar. Uma palavra certa ao pé do ouvido, e ele acredita que a decisão foi dele.

A empresa é o verdadeiro troféu. Helena acha que ainda tem algum poder porque assinou aquele contrato ridículo que a deixou como vice-presidente. Coitada. Papel não manda em nada quando a influência já está em minhas mãos. Os funcionários riem dela, a comparam comigo, comentam como a irmã mais nova é mais elegante, mais jovem, mais bonita. Eu escuto e me delicio. O golpe final será inevitável: derrubar Helena não apenas do coração de Eduardo, mas também da cadeira que ela tanto se orgulha de ocupar.

Eu aprendi cedo que bondade não leva ninguém a lugar algum. Ganância? Talvez chamem assim. Eu chamo de ambição. Helena sempre foi ensinada a ser a filha perfeita, a responsável, a confiável. Eu? Sempre disseram que eu era fogo demais, ousadia demais, beleza demais. Eles tentaram me apagar, me controlar, mas não conseguiram. Hoje, sou a chama que queima cada uma das expectativas que colocaram em mim.

Naquela manhã, vesti meu conjunto favorito: saia lápis preta, camisa de seda branca que realçava o decote de maneira estratégica, saltos que ecoavam como troféus no mármore da empresa. Eduardo me esperava em sua sala, olhar faminto que tentava disfarçar sob a fachada de CEO. Sentei no colo dele sem cerimônia, sentindo os músculos tensos relaxarem sob meu peso.

— Alice, você precisa ser mais discreta — ele murmurou, mas não me afastou.

Sorri. Sempre sorrio quando sei que já venci.

— Eduardo, querido, quem precisa ser discreta é Helena. Ela é a sombra que ninguém nota. Eu sou a luz.

Ele não respondeu, apenas me puxou para um beijo possessivo. E naquele beijo eu entendi, mais uma vez, que já o tinha em minhas mãos.

Sei que o tempo jogará contra Helena. Ela pode até tentar se reinventar, pode até se encher de vaidade e voltar transformada, mas já perdeu o mais importante: espaço. O mundo empresarial não respeita fragilidade. Aqui, quem sangra, perde.

E eu? Eu nunca sangro.

ALICE CASTELLAN 25 ANOS.

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Comments

Severa Romana

Severa Romana

esses dois canalhas tem que pagar..e na da Helena perdoar é voltar pra esse traste ..pelo amor

2025-08-29

1

Marcia Cristina Sarti Maciel

Marcia Cristina Sarti Maciel

autora não demora pra voltar tô ansiosa Helena tem que mostrar pra ele como a banda toca

2025-08-29

0

Maria Luísa de Almeida franca Almeida franca

Maria Luísa de Almeida franca Almeida franca

que escória tomará que ela deixe ele falido idiota

2025-08-30

0

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