A casa Ross

Chegamos na casa a tarde, e nada era como eu podia ter imaginado.

                Primeiro, não ficava exatamente na cidade, mas no topo de uma colina. E, pelo que observei, os vizinhos mais próximos eram bem afastados.

                Segundo, era enorme. Depois que passamos pelos portões de ferro, fui me sentindo pequena enquanto nos aproximávamos. Tive a impressão de que não precisaria dividir banheiro ou quarto.

                Estava bem nublado, então estava escuro. Susan me puxou para dentro rapidamente, fugindo das primeiras gotas de chuva, deixando as malas para depois.

                A sala, o primeiro cômodo que vi, até que era bem aconchegante. Os sofás eram em tons de cinza e haviam cortinas enormes nas janelas de vidro. Estava vazia, mas um cheiro bom invadia o ambiente.

                - Eles devem estar na cozinha. – Susan me chamou.

                A segui por um corredor até uma cozinha muito bem equipada, cheia de coisas que não tinham na minha antiga casa. Tudo parecia novo, moderno e impecável – com exceção da bancada com coisas espalhadas em cima.

                Um homem, que só podia ser meu tio Robert, colocava várias tortas de morango enfileiradas em uma bandeja. Ele sorriu para mim de um jeito amistoso.

                - Oi, Samantha. – sua voz era forte, mas acolhedora.

                Ao seu lado, surgiu um garoto que era praticamente sua versão mais jovem. Os mesmos cabelos finos, olhos amendoados e escuros e lábios perfeitamente desenhados.

                - Oi. Eu sou o Eric. – até mesmo o jeito de falar era semelhante.

                - Oi. – minha voz saiu baixa, tímida.

                Eric pegou uma das tortas e colocou num prato.

                - Está com fome? Fizemos para você.

                Aceitei, segurando o prato com uma mão. Três pares de olhos me observavam com expectativa. Nervosa, tirei uma pequena mordida.

                - Uau... – suspirei, me deliciando.

                - Sabia que você ia gostar. – Eric se animou, feliz.

                Susan e Robert pareciam aliviados também, e eu gostava que se sentissem bem, mas precisava de tempo para processar. Era um turbilhão de coisas acontecendo.

                - Acho que preciso descansar... – falei, cansada.

                - Ah, é claro. – Susan se apressou – Seu quarto está pronto.

                - Pode deixar, mãe. – Eric se ofereceu – Eu mostro.

                Segui o garoto até as escadas que levavam ao andar superior. O vento começava a ficar forte do lado de fora, a chuva se transformando em uma tempestade.

                O andar de cima tinha uma outra sala semelhante à do andar de baixo, bem no meio de dois corredores.

                - Do lado direito, são os quartos dos meus pais e dos gêmeos. – Eric apontou – Aqui na esquerda, são o meu e o do Murilo. E agora o seu também.

                Seguimos para aquele lado.

                - O de frente com o seu é o meu. – Eric gesticulou para a porta fechada – Caso precise de algo é só me chamar.

                Nós paramos na frente da minha porta e ele sorriu cordialmente.

                - Obrigada, Eric. – eu não conseguia transmitir a mesma felicidade.

                - Tudo bem. – ele abriu a porta para mim – Fique à vontade.

                Eu entrei, tentando absorver tudo. O lugar era espaçoso o suficiente para ter cama, cômodas, guarda-roupa, uma escrivaninha e um sofá. A porta de vidro da varanda estava fechada, mas com as cortinas abertas – o que me dava uma boa visão do céu tempestuoso.

                E minha preocupação d éter que dividir banheiro era mesmo infundada. Eu tinha um só para mim, bem equipado e cheiroso.

                - Você gostou? – Eric estava parado na porta, esperando.

                - É ótimo. – elogiei com sinceridade.

                Ele se aproximou lentamente.

                - Sei que deve parecer tudo estranho, mas estamos felizes por te receber. Realmente pode falar comigo se precisar, sem restrições.

                Aquele pequeno gesto de empatia foi suficiente para meus olhos arderem. Eu não queria que Eric notasse, mas ele era bem perceptivo, e já parecia querer me dar um abraço ou algo do tipo.

                - Bom, obrigada. Mas eu preciso descansar.

                - Ah, ok.

                Assim que a porta foi fechada, tirei os sapatos e deitei na cama. Era duas vezes mais macia que a cama que eu dormia, e os lençóis pareciam caros.

                Eu precisava de Kevin. Peguei o celular no bolso, mas ele estava completamente sem sinal.

                - Não, não, não... – gemi.

                Comecei a procurar sinal em todos os cantos do quarto, e quando não deu resultado, abri a varanda e ignorei o vento frio.

                Erguendo o braço o mais alto possível, dei alguns passos antes de uma voz me assustar.

                - Isso não vai funcionar.

                Segurei o grito e girei na direção da voz. Um garoto loiro estava sentado em um dos sofás espalhados – e que eu nem tinha notado -, acomodado embaixo de um cobertor.

                - Aqui é ruim de sinal. – ele continuou, inabalável – Principalmente com um tempo desses.

                Frustrada, enfiei o celular de novo no bolso. Eu não contava com isso, imaginei que Kevin e eu poderíamos manter o contato o tempo todo. Será que ele já tinha tentado ligar?

                - Você é a Samantha, não é?

                - Sou. – nem me preocupei em saber qual dos garotos Ross era aquele.

                - Eu sou o Otávio. – ele se apresentou, ignorando minha grosseria.

                Balancei a cabeça em sinal positivo, cruzando os braços e observando a chuva. Eu me sentia exatamente como aquela tempestade por dentro.

                - Quer um cobertor? – Otávio ofereceu.

                - Não, obrigada.

                Então, dei as costas e voltei para o quarto.

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Comments

Solange Borkovski

Solange Borkovski

adorando seu novo livro! /Drool//Drool//Drool//Drool/

2025-08-30

1

Solange Borkovski

Solange Borkovski

É muitos para lembrar quem é quem kkkkkkkkkkkk

2025-08-30

1

Ver todos

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