FINGINDO AMAR ( YAOI/BL )
Se alguém me dissesse há três meses que eu beijaria meu chefe sem permissão na frente dos meus pais, eu diria que era loucura. Mas às vezes o desespero nos faz fazer coisas impensáveis.
Meu nome é Oliver Miller, tenho vinte e sete anos, e sou secretário do CEO mais poderoso - e inalcançável - de Nova York. Sebastian Blackwood. O homem por quem estou perdidamente apaixonado há dois anos.
Tudo começou com uma mentira inocente.
Meus pais, Margaret e Robert Miller, sempre foram... exigentes. Rígidos seria um eufemismo. Para eles, sucesso é medido por status social, dinheiro e, principalmente, um "bom casamento". Ser gay já era motivo suficiente para decepcioná-los - imaginem descobrir que seu único filho estava solteiro aos vinte e sete anos, trabalhando como secretário.
Então, numa ligação particularmente tensa no mês passado, quando minha mãe começou seu discurso habitual sobre "encontrar alguém respeitável", as palavras saíram da minha boca antes que eu pudesse detê-las:
"Na verdade, eu estou namorando. Com meu chefe."
O silêncio do outro lado da linha foi ensurdecedor.
"Sebastian Blackwood", continuei, cavando minha própria cova. "O CEO da Blackwood Industries."
Pronto. Estava feito. Uma mentira gigantesca que me daria paz por algumas semanas - ou assim eu pensava.
Claro que eles quiseram detalhes. Claro que ficaram impressionados. E claro que decidiram fazer uma "visita surpresa" para conhecer meu suposto namorado.
Foi assim que me encontrei numa manhã de terça-feira, vendo meus pais atravessarem o lobby da empresa com suas roupas caras e sorrisos forçados, enquanto eu entrava em pânico total.
Sebastian estava em seu escritório, provavelmente revisando contratos, completamente alheio ao furacão que estava prestes a destruir sua manhã. Eu tinha aproximadamente trinta segundos para impedir um desastre.
Bati na porta e entrei sem esperar resposta.
"Sebastian, eu preciso te contar algo muito important—"
"Miller." Ele nem levantou os olhos dos documentos. "Se não for urgente, pode esperar. Tenho uma reunião em quinze minutos."
Seus cabelos negros caíam perfeitamente sobre a testa, os olhos escuros concentrados no trabalho. Mesmo estressado, meu coração disparou como sempre acontecia perto dele.
"Na verdade, é sobre isso. Meus pais estão—"
A porta se abriu.
"Oliver, querido!" A voz aguda da minha mãe ecoou pelo escritório. "Esperamos que não se importe com a surpresa!"
Sebastian finalmente levantou o olhar, e eu vi a confusão se espalhar por seu rosto perfeito. Seus olhos se moveram entre mim e meus pais, claramente tentando entender a situação.
Meu pai deu um passo à frente, estendendo a mão com um sorriso político. "Você deve ser Sebastian Blackwood. Sou Robert Miller, pai do Oliver. Estamos ansiosos para conhecer o... namorado do nosso filho."
O mundo parou.
Sebastian me olhou com uma expressão que misturava choque, confusão e algo que poderia ser interpretado como traição. Suas sobrancelhas se franziram levemente, a boca se abriu como se fosse dizer algo.
Eu não podia deixar isso acontecer. Não podia deixar que ele negasse tudo ali mesmo e me humilhasse na frente dos meus pais.
Sem pensar, sem planejar, sem qualquer vestígio de sanidade, atravessei o escritório em três passos rápidos, coloquei as mãos nos ombros de Sebastian e o beijei.
Foi um beijo desesperado, rápido, mais um encontro de lábios do que qualquer coisa romântica. Mas foi o suficiente para que meu mundo inteiro mudasse de cor.
Sebastian ficou completamente imóvel por um segundo que pareceu uma eternidade. Seus lábios eram mais macios do que eu imaginava, e por um momento insano, pensei sentir uma leve pressão de volta.
Quando me afastei, nossos rostos ainda estavam próximos. Pude ver cada detalhe dos seus olhos escuros, a surpresa ainda gravada neles, e sussurrei baixo demais para meus pais ouvirem:
"Me perdoa. Por favor, apenas... me ajuda com isso."
Então me virei para meus pais com o sorriso mais falso da minha vida.
"Desculpem a... efusividade. Senti saudades dele." Minha voz saiu mais aguda do que o normal.
Minha mãe estava boquiaberta, com as bochechas levemente coradas. Meu pai parecia satisfeito, como se finalmente tivesse encontrado algo a provável na minha vida.
Sebastian ainda não havia dito uma palavra. Podia sentir seu olhar pesando nas minhas costas como fogo.
"Bem", minha mãe finalmente se recompôs, "que... lovely. Sebastian, é um prazer conhecê-lo finalmente."
Foi então que ouvi sua voz pela primeira vez desde o beijo, baixa e controlada, mas com uma tensão que apenas eu parecei notar:
"O prazer é meu, Mrs. Miller."
O resto da visita passou como um borrão. Sebastian, sendo o profissional consumado que é, representou o papel perfeitamente. Respondeu perguntas vagas sobre nosso "relacionamento", foi charmoso na medida certa, e até mesmo colocou a mão na minha cintura quando meus pais tiraram uma foto.
Mas eu sabia. Pela rigidez em seus ombros, pela maneira como evitava meu olhar, pela tensão quase tangível no ar - eu sabia que havia cruzado uma linha da qual não poderia voltar.
Depois que meus pais saíram, satisfeitos e orgulhosos, ficamos sozinhos no escritório em um silêncio ensurdecedor.
Sebastian se aproximou da janela, as mãos nos bolsos, e ficou de costas para mim por longos minutos. Quando finalmente se virou, sua expressão era indecifrável.
"Precisamos conversar", disse ele, a voz baixa e perigosamente calma. "Agora."
E foi assim que minha mentira inocente se transformou no momento que mudaria nossas vidas para sempre.
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**Continua no Capítulo 1...**
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Atualizado até capítulo 32
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