Capítulo 5 – Jogando com o Dom

A noite caiu sobre Palermo como um manto pesado. As luzes da mansão de Lorenzo brilhavam na escuridão, mas por dentro, o clima estava longe de ser acolhedor. Eu estava sentada diante da penteadeira, penteando o cabelo, enquanto pensava no que havia visto no porto. A violência dele não me assustava tanto quanto eu esperava. Talvez porque, de alguma forma distorcida, eu já começasse a entender que, ao lado dele, eu tinha mais poder do que jamais teria sozinha.

Quando bateram à porta, não esperei convite.

— Entre.

Lorenzo entrou, vestindo uma camisa preta justa, as mangas arregaçadas revelando os antebraços fortes. Ele me observou por alguns segundos, como se estudasse meus pensamentos.

— Está muito silenciosa, piccola.

— Estou pensando.

— Sobre?

— Sobre o que você me disse no porto… que com você não existe meio-termo.

Ele se aproximou, parando atrás de mim. O reflexo no espelho mostrava seus olhos escuros fixos nos meus.

— E já decidiu de que lado está?

Virei-me devagar, ficando de frente para ele.

— Talvez… — minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia. — Mas acho que você gosta mais quando eu não obedeço tão fácil.

Um sorriso lento se formou nos lábios dele.

— Gosto de um bom desafio. Mas também gosto de deixar claro quem manda.

De repente, ele segurou meu pulso, puxando-me para ficar de pé. O toque era firme, possessivo, mas carregado de calor. Sua mão deslizou pela minha cintura, puxando-me contra ele.

— Você tem essa mania de testar meus limites… mas eu garanto que os meus são muito mais perigosos que os seus.

Antes que eu pudesse responder, ele me beijou. Não foi um beijo suave — foi exigente, intenso, como se quisesse provar um ponto. Minhas mãos instintivamente subiram para seus ombros, sentindo a força sob o tecido. Quando tentei recuar, ele segurou minha nuca, aprofundando o beijo até que o ar se tornasse escasso.

— Está com medo agora, piccola? — murmurou contra minha boca.

— Não… — menti outra vez, e ele sorriu, como se tivesse acabado de ganhar um jogo.

Ele me ergueu, me fazendo sentar na penteadeira, e por alguns minutos, o mundo se resumiu ao calor do corpo dele contra o meu, às mãos explorando minha pele e ao som irregular da nossa respiração.

Quando finalmente se afastou, havia algo diferente no olhar dele — não era só desejo, mas também curiosidade.

— Você não é como as outras.

— Talvez seja porque eu não pedi para estar aqui.

Ele soltou uma risada breve, mas não respondeu. Em vez disso, tirou algo do bolso e colocou sobre a penteadeira: uma pasta de couro.

— Reconhece este nome? — perguntou, mostrando um documento.

Meu coração parou por um instante. Era uma cópia de um contrato assinado pelo meu pai… com um nome que eu não via há anos. Um antigo “amigo” dele, envolvido em negócios sujos.

— Ele está escondido em Milão — disse Lorenzo, observando cada reação minha. — E não é só o seu pai que quer encontrar ele… eu também tenho contas a acertar.

Aquela informação caiu como gasolina sobre o fogo da minha raiva. Pela primeira vez, percebi que Lorenzo não era só um obstáculo… ele podia ser a arma que eu precisava.

— Então talvez possamos ajudar um ao outro, Dom Moretti… — murmurei, tocando levemente o colarinho da camisa dele.

Ele segurou minha mão, inclinando-se para falar perto do meu ouvido.

— Ou talvez… eu só esteja ajudando a mim mesmo, e você seja apenas parte do jogo.

A forma como ele disse aquilo, lenta e controlada, fez meu corpo se arrepiar. Mas dentro de mim, eu já sabia: o jogo tinha começado… e eu também sabia jogar.

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Atualizado até capítulo 33

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