A manhã chegou abafada, como se o ar carregasse eletricidade. Ainda estava deitada quando a porta se abriu sem aviso. Lorenzo entrou, sem pressa, usando apenas uma camisa branca parcialmente aberta e calça social. O cheiro de seu perfume invadiu o quarto antes dele.
— Levante-se — disse, a voz grave, sem espaço para discussão.
— Nem um “bom dia”? — provoquei, erguendo-me lentamente, deixando o robe de seda deslizar pelos ombros.
Ele se aproximou, os olhos me percorrendo de cima a baixo como se medisse exatamente quanto controle eu tinha sobre aquele jogo.
— Bom dia, piccola… agora obedeça.
Antes que eu pudesse reagir, sua mão firme agarrou meu queixo, inclinando meu rosto para cima.
— Ontem, você achou engraçado me desafiar. Hoje, vai aprender que não existe desafio sem consequência.
Meu coração disparou, mas não desviei o olhar. Ele soltou meu queixo apenas para segurar meu pulso, puxando-me até a parede. O contato foi firme, dominante, mas não brutal.
— Você vai entender uma coisa, Chloe… — Ele se aproximou tanto que seus lábios roçaram meu ouvido. — Quando eu quero algo, eu tomo.
Sua mão deslizou pela lateral do meu corpo, lenta, exploratória, como se gravasse cada curva na memória. Meu corpo respondeu antes da minha mente, um arrepio subindo pela espinha.
— Você está com medo? — ele perguntou, quase sussurrando.
— Não — menti.
O sorriso que senti contra minha pele deixou claro que ele não acreditou.
— Bom… porque isso não é nem o começo.
Antes que a tensão se transformasse em algo mais, um bater urgente na porta interrompeu. Um dos homens de Lorenzo entrou, respirando rápido.
— Dom Moretti, temos um problema.
Ele me soltou, virando-se para o homem.
— Fale.
— Houve um ataque ao nosso carregamento no porto. Dois mortos, e um dos nossos foi levado.
O rosto de Lorenzo ficou mais sombrio.
— Prepare o carro.
Ele se virou para mim.
— Você vem comigo.
— Por quê? — questionei, ainda tentando recuperar o fôlego.
— Porque quero que veja, piccola. Quero que entenda o que significa viver no meu mundo.
Minutos depois, estávamos no carro. As ruas passavam rápidas até chegarmos ao porto. O cheiro de sal e pólvora pairava no ar. Homens armados estavam espalhados, alguns carregando corpos cobertos por lonas.
No meio da confusão, Lorenzo caminhava como se fosse o dono de cada pedaço daquele lugar. E, de fato, era. Aproximou-se de um homem amarrado e ajoelhado, com marcas de espancamento.
— Quem te mandou? — perguntou Lorenzo, a voz calma, mas letal.
— Eu… eu não sei… — o homem balbuciou.
Um gesto rápido, e um dos capangas de Lorenzo segurou o homem pelo cabelo. Lorenzo ajoelhou-se diante dele, o olhar frio.
— Mentirosos não duram muito comigo.
O que aconteceu depois foi rápido e violento. Eu desviei o olhar, mas o som do grito ecoou em minha mente. Quando olhei de volta, Lorenzo já estava de pé, limpando as mãos no lenço que um dos homens lhe entregou.
Ele veio até mim, parando tão perto que só eu podia ouvir.
— Agora você sabe, Chloe… comigo, não existe meio-termo. Ou está ao meu lado… ou debaixo da terra.
Aquela frase, dita com tanta calma, fez meu coração bater mais rápido. E, estranhamente, não era só medo que eu sentia. Era uma excitação perigosa, a sensação de que, de alguma forma, eu queria continuar a ver até onde ele iria.
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Atualizado até capítulo 33
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