O cheiro de comida italiana se espalhava pelo ar quando batiam à porta do meu quarto. Uma das empregadas entrou, carregando um vestido longo, vermelho, com um decote profundo.
— Ordem do senhor Moretti — disse ela, deixando a peça sobre a cama antes de sair.
Fiquei olhando para o tecido, como se ele fosse uma armadilha. Talvez fosse. Ainda assim, vesti-o.
O caimento era perfeito, marcando minha cintura e expondo mais pele do que eu gostaria. Passei batom e soltei o cabelo, não por obediência… mas porque eu sabia que aquilo chamaria atenção dele.
Quando desci, Lorenzo já estava sentado à mesa de jantar. O terno preto destacava ainda mais os ombros largos e a postura imponente. Ele me observou caminhar até a cadeira, um olhar lento e intenso, que me queimava por dentro.
— Vermelho — disse ele, com um leve sorriso. — Uma cor que exige coragem.
— Ou ousadia — respondi, servindo-me de vinho.
Ele inclinou a cabeça, avaliando cada palavra como se fosse parte de um jogo.
— Talvez as duas coisas.
O jantar começou em silêncio, apenas o som dos talheres e da lareira crepitando ao fundo. Até que ele largou os talheres e recostou-se na cadeira.
— Hoje cedo, você me seguiu.
Congelei por um instante, mas mantive a expressão neutra.
— Curiosidade.
— Curiosidade é perigosa no meu mundo, piccola.
— E obediência cega também — retruquei.
O silêncio que se seguiu foi pesado. Ele não parecia irritado… mas algo em seu olhar me dizia que tinha acabado de anotar meu “desafio” para mais tarde.
— Levante-se — ordenou, com a voz baixa, mas carregada de autoridade.
Arqueei uma sobrancelha.
— Por quê?
— Porque eu disse.
Mantendo o queixo erguido, levantei-me lentamente. Ele contornou a mesa e veio até mim, parando tão perto que pude sentir o calor de seu corpo. Seu perfume amadeirado e o leve toque de fumaça no ar me cercavam.
— Você gosta de provocar… mas se continuar assim, vai descobrir como eu lido com insolência. — Sua mão subiu, tocando meu queixo e inclinando meu rosto para cima. — E aviso… não sou gentil.
Meu coração disparou, mas não recuei.
— Talvez eu queira descobrir.
O sorriso que ele deu não era amigável. Era faminto.
— Cuidado, Chloe… esse jogo pode te consumir inteira.
Antes que eu respondesse, ele se afastou, como se tivesse decidido me deixar com a curiosidade corroendo por dentro. Voltou para a cadeira e retomou o jantar como se nada tivesse acontecido. Mas o ar estava carregado, e cada vez que nossos olhares se encontravam, havia uma promessa silenciosa ali.
Após o jantar, ele me acompanhou até o andar de cima. Parou diante da porta do meu quarto, inclinando-se para falar próximo ao meu ouvido.
— Amanhã… você começa a aprender o que significa ser minha esposa.
Sua voz grave soou mais como ameaça e convite ao mesmo tempo.
Quando a porta se fechou atrás de mim, percebi que minhas mãos tremiam. Não era medo. Era antecipação. E isso me assustava mais do que qualquer arma que ele pudesse empunhar.
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Atualizado até capítulo 33
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