Capítulo 2 – As Regras do Jogo

O sol de Palermo entrava pelas cortinas pesadas, projetando um brilho dourado no quarto luxuoso onde eu havia passado a noite. Luxo que não me iludia — aquelas paredes douradas eram só uma jaula mais cara.

O vestido justo da noite anterior estava sobre a poltrona, e no lugar dele, um robe de seda preta havia sido deixado sobre a cama. Suspirei, enrolando o tecido no corpo antes de sair para explorar o lugar.

Desci as escadas em silêncio, mas não precisei procurar muito. Lorenzo estava na sala de jantar, sentado à cabeceira de uma longa mesa, com um café expresso na mão e o jornal aberto. Ele levantou os olhos assim que me aproximei.

— Bom dia, piccola. Dormiu bem? — o tom carregava uma ironia quase imperceptível.

— Dormi como alguém que foi vendida como pagamento de dívida — retruquei, sentando-me sem ser convidada.

Um canto da boca dele se ergueu.

— Ainda com a língua afiada. Isso vai tornar as coisas interessantes.

— Não estou aqui para te entreter — respondi, servindo-me de café.

Ele inclinou-se para frente, apoiando os braços sobre a mesa.

— Está aqui para obedecer.

A frase caiu no ar como uma ordem velada. Nossos olhares se prenderam, e por alguns segundos, parecia uma disputa para ver quem desviaria primeiro. Eu não desviei.

— Então… quais são as regras do seu “reino”? — perguntei, cruzando as pernas de propósito, vendo o olhar dele descer por um instante antes de voltar aos meus olhos.

— Regra número um: não mente para mim. Regra número dois: não me desafia diante de outros. Regra número três… — ele parou, a voz ficando mais grave — não sai desta casa sem minha permissão.

— E se eu quebrar alguma dessas? — perguntei, arqueando uma sobrancelha.

O sorriso que ele me deu não tinha nada de caloroso.

— Então vai descobrir que minha paciência tem limites… e que meu jeito de ensinar lições não é suave.

Antes que eu respondesse, um dos homens de Lorenzo entrou apressado, cochichando algo em seu ouvido. Ele se levantou, a postura mudando para algo letal.

— Tenho negócios para resolver. Você vai ficar aqui.

— Não vai me dizer que negócios são esses? — questionei, meio por curiosidade, meio para provocar.

— Não é da sua conta… ainda.

Ele passou por mim, mas antes de sair, parou atrás da minha cadeira. Sua mão deslizou pelo meu ombro, apertando de leve. Um toque possessivo, quase ameaçador, mas com calor suficiente para fazer meu corpo reagir contra a minha vontade.

— Vou voltar antes do jantar. Esteja pronta. — a última frase soou mais como promessa do que como ordem.

Quando ele se foi, aproveitei para explorar a mansão. Os corredores eram longos, cheios de portas trancadas. No segundo andar, encontrei uma varanda que dava para o jardim. Foi lá que vi: dois homens arrastando outro, ensanguentado, em direção a um galpão nos fundos. Um dos capangas carregava um taco de beisebol.

Meu estômago se revirou, mas meus pés me levaram até lá sem pensar. Encostei-me discretamente na porta entreaberta. O homem amarrado estava ajoelhado, com o rosto inchado e sangrando.

Lorenzo estava na frente dele, tirando o paletó com calma.

— Você me roubou — disse ele, a voz baixa, mas tão carregada de ameaça que gelava o ar. — E na minha família… traição se paga em sangue.

O som do primeiro golpe ecoou no galpão. O homem gritou, e Lorenzo permaneceu impassível, cada movimento calculado.

Não consegui desviar o olhar — não sei se horrorizada… ou fascinada. Era brutal, mas havia algo magnético na forma como ele comandava a cena, como se nada pudesse tocá-lo.

De repente, seus olhos encontraram os meus na porta. Por um segundo, ele ficou imóvel. Depois, um sorriso lento surgiu.

— Leve-a de volta para dentro — ordenou a um dos guardas. — Ela ainda não está pronta para este tipo de lição.

Fui arrastada de volta, mas aquela imagem ficou na minha mente. Lorenzo Moretti não era apenas um homem perigoso. Ele era o próprio perigo — e eu estava presa a ele.

Quando voltei para o quarto, minhas mãos tremiam… mas não era só medo. Era algo mais. Algo que eu não queria admitir nem para mim mesma.

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Comments

Marcia Reis

Marcia Reis

Misericórdia já ficou gamado na torturara essa doida. 👹👹👹👹

2025-08-19

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Atualizado até capítulo 33

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