Capítulo 5 - Confissões

O clima na mansão estava diferente naquele dia. A movimentação dos funcionários, o entra e sai de caixas com taças de cristal, os arranjos florais importados sendo posicionados nos cantos do salão.

Haveria um jantar.

Um evento elegante, exclusivo com investidores, figuras influentes e olhares atentos. Bernardo Vilela não era apenas um CEO; ele era o nome por trás de uma das maiores empresas de tecnologia de Nova Iorque, e jantares como aquele eram parte do jogo de poder.

Luna foi chamada cedo por Madeleine.

— Você vai cuidar da biblioteca. O senhor Vilela quer que esteja impecável, como nas fotos de revista. Tapetes alinhados, livros por cor e altura, poltronas limpas, bebidas dispostas com taças e copos certos. Entendido?

— Entendido — respondeu com firmeza, sem deixar transparecer o frio na barriga.

Era a primeira vez que teria tamanha responsabilidade sozinha. Mas aceitou o desafio como quem aceita enfrentar um furacão: de cabeça erguida.

Durante a tarde, Luna trabalhou em silêncio absoluto. Trocou o tapete, aspirou cada fresta do piso de madeira, limpou cada lombada dos livros, alinhou os quadros, posicionou as poltronas como se medisse com os olhos.

A biblioteca era seu refúgio dentro daquela mansão. Silenciosa, elegante, quente.

No canto, uma lareira apagada. Na parede oposta, uma estante que ia do chão ao teto. Luna a observava como se fosse um mundo inteiro. E talvez fosse.

Com tudo pronto, ajeitou um dos quadros que estava um pouco torto. Foi quando ouviu passos atrás de si. Não precisou virar. Já sabia quem era.

— Não sei se é sorte ou estratégia, mas você faz tudo parecer fácil — disse Bernardo, observando o ambiente.

Ela virou-se devagar, mantendo a postura.

— Não é fácil. Eu só faço com atenção.

Ele deu alguns passos, analisando os detalhes.

— Você tem um bom olho. Tudo está milimetricamente no lugar.

Ela sorriu de leve.

— O senhor disse que gosta de controle. Estou tentando manter o seu mundo organizado.

Ele a fitou por um segundo a mais do que o necessário.

— Está funcionando.

Por um instante, apenas o som de uma música instrumental distante preenchia o ar.

— Estará presente no jantar? — ela perguntou, tentando puxar de volta o profissionalismo.

— Claro. Eles vêm por mim, afinal.

— Então espero que sua biblioteca impressione tanto quanto seus discursos.

Ele sorriu de canto. Um raro sorriso.

— Você me provoca, Santiago?

— Não. Apenas constato.

Bernardo se aproximou até que houvesse menos de um metro entre eles. Luna podia sentir a presença dele como um campo magnético. Forte. Desconcertante.

— Você é diferente de tudo o que imaginei ao ler seu currículo — ele disse, a voz mais baixa.

Ela o olhou nos olhos.

— E o que imaginou?

— Alguém insegura. Tímida. Distraída.

— E o que encontrou?

Ele hesitou, como se estivesse atravessando uma linha invisível. Então respondeu:

— Uma mulher que me tira o foco.

Luna sentiu o coração acelerar. Mas antes que pudesse reagir, passos soaram do corredor. Bernardo recuou um passo com a mesma frieza com que se aproximara.

Madeleine surgiu à porta.

— Senhor Vilela, os convidados estão chegando.

— Já estou indo — respondeu ele, com a voz firme.

Luna aproveitou para sair também. Mas antes de desaparecer pela porta, Bernardo disse em tom baixo:

— Volte aqui depois do jantar. Preciso conversar.

Ela não respondeu. Apenas assentiu com um leve movimento de cabeça.

A noite avançou com risos altos, taças tilintando, sorrisos ensaiados e elogios falsos. Luna, como os outros empregados, ficou nos bastidores, observando discretamente.

Bernardo era magnético. Seu discurso fluía com a mesma facilidade com que dominava uma sala. Ela o observava por trás da parede de vidro que dava para o salão, sentindo algo estranho crescer dentro de si.

Admiração?

Desejo?

Perigo?

Tudo junto, talvez.

Horas depois, com o salão esvaziando, Luna voltou à biblioteca. Estava impecável, como antes. Mas agora, o ambiente parecia ter um peso diferente.

Bernardo entrou alguns minutos depois. Estava com o paletó desabotoado e a gravata frouxa. O cabelo levemente bagunçado.

— Obrigado por vir — ele disse, fechando a porta atrás de si.

— O que queria conversar?

Ele hesitou. Depois tirou o paletó, jogando-o sobre uma das poltronas. Aproximou-se devagar.

— Você me desconcerta, Luna. Desde que chegou.

Ela cruzou os braços, tentando manter a pose.

— Eu sou só uma funcionária.

— Não, você não é.

O ar pareceu sumir da sala.

— Eu não sou o tipo de homem que perde o controle, Luna. Mas… tem algo em você. Algo que desafia as regras que eu mesmo escrevi.

Ela respirou fundo, o coração martelando no peito.

— Então talvez esteja na hora de reescrever essas regras.

Bernardo parou a centímetros dela. Os olhares presos. A respiração pesada. As intenções mudas, mas evidentes.

Ela não recuou. E ele não avançou.

Mas o momento… queimava.

— Boa noite, senhor Vilela — ela sussurrou.

— Bernardo. Quando estamos assim, é Bernardo.

Luna saiu, sentindo a pele arrepiada e a alma inquieta.

O que estavam construindo ali… era perigoso demais para ter nome.

Mas impossível de ignorar.

Capítulos
1 Capítulo 1 - A porta do impossível
2 Capítulo 2 - Primeiras impressões
3 Capítulo 3 - Corredores silenciosos
4 Capítulo 4 - Onde há silêncio, há inveja
5 Capítulo 5 - Confissões
6 Capítulo 6 - Cuidado ou controle?
7 Capítulo 7 - A escolha
8 Capítulo 8 - O quarto ao lado
9 Capítulo 9 - Feridas
10 Capítulo 10 - Desejo
11 Capítulo 11 - De volta ao silêncio
12 Capítulo 12 - O olhar de foge
13 Capítulo 13 - Silêncios que falam
14 Capítulo 14 - Rendição silenciosa
15 Capítulo 15 - O toque depois do silêncio
16 Capítulo 16 - Um jantar para dois
17 Capítulo 17 - Entre olhares e silêncios
18 Capítulo 18 - O que não se diz em voz alta
19 Capítulo 19 - O dono do silêncio
20 Capítulo 20 - Um almoço, dois mundos
21 Capítulo 21 - Suspiros
22 Capítulo 22 - Confissões e desejos ardentes
23 Capítulo 23 - Um novo começo
24 Capítulo 24 - Um jantar, dois corações
25 Capítulo 25 - Promessas
26 Capítulo 26 - Planos emocionais… Sensuais?
27 Capítulo 27 - Jogo de olhares
28 Capítulo 28 - Quando o desejo vira amor (HOT)
29 Capítulo 29 - Amanhecer com gosto de nós dois
30 Capítulo 30 - Até logo com gosto de saudades
31 Capítulo 31 - Dois corações em distância
32 Capítulo 32 - De volta pra ela
33 Capítulo 33 - Inimigo a vista
34 Capítulo 34 - O inimigo silencioso
35 Capítulo 35 - Primeira jogada
36 Capítulo 36 - Entregues outra vez
37 Capítulo 37 - Mudanças de vida
38 Capítulo 38 - Oficialmente nós
39 Capítulo 39 - Primeiro dia
40 Capítulo 40 - Portas que se abrem
41 Capítulo 41 - Na boca dos leões
42 Capítulo 42 - Projeto VIVA
43 Capítulo 43 - Intenções
44 Capítulo 44 - Raízes
45 Capítulo 45 - Fome de você
Capítulos

Atualizado até capítulo 45

1
Capítulo 1 - A porta do impossível
2
Capítulo 2 - Primeiras impressões
3
Capítulo 3 - Corredores silenciosos
4
Capítulo 4 - Onde há silêncio, há inveja
5
Capítulo 5 - Confissões
6
Capítulo 6 - Cuidado ou controle?
7
Capítulo 7 - A escolha
8
Capítulo 8 - O quarto ao lado
9
Capítulo 9 - Feridas
10
Capítulo 10 - Desejo
11
Capítulo 11 - De volta ao silêncio
12
Capítulo 12 - O olhar de foge
13
Capítulo 13 - Silêncios que falam
14
Capítulo 14 - Rendição silenciosa
15
Capítulo 15 - O toque depois do silêncio
16
Capítulo 16 - Um jantar para dois
17
Capítulo 17 - Entre olhares e silêncios
18
Capítulo 18 - O que não se diz em voz alta
19
Capítulo 19 - O dono do silêncio
20
Capítulo 20 - Um almoço, dois mundos
21
Capítulo 21 - Suspiros
22
Capítulo 22 - Confissões e desejos ardentes
23
Capítulo 23 - Um novo começo
24
Capítulo 24 - Um jantar, dois corações
25
Capítulo 25 - Promessas
26
Capítulo 26 - Planos emocionais… Sensuais?
27
Capítulo 27 - Jogo de olhares
28
Capítulo 28 - Quando o desejo vira amor (HOT)
29
Capítulo 29 - Amanhecer com gosto de nós dois
30
Capítulo 30 - Até logo com gosto de saudades
31
Capítulo 31 - Dois corações em distância
32
Capítulo 32 - De volta pra ela
33
Capítulo 33 - Inimigo a vista
34
Capítulo 34 - O inimigo silencioso
35
Capítulo 35 - Primeira jogada
36
Capítulo 36 - Entregues outra vez
37
Capítulo 37 - Mudanças de vida
38
Capítulo 38 - Oficialmente nós
39
Capítulo 39 - Primeiro dia
40
Capítulo 40 - Portas que se abrem
41
Capítulo 41 - Na boca dos leões
42
Capítulo 42 - Projeto VIVA
43
Capítulo 43 - Intenções
44
Capítulo 44 - Raízes
45
Capítulo 45 - Fome de você

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