**CAPÍTULO 2: O ACORDO SUJO**
O silêncio da madrugada foi rasgado pelo som seco de uma porta sendo arrombada.
Marimar acordou com o peito disparado, o coração martelando como se quisesse rasgar o peito. Ela nem teve tempo de gritar quando luzes fortes invadiram o quarto minúsculo da pensão onde morava.
— FBI! Não se mexe! Mãos na cabeça!
Três homens e uma mulher armados como soldados entraram, arrastando Marimar ainda de camisola, gritando palavras em inglês e italiano. A vizinhança nem ousou abrir a porta. Todo mundo ali sabia que quem vê demais, desaparece.
Em menos de quinze minutos, Marimar estava sentada numa sala fria, em algum lugar escondido nos arredores de Roma. Uma sala com espelhos falsos, cheiro de café requentado e o clima pesado de gente que quer algo.
A agente Anabelle se sentou à frente dela. Era bonita, fria, com os olhos treinados para mentir e ver mentiras.
— Marimar, você trabalha na Fazenda Pérola Negra. A gente sabe.
— Eu sou só funcionária. Limpo café. É só isso.
— A gente sabe quem é o dono daquela merda. Sabemos que Caporello comanda mais que café. Sabemos que Maldonado, o consiglieri, lava dinheiro lá. E sabemos que você vê tudo.
Marimar arregalou os olhos, mas manteve a boca fechada.
— Se você colaborar, a gente garante proteção. Nova identidade. Vida nova. Fora da Itália.
Ela riu, um riso amargo, suado.
— Quem fala demais lá dentro não vai preso. Vai picado. A mãe de um menino falou demais. Encontraram a orelha num envelope. E só.
A agente suspirou. Levantou. Não adiantava.
Mas a porta se abriu de novo.
Katrina entrou.
Rosto sujo de terra seca, cabelo preso num coque improvisado, olhar como lâmina.
— Eu posso ajudar.
Marimar arregalou os olhos.
— Katri, não...
Katrina ignorou. Sentou-se.
— Se querem derrubar essa máfia, vão precisar entrar lá dentro. E homem nenhum entra ali sem ser visto. Mulher entra. Mulher que eles querem comer entra sem ser notada.
Anabelle sorriu com ironia.
— E você quer ser a puta da vez?
— Eu quero engravidar do filho do Caporello.
Silêncio. Os policiais se entreolharam. Um deles deu uma gargalhada.
— Essa é boa. Você quer destruir uma máfia dando pra um mafioso?
Katrina manteve o olhar firme.
— Bernardo Caporello vai escolher a futura esposa no jantar beneficente. Todo mundo sabe disso. A filha do Maldonado é a preferida. Mas se ele me comer antes... e se eu engravidar... A história muda.
Anabelle tamborilou os dedos na mesa. Estava pensando.
— O velho Caporello é obcecado por um neto...
— Exato — Katrina cortou. — Uma vez fecundada, eu viro carta branca. Viro família. E ninguém desconfia da família.
A agente ficou em silêncio mais um tempo.
— E o que você ganha com isso, Katrina?
Ela sorriu.
— Proteção. Dinheiro. E vingança.
Anabelle entendeu ali que aquela garota não era só ousada. Era letal.
— Você precisa de roupas, convite, um jeito de entrar.
— E preciso que fiquem calados. Se os mafiosos desconfiarem, não sobra nem meus dentes.
A agente se levantou, foi até uma prateleira, pegou uma pasta preta e jogou na mesa.
— Aqui tem cinco mil euros. Use pra parecer rica. Vamos arrumar o convite. O jantar é em quatro dias. Depois disso, você é nossa informante. Entendido?
Katrina pegou a pasta. O couro era macio. O cheiro do dinheiro era mais forte que o medo.
— Entendido.
Ela saiu sem olhar pra trás.
Marimar ainda estava sentada, pálida.
— Katri... o que você está fazendo?
— Me tornando quem eu nasci pra ser.
Era mentira, claro. Ela não queria destruir a máfia pelos outros. Queria destruir os Moretti. Maldonado. Janaína. Kethelyn.
E agora, ela tinha o dinheiro. Tinha a chance.
E ia usar os federais do mesmo jeito que iam tentar usá-la.
Era um jogo sujo. Mas o sangue dela também era.
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Atualizado até capítulo 32
Comments
MRL-Lima
os federais não sabem com quem estão lidando kkkkk a prota foi forjada desde o nascimento, porém ela vai ter que aprender a se defender, se tornar arma letal, porque vai aparecer gente que mata sem remorso.
2025-08-03
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Celia Regina
até agora adorando sua história
2025-07-25
1
Carla Santos
Nossa já adorei a melhor vingança é a que se come com o prato frio
2025-07-31
1