5 – O Peso da Preparação

Capítulo 5 – O Peso da Preparação

Nos três dias seguintes, Harry continuou treinando sem descanso. Conseguiu formar uma pequena chama do tamanho de um dedo, depois ele improvisou um alvo e jogou a mini bola de fogo, a primeira tentativa ele quase queimou uma arvore na casa do Tio, Harry fica chocado com a potencia, mesmo sabendo que ainda tem muito o que aprender — Harry não tinha muito QI então ficava exausto após três tentativas. Percebeu que seu corpo ainda não possuía Qi suficiente para usar as técnicas com frequência.

Determinou-se a melhorar.

Começou a treinar com pesos improvisados presos aos braços e pernas, usando o que tinha em casa. Pegava o facão e ensaiava golpes que encontrava em vídeos na internet, tentando ao menos não ser completamente leigo numa próxima luta. Criou um colete rudimentar com materiais resistentes, mas ao se ver no espelho, não conseguiu conter o riso:

— Tô parecendo um espantalho de apocalipse.

Refinou a proteção usando couro reforçado costurado por dentro da roupa — algo primitivo, mas funcional. Também improvisou manoplas e caneleiras discretas, sem chamar muita atenção.

Apesar das dores musculares, sentia-se mais vivo do que nunca.

Na metade do quinto dia, ligou para Vinícius:

— E aí, descobriu mais alguma coisa?

— Descobri sim... Vou te mandar agora. Mas sério, cara, você tá estranho. Que história é essa?

— Eu explico quando a gente se encontrar de novo. Prometo.

Recebeu a mensagem com novas informações sobre os desaparecimentos — desta vez, ainda mais recentes e assustadoramente próximas.

Guardou o celular, fechou os olhos e respirou fundo.

— Agora... estou mais preparado.

A guerra talvez ainda não tivesse começado oficialmente — mas ele já estava nela.

Ainda naquela tarde, Harry começou a refletir sobre o que realmente era aquele cachorro. A aparência mutante, o brilho do medalhão... tudo indicava que havia algo errado. Mas ao mesmo tempo, não parecia ser o mesmo demônio que derrotou o imortal Long Hai. Ele se lembrava claramente das memórias transmitidas — aquele ser era muito mais poderoso.

— Talvez... o sangue do demônio tenha caído no cachorro e o transformado... como uma mutação corrompida.

Com essa hipótese martelando sua mente, Harry pegou o facão que havia afiado mais cedo. Ainda havia ferrugem no metal, mas o fio já era afiado o suficiente para se defender.

Antes que pudesse sair, seu tio se aproximou, preocupado.

— Harry, estou preocupado com você — disse, com a voz calma, mas séria. — Você está se esforçando demais. Se precisar de qualquer coisa, estou aqui, tá?

Harry sentiu um nó na garganta. Concordou com a cabeça, olhando nos olhos do tio.

— Tio... estou indo até a cidade de novo. Se cuida. Está perigoso lá fora.

O tio o encarou por alguns segundos. Depois, assentiu lentamente e pousou a mão firme no ombro do sobrinho.

— Fique seguro, garoto.

Harry respirou fundo, ajeitou o facão na cintura e partiu em busca do cachorro.

Caminhou por trilhas e matas por horas, retornando ao local onde havia enfrentado a criatura dias antes. O tempo parecia se arrastar, e mesmo depois de três horas de busca, o medalhão permanecia apagado.

Frustrado e inquieto, decidiu voltar para casa.

Mas quando chegou, seu coração quase parou.

A porta da frente estava arrombada. As marcas de garras profundas na madeira falavam por si.

O pânico tomou conta de seus sentidos. Entrou correndo.

— Tio!? — gritou, várias vezes, mas só o silêncio respondeu.

No chão, havia sinais de luta e marcas evidentes — como se algo tivesse sido arrastado para fora da casa.

Seguiu as pegadas pelo quintal, até a beirada da mata.

Foi então que o medalhão brilhou. Forte. Intenso.

Seguindo o brilho, Harry avançou por entre as árvores até encontrar o cachorro demoníaco.

A criatura arrastava algo.

Seu tio.

Ele estava desacordado, preso pela perna, sendo arrastado como um boneco de pano.