capítulo 05

Após o jantar simples — pão fresco, queijo, vinho e algo quente feito por Ícaro — Lya se levantou para ajudar com a louça, mas ele recusou com um gesto leve.

— Vai tomar um banho — disse ele, sorrindo de lado. — Você deve estar exausta.

Ela concordou com um aceno lento, como se aceitasse mais do que a gentileza dele.

Subiu as escadas, foi até a mala e tirou um baby doll de seda preto, com alças finas e tecido que deslizava entre os dedos. Com ele, uma calcinha de renda, simples, mas ousada. Separou também os produtos de higiene e uma toalha macia.

O banheiro tinha cheiro de eucalipto. Vapor quente logo tomou o espelho. Ela se lavou com calma, cuidando da pele, do cabelo, dos detalhes. Passou creme nas pernas, nos braços, nos ombros. Massageou os pés. Quando terminou, enrolou o cabelo em uma toalha e se olhou no espelho.

Cheirava a tentação.

Pura, limpa, viva.

Saiu do banheiro devagar, pés descalços, a seda do baby doll colando levemente no corpo ainda quente. O quarto estava com a luz baixa. Ela mal teve tempo de cruzar o espaço até a cama quando Ícaro apareceu na porta.

Ele parou.

A respiração dele falhou por um segundo.

Engoliu seco.

Os olhos percorreram o corpo dela sem disfarce. O contraste da pele com o preto da renda, a curva dos quadris, o perfume doce no ar.

Lya o encarou e sorriu.

Nada explícito. Apenas controle.

— Acho que agora é minha vez — murmurou ele, pegando uma toalha e roupas limpas no closet.

Ela assentiu, se acomodando na cama enquanto ele entrava no banheiro.

O som da água veio logo em seguida, abafado pelas paredes de madeira.

Lya penteou os cabelos devagar, com movimentos longos. Depois deitou-se, uma perna sobre a outra, o olhar no teto.

A cabana estava silenciosa.

Mas lá fora, nem tudo dormia.

Entre as árvores, olhos a observavam.

A Fome dentro dela já sentia a resposta.

E algo na floresta... sentia ela também.

Depois do jantar, Lya se levantou para ajudar com a louça, mas Ícaro foi gentil, firme.

— Vai tomar um banho. Você teve um dia longo. Merece relaxar.

Ela sorriu, um pouco surpresa pela delicadeza, e aceitou sem resistência.

Subiu as escadas em passos lentos, foi até a mala e escolheu o que usar:

um baby doll preto de seda, justo na medida, com alças finas que caíam naturalmente sobre os ombros. Pegou uma calcinha de renda escura, seus itens de higiene e uma toalha macia antes de ir ao banheiro.

A água quente caiu como alívio.

Lya se permitiu um momento de silêncio e cuidado.

Lavou o corpo com sabão perfumado, passou creme nas pernas, no colo, nos braços. O vapor tomava o espelho. A pele começava a brilhar, e o perfume adocicado misturava-se ao vapor.

Ela se olhou no espelho mais uma vez.

Estava exatamente como queria estar.

Saiu do banheiro com os cabelos presos numa toalha e o baby doll moldado ao corpo ainda quente. Cada passo fazia a seda deslizar.

O quarto estava morno, silencioso, quase em penumbra.

Ícaro entrou naquele momento.

Parou na porta. Os olhos se fixaram nela.

A expressão dele mudou sutilmente. O corpo ficou tenso.

Ele engoliu seco.

— Você… — começou, mas não terminou.

Lya sorriu. Não disse nada.

Apenas manteve o olhar preso ao dele.

Sabia o efeito que causava.