Capítulo 4

Uma semana havia se passado desde que Victoria chegou à acolhedora hospedagem de Dona María, e pouco a pouco, começou a se sentir mais organizada em seu novo quarto. As paredes estavam decoradas com desenhos e pequenas lembranças que Dona María havia colocado para fazê-la se sentir mais em casa. A senhora havia se mostrado amável e compreensiva, oferecendo-lhe não só um refúgio, mas também conselhos sobre como suportar a gravidez. Preparava-lhe chás reconfortantes e comidas fáceis de digerir, o que ajudava Victoria a manter o estômago tranquilo, apesar das náuseas que ainda a atormentavam nas manhãs.

No entanto, apesar dos gestos de carinho e apoio de Dona María e das ligações de Azucena, Victoria não podia evitar chorar cada vez que se encontrava sozinha. Nesses momentos de solidão, lamentava-se por todos os erros que havia cometido: a confiança que havia depositado em Martín, a maneira como havia defraudado seus pais, e a forma como eles a haviam tratado. Recordar as palavras ferinas de seu pai e como ele a havia expulsado de sua vida como se não valesse nada a dilacerava por dentro. As lágrimas fluíam em silêncio, e frequentemente ficava acordada até muito tarde da noite, com o coração pesado pela tristeza. Perguntava-se o que faria, como seguiria em frente e, sobretudo, que futuro ofereceria a esse bebê que vinha a caminho.

Uma noite, enquanto as lágrimas caíam por suas bochechas, uma voz doce e reconfortante pareceu sussurrar-lhe ao ouvido. Era uma voz que a instava a não desanimar, a recordar que era forte e que a luz voltaria a brilhar para ela. Sem pensar, acariciou sua barriga e um sorriso tímido se desenhou em seu rosto. Essa simples ação lhe brindou um lampejo de esperança em meio ao seu tormento.

Na manhã seguinte, Victoria despertou com os ânimos renovados. Apesar de a náusea a golpear, conseguiu vomitar um pouco antes de escovar os dentes. Tomou banho, se arrumou e se preparou para o novo dia. Ao sair de seu quarto, encontrou Dona María na cozinha, quem lhe sorriu calorosamente.

— Bom dia, Victoria. Como você se sente hoje? — perguntou a senhora, com um tom maternal.

— Bem, acho que estou analisando tudo pouco a pouco — respondeu Victoria, sentindo que a conversa lhe trazia um alívio.

Dona María a observou com atenção, assentindo com compreensão.

— Isso é importante. Amanhã te levarei ao dispensário que está no outro bairro. Têm bons médicos que poderão verificar que sua gravidez está bem — anunciou Dona María, com um sorriso tranquilizador.

Victoria assentiu, sentindo gratidão pela generosidade de sua tia.

— Obrigada, Dona María. Isso me faz sentir mais tranquila — respondeu, aliviada.

Ao longo do dia, ambas trabalharam juntas na pensão, compartilhando momentos de riso e cumplicidade. Victoria se sentiu útil ajudando na cozinha e organizando os quartos, o que lhe permitiu distrair-se de seus pensamentos obscuros. A amabilidade de Dona María fez com que seu coração se sentisse um pouco mais leve.

Mais tarde, enquanto estavam na sala, o telefone da pensão tocou. Dona María atendeu e, após uns momentos de conversa, passou o telefone a Victoria.

— É Azucena, quer te cumprimentar — disse com um sorriso.

Victoria pegou o telefone com nervosismo, mas ao escutar a voz familiar da senhora, uma sensação de calor a envolveu.

— Olá, Victoria! Só queria saber como você está e te mandar um pouco de ânimo — disse Azucena, seu tom cheio de calor.

— Olá, Azucena. Estou bem, me adaptando a tudo — respondeu Victoria, sentindo que a conexão com a senhora lhe dava um impulso de energia positiva.

— Recorde, querida, sempre há luz depois da tempestade. E você é mais forte do que pensa — a animou Azucena. Como María te trata?

Muito bem, me cuida e me deixa trabalhar com ela, me mima e me deixa ver a novela com ela.

Com cada palavra de alento, Victoria sentia que a esperança começava a florescer em seu interior. A conversa continuou, cheia de risos e palavras de ânimo, e quando finalmente desligaram, Victoria se sentiu um pouco mais leve.

À medida que o dia avançava, os risos e o trabalho em equipe com Dona María lhe recordaram que, ainda que sua vida havia tomado um rumo inesperado, havia pessoas boas que a apoiavam. E assim, enquanto o sol se punha na capital, Victoria se sentiu um passo mais perto de encontrar seu caminho em meio à incerteza.

À noite, sentaram-se as três para jantar na pequena sala de jantar: Victoria, Dona María e Rosana, a recepcionista da pensão. Comeram bem e depois degustaram uma deliciosa sobremesa que Victoria preparou.

Que sobremesa mais deliciosa exclamou Rosana.

Riquíssima acrescentou Dona María.

Alegra-me que tenham gostado, minha mãe me ensinou a fazer disse Victoria e de imediato seus olhos se umedeceram.

Não chore minha menina, verá que algum dia seu pai repensará e poderá voltar para sua família Dona María a abraçou.

E se nunca me perdoa? perguntou Victoria com sua voz quebrada pela melancolia.

Então demonstrará que não te merece, se não pode voltar com eles, me tem a mim e a Azucena assegurou Dona María, beijando sua frente.

A mim também acrescentou Rosana.

Depois de deixar a cozinha em ordem, Dona María convidou Victoria a ver a novela da noite e aí se mantiveram até às dez da noite, logo cada quem buscou seu quarto.

Victoria se barbeou, se trocou com roupa cômoda e essa noite pela primeira vez desde que chegou à capital não chorou antes de dormir.

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