Abigail Petrova. Vinte e um anos.
Depois de mais uma manhã arrastada na faculdade, o carro finalmente parou em frente à mansão que eu chamava de lar. Mas algo estava errado. O ar vibrava com uma tensão invisível. A porta, antes imponente, agora parecia ter sido rasgada por um monstro. Meus olhos se arregalaram. Não era um arrombamento comum; era um buraco, um sinal de tiro, clamando por socorro. O pânico, uma onda gelada, subiu pela minha espinha. Atirei-me para dentro, o coração batendo no ritmo de um tambor tribal enlouquecido. E lá estava ele: meu pai, no sofá, com uma mancha escura e crescente na perna da calça. Filomena, nossa governanta, tentava estancar o sangue, o rosto pálido. Corri, caindo de joelhos ao seu lado, a voz um sussurro embargado.
Abigail- O que aconteceu, pai?
Ele. Sempre ele. Aquele olhar frio e distante, o mesmo que me atravessou a vida inteira, como se eu fosse um fantasma, uma mancha em sua visão. Nunca entendi. Nunca vou entender por que ele me via como escória.
Pai- Vá para o quarto!
A ordem saiu ríspida, um chicote no ar já pesado.
Levantei-me, o corpo pesado, a raiva e a mágoa lutando contra o impulso de quebrar ali mesmo. Engoli as lágrimas, a vontade de gritar. Mesmo ferido, precisando de ajuda desesperadamente, ele me afastava. Preferia a ajuda de qualquer um a minha. Foi assim. Será assim para sempre, um eco doloroso que me acompanha.
Entrei no quarto, um fôlego tremido preso na garganta. Por que, me pergunto, ainda alimento essa fagulha tola de esperança por um pingo de carinho vindo dele? Lembro-me vagamente de um tempo, antes da mamãe nos deixar, quando ele talvez fosse menos gélido. Mas 'amoroso'? Nunca. Sempre distante, uma figura sombria e ausente. Chacoalhei a cabeça, um esforço inútil para me ancorar no presente. A porta do meu quarto rangeu, um som abrupto que cortou o silêncio. Ele entrou, mancando, e seus olhos, ah, seus olhos me trespassaram com um frio que me gelava até a alma.
Pai-Você sempre foi o meu castigo, mas hoje, vai me livrar de uma dívida.
Proferiu, um sorriso cruel adornando os lábios. Franzi o cenho, o cérebro em Pane tentando decifrar o absurdo daquelas palavras.
Abigail- Do que está falando?
A minha voz mal sussurrou.
Pai-Amanhã, às dez, você será levada para o covil do homem mais cruel de toda a Rússia.
O sorriso dele se alargou, uma mancha hedionda depois de tamanha monstruosidade. A bile subiu à minha garganta.
Abigail- Você bebeu? O que diabo está dizendo?
Pai- A partir de agora, você é propriedade de Maxim Pakhan.
O nome atingiu-me como um raio, um calafrio percorrendo-me da cabeça aos pés. Comecei a balançar a cabeça, freneticamente, num desespero mudo.
A minha voz estendeu, um fio tênue de incredulidade:
Abigail- Você está… está devendo ao demônio da Rússia?
Meu pai, com uma calma assustadora, quase um ar de indiferença, respondeu:
Pai- Estava, querida. Ele vem buscar o pagamento amanhã. Não que você precise se preocupar com isso.
Um calafrio percorreu a minha espinha, a realidade se solidificando.
Abigail- Você… você vai ter a coragem de entregar sua própria filha, sua única filha, para aquele monstro da Bratva? As histórias sobre ele… elas são aterrorizantes, Pai!
Um sorriso cruel se estendeu nos lábios dele, um brilho divertido em seus olhos gélidos.
Pai-Espero que ele se divirta bastante com você. E, sendo virgem, talvez ele se vicie. Quem sabe até um casamento?
A risada dele ecoou, sádica, e meu corpo tremeu, uma onda de pavor me dominando. Eu me joguei a seus pés, as lágrimas brotando, um soluço desesperado escapando de minha garganta.
Abigail- Por favor, Pai!
Implorei em meio ao choro, a voz embargada.
Abigail- Não me entregue a ele! Eu te imploro!
Ele apenas me olhou, inexpressivo.
Pai-Você não tem escolha, Abigail.
Sua voz era um decreto frio.
Abigail- Não faça isso! Não me entregue a ele, por favor!
Meu grito rasgou o ar, um lamento puro de desespero e incompreensão.
Meu pai, com aquela voz gélida que parecia cortar o ar, pronunciou as palavras que selariam meu destino
Pai- Você não tem escolha, Abigail. A partir de hoje, você é propriedade dele. Do ‘babai’, o bicho-papão.
Cada sílaba ecoava na minha mente, uma condenação inescapável.
A porta do quarto rangeu, e ele saiu, minutos depois Filomena entrou, o rosto banhado em lágrimas espessas. Ela se ajoelhou, seus braços me apertaram num abraço que era um misto de consolo e angústia.
Filomena - Eu sinto tanto, minha filha. Sinto muito, muito mesmo.
Abigail- Me ajude a fugir!
— A súplica brotou sem pensar, uma última centelha de esperança.
Filomena balançou a cabeça devagar, a tristeza estampada em cada ruga.
Filomena- Quando você veio para cá, querida, os seguranças dele… estão por toda parte.
Minha negação foi um balbuciar.
Abigail- Preciso fugir!
Ela me apertou mais.
Filomena- Ele vai te matar, filha. Vai te matar se tentar escapar.
— As palavras eram um golpe. Encolhi-me no colo da mulher que sempre foi minha rocha, e as lágrimas, finalmente, trouxeram um alívio amargo à minha alma em frangalhos.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Tatiani Monteiro
Nossa que capítulo foi esse em coitada da Abegai tomara que ela dê a volta por cima isso sim esperando os próximos capítulos e não demore pra atualizar vui
2025-07-08
2
Solange Santos
ESSE VELHO FDP NÃO E O PAI DELA PRA ESSE ESCROTO TER TODO ODIO DELA SO PODE SER O YGOR O PAI ELE TAVA MUITO PREOCUPADO COM ELA 🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔
2025-07-25
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Renata Boaro
aí tem a maneira que ele a trata com frieza. será que Abigail vai tentar fugir.
2025-07-08
1