O Leilão Sombrio e o Olhar do Predador

O ar no suntuoso salão de leilões da galeria Sterling exalava opulência e poder. Cristais pendiam do teto, reverberando a luz dourada sobre ternos sob medida e vestidos de alta-costura. Lívia, impecável em um vestido azul-marinho que realçava seus olhos e a silhueta esguia, movia-se com a graça calculada de uma predadora, seus olhos varrendo a multidão não apenas em busca de arte, mas de algo mais elusivo: a conexão entre a joia de sua tia e o submundo que a ceifou.

[Lívia]: "Aonde você se esconde\, 'Senhor das Sombras'?"

Ela murmurou para si mesma, ajustando o pequeno fone invisível em seu ouvido, conectado a um discreto scanner de frequência. Seu disfarce de historiadora de arte renomada era impecável, e ela respondia a cumprimentos com um sorriso educado e um brilho perspicaz no olhar. A joia do dragão de jade estava segura em seu cofre, mas a urgência de decifrar os segredos de sua tia queimava em seu peito.

Entre os sussurros e os lances, uma figura dominou o ambiente. Victor entrou no salão, não com um passo apressado, mas com a calma de alguém que sabe ser o centro de gravidade. Sua presença era magnética, silenciosamente exigente. A cabeça da maioria das pessoas se virou. Lívia sentiu a tensão no ar antes mesmo de seus olhos o encontrarem. Ele vestia um terno grafite impecável que moldava seu físico atlético, e seu cabelo escuro estava perfeitamente penteado para trás, revelando traços que eram ao mesmo tempo fortes e elegantemente esculpidos.

[Lívia]: "É ele. Não pode ser."

Uma onda de deja vu a atingiu, tão forte que ela cambaleou minimamente. Não era apenas uma memória de um lugar ou uma premonição. Era a sensação opressora da presença que ela havia experimentado em sua visão, a mesma aura de poder e perigo que o "Senhor das Sombras" emanava. Era como se as duas identidades — o CEO e a sombra — se fundissem em uma névoa densa ao redor dele. O ar pareceu ficar mais pesado, a temperatura subir. Um cheiro sutil de couro e um perfume amadeirado e masculino, que não estavam ali um segundo antes, a envolveu, enviando um arrepio pela sua pele.

Victor, como se guiado por uma força invisível, virou a cabeça e seus olhos escuros encontraram os dela. Por um instante, o tempo pareceu parar. O burburinho do salão desapareceu. O olhar dele era penetrante, avaliador, e carregava uma intensidade que fez o coração de Lívia acelerar. Não era apenas curiosidade; era uma forma de reconhecimento, quase de posse. Ela sentiu uma atração proibida e perigosa puxá-la, ao mesmo tempo em que um instinto primal gritava para ela correr.

[Victor]: "Senhorita Alaric\, presumo?"

Sua voz era profunda, um tom que parecia acariciar e ordenar ao mesmo tempo. Ele se aproximou, e Lívia sentiu cada fibra de seu ser vibrar. Sua mão se estendeu para ela, um gesto formal que, para ela, parecia carregado de uma intenção oculta.

[Lívia]: "Senhor Sterling. É um prazer."

Ela apertou sua mão. O toque foi elétrico. O calor da palma dele se espalhou, e naquele instante, Lívia teve outro flash: não de violência ou perigo, mas de intimidade. Um vislumbre de um quarto escuro, a pele dele contra a sua, a respiração ofegante e a mesma fragrância amadeirada que agora a envolvia. Era perturbadoramente real, um futuro que ela não sabia se desejava ou temia. Ela puxou a mão de volta, o rubor colorindo suas maçãs do rosto.

Victor pareceu notar a reação dela, um sorriso sutil e quase imperceptível curvando seus lábios. Seus olhos não a deixavam. Ele se inclinou ligeiramente, sua voz um sussurro rouco que só ela podia ouvir acima da multidão.

[Victor]: "Sua reputação como historiadora precede você\, senhorita Alaric. E sua família... digamos\, tem um histórico interessante com certos artefatos. Curioso."

A menção à sua família e aos "artefatos" fez o sangue de Lívia gelar. Ele sabia. Ou, no mínimo, suspeitava. A fachada de CEO impecável vacilou por um milésimo de segundo, revelando um lampejo de astúcia e poder que a lembrou do "Senhor das Sombras".

[Lívia]: "Minha família sempre teve apreço pela arte\, senhor Sterling. Nada mais." Ela conseguiu manter a voz firme\, mas o jogo havia começado.

[Victor]: "Ah\, mas é nos 'nada mais' que os maiores segredos se escondem\, não concorda? Tenho uma vasta coleção particular que precisaria de um olhar tão perspicaz quanto o seu. Estaria disposta a uma consultoria?"

A proposta. Era a chance perfeita para Lívia se infiltrar. Mas o convite não era inocente. Era uma teia sendo tecida. Victor não estava apenas interessado em arte; ele estava interessado nela.

[Lívia]: "Seria uma honra\, senhor Sterling. Estou sempre aberta a desafios que envolvam verdadeiras obras de arte." Sua resposta foi um desafio velado\, um piscar de olhos à complexidade que ela sabia que viria.

[Victor]: "Excelente. Minha assistente entrará em contato para agendar nossa primeira reunião. Tenho certeza de que será... esclarecedora."

Seu olhar se demorou nela por mais um segundo, um calor perigoso se misturando à intensidade. Ele deu um passo para trás, virando-se para cumprimentar outro convidado, mas Lívia sentiu que sua atenção permanecia nela, uma sombra observadora em meio à luz do salão. A premonição do quarto escuro piscou novamente em sua mente. O cheiro amadeirado. O toque. Ela sabia que estava entrando na boca do lobo, e estranhamente, parte dela estava excitada com o perigo. O jogo de dominação já havia começado.

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