Adam narrando ..
A sala de reuniões no último andar da Moretti Group sempre foi o palco onde minha autoridade nunca era questionada.Hoje… parecia um tribunal.
A mesa de mogno brilhava sob as luzes frias. Os sócios, diretores e conselheiros estavam posicionados como peças em um tabuleiro.E meu pai Giuseppe Moretti sentado à cabeceira, com a postura de um imperador medieval prestes a anunciar sua última sentença.
Giuseppe- Vamos direto ao ponto — ele disse, sem rodeios.
Giuseppe- A presidência está na mesa. Mas, como foi previamente acordado, ela vem com uma condição clara.
Todos os olhos se voltaram para mim.
Adam - Casamento. — soltei a palavra com desprezo.
Adam - Vocês realmente estão dispostos a comprometer o futuro da empresa por uma aliança no meu dedo?
Um dos conselheiros mais antigos, Sr. Valverde, pigarreou.
Valverde - Não é apenas pela imagem, Adam. É pela solidez que essa imagem representa. Nossos investidores estão mais sensíveis, o mercado exige líderes com estabilidade emocional, familiar…
Adam - Estabilidade emocional? — interrompi, encarando-o.
Adam - Eu entreguei três anos seguidos de crescimento recorde. Dobrei nosso lucro em meio à crise. Negociei sozinho três fusões internacionais. Vocês querem mesmo medir minha competência com base no meu estado civil?
Giuseppe- O mundo corporativo não é racional, filho — meu pai disse, cruzando as mãos sobre a mesa.
Giuseppe- Ele é estratégico. E símbolos importam. Uma esposa ao seu lado mostra que você sabe se comprometer.
Adam - Com todo o respeito, Giuseppe… — falei entre os dentes, ainda mantendo o controle
Adam - … casamento não é garantia de nada.
Giuseppe- Não precisa ser amor, Adam. Precisa ser funcional.
A frieza com que ele falava me enojava.
Adam - Então é isso? Querem que eu escolha uma mulher como escolho um fornecedor?
Silêncio.
O tipo de silêncio que grita.
A maioria ali sabia que a decisão já estava tomada.A reunião era só um teatro para que eu aceitasse a humilhação de cabeça erguida.
Adam - E se eu recusar? — perguntei, me levantando da cadeira.
Meu pai inclinou levemente o corpo para frente.
Giuseppe- Martino assume.
Martino.
O sangue ferveu. A mandíbula travou.
Adam - Ele não sabe liderar.
Giuseppe- Mas sabe seguir regras. E isso, no momento, é mais valioso que genialidade.
O insulto foi claro. E intencional.
Adam - Vocês vão entregar a empresa que eu construí com vocês nas mãos de um incompetente?
Giuseppe- Se você continuar sendo um rebelde emocional, sim. — meu pai cravou.
Fechei os olhos por um segundo. Inspirei fundo.
Eu poderia bater a porta. Gritar. Dizer que não era um boneco na vitrine da Moretti Group.
Mas nada mudaria o que estava ali, escrito nos olhares:
Ou me casava… ou estava fora.
As portas espelhadas da sala do conselho se fecharam atrás de mim com um clique seco.
Naquele instante, tudo dentro de mim era ruído raiva, orgulho ferido e a sensação de ter sido enfiado à força em uma armadilha montada pela própria família.
Segui pelos corredores da empresa com o maxilar travado, o terno impecável agora me sufocando como se carregasse o peso do mundo nos ombros.
Meu escritório estava quieto. Luxuoso, moderno… e pequeno demais para conter a fúria que me consumia por dentro.
Assim que a porta se abriu, dei de cara com Mário Rezende, já me esperando. Camisa dobrada nos cotovelos, tablet na mão, aquele jeito casual que disfarçava bem o cérebro afiado e o talento que o colocava como um dos meus braços direitos na empresa.
Ele ergueu os olhos e travou ao ver minha expressão.
Mario- Caramba, Adam… quem morreu?
Joguei a pasta sobre a mesa com força.
Adam - Meu respeito por esse maldito conselho.
Ele franziu o cenho, largou o tablet sobre a mesa de reuniões e se aproximou.
Mario - O que houve?
Soltei o ar com força, tirei a gravata e afrouxei os primeiros botões da camisa.
Estava sufocado. Por dentro e por fora.
Adam - Eles colocaram uma condição para que eu assuma oficialmente a presidência.
Mario - Condição? Que tipo?
Adam - Que eu esteja casado até o final do trimestre. — cuspi as palavras como veneno.
Mário arregalou os olhos.
Mario - Espera… isso é sério?
Adam - Tão sério quanto uma cláusula de contrato. O velho não está blefando. Já deixou claro: ou eu me caso, ou Martino assume.
Mario - Martino? — ele soltou uma risada curta.
Mario - Eles preferem colocar o Totó do que o incompetente do Martino naquela cadeira.
Adam - Exato. Mas parece que uma aliança no dedo agora vale mais que resultados.
Mario - E o que você vai fazer?
Olhei para ele, ainda de pé no centro da sala, com o coração disparando e as ideias embaralhadas.
Adam - Eu vou encontrar uma saída. Nem que eu tenha que inventar uma.
Mario - Você vai se casar?
Adam - Eu disse que vou encontrar uma saída, Mário. Não que vou me apaixonar e escrever votos de amor.
Ele cruzou os braços e me olhou como se já soubesse que alguma loucura estava fermentando dentro da minha mente.
Mario - Eu conheço esse seu olhar. Já vem bomba por aí…
Adam - Não é bomba — murmurei. — É estratégia.
Ele arqueou a sobrancelha.
Mario - E tem alguém em vista pra essa “estratégia”?
Neguei com a cabeça.
Adam - Ainda não.
Mas eu sabia.
Mais cedo ou mais tarde, a solução apareceria.
E quando aparecesse, seria simples, objetiva e sem envolvimento emocional.
Como um bom contrato deve ser.
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Atualizado até capítulo 34
Comments
Dulci Oliveira
a solução já tem, só falta ela aceitar
2025-07-08
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