Adam Moretti
Barba feita com precisão.
Cabelos escuros, sempre penteados para trás como se até meus fios obedecessem.
Terno sob medida, relógio suíço no pulso e um império inteiro sob meus pés.Eu era esse homem: frio, exigente, calculista. Um CEO que não aceitava meio-termo, falha ou distração.
E casamento… era exatamente isso: distração.
Ou era o que eu pensava.
Até que meu pai, com sua voz grave e tom inegociável, sentenciou meu destino em três palavras:
— Precisa. Se. Casar.
Quase ri.
Quase.
Porque ele estava falando sério. O conselho, os acionistas, a imagem pública… tudo exigia uma esposa ao meu lado. Não por amor. Mas por conveniência.
E conveniência era a única coisa que me interessava.
Foi então que ela apareceu.
Naquela maldita festa.
Lilian Nogueira
Sabe aquele tipo de homem que carrega o mundo nos ombros e acha que todo mundo devia se curvar?Adam Moretti era esse homem.
Lindo de doer ok, isso eu admito —, com o sorriso torto de quem sabe exatamente o estrago que causa. Alto, imponente, dono de olhos intensos e postura de comando.Mas tinha algo nele que me fazia querer provocar.
E eu sou ótima nisso.
Minha mãe sempre dizia que eu nasci com uma boca afiada e um coração mole. Aos 24 anos, eu sabia bem me virar: era independente, falante, espirituosa. Loira natural, cabelos longos olhos claros que muitos chamavam de “doces demais” mas só até eu abrir a boca.Eu não abaixava a cabeça. Não engolia sapo. E definitivamente não me impressionava com ternos caros ou sobrenomes poderosos.
Mas naquela noite, quando nossos olhares se cruzaram, algo aconteceu.
Não foi romântico.
Foi… desafiador.
Ele me encarou como se já tivesse decidido algo.
Eu sorri como quem avisa: “Boa sorte tentando me dominar.”
Não sabíamos, naquele instante, que o destino já tinha nos colocado no mesmo contrato.
E que uma proposta absurda estava prestes a mudar nossas vidas.
Para sempre.
A festa era na cobertura de um dos hotéis mais luxuosos de São Paulo. Músicas suaves, taças cintilantes, gente bonita e um monte de sorrisos falsos por metro quadrado.
Eu só estava ali porque Mário, meu melhor amigo e um dos sócios do grupo Moretti, praticamente me arrastou.
Mario - Você precisa sair mais, Lilian. Dar um descanso pra sua língua afiada e deixar o vestido falar por você ele disse, rindo enquanto me entregava o convite.
Mário Rezende era o tipo de homem que fazia amizade com uma porta se ela sorrisse de volta. Engraçado, persuasivo, cheio de contatos e sempre metido nos lugares certos e nas confusões erradas. Ele namorava Beatriz, uma das amigas mais improváveis que a vida me deu: fina, sensata, zero tolerância pra machismo, e dona de um olhar que cortava até o mais metido dos CEOs.
Ela, inclusive, foi quem me apresentou Adam. Contra a vontade dele, claro.
Beatriz -Adam, essa é Lilian, amiga do Mário.
Adam - Pena dela— Ele resmungou, seco, olhando pra mim como se eu fosse um problema ambulante.
Ah, o olhar dele.Aquele olhar de quem está acostumado a mandar e ser obedecido.Me deu vontade de… rir… E beijar… Talvez os dois.
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Família Moretti
O pai de Adam, Giuseppe Moretti, era um velho rígido e imponente, que confundia tradição com controle. Comandava os negócios da família com mão de ferro e acreditava que reputação era mais valiosa que qualquer sentimento. Para ele, Adam não era apenas filho era herdeiro. Peça-chave.E como toda peça em jogo, precisava ser útil. E casado.
A mãe, Donatella Moretti, era o oposto. Elegante, mas amorosa. Discreta, mas observadora. Ela tentava suavizar as exigências do marido, mas era leal à tradição da família acima de tudo. E embora amasse Adam, não interferia em suas decisões… até que o casamento virou pauta.
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Família Nogueira
Já os meus pais eram tudo, menos tradicionais.
Minha mãe, Selma Nogueira, era professora de literatura, daquelas que se emocionavam com sonetos e choravam vendo comercial de margarina.
Meu pai, Rogério Nogueira, era jornalista aposentado e viciado em café forte e debates longos.
Eles me criaram com liberdade, livros e opinião. Me ensinaram a rir de mim mesma e a nunca aceitar ser silenciada.
Por isso, quando conheci Adam Moretti, com seu terno impecável e suas frases curtas e secas, meu instinto foi claro:
Responda à altura. Nunca abaixe o olhar.
Mas também… não posso negar.
Parte de mim queria saber como seria ser dele.
Mesmo que fosse só por um contrato.
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Atualizado até capítulo 34
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