Capítulo 2

Melinda

Quando eu acordei, eu estava no hospital da família, eu estava sozinha no quarto, eu me lembrei de tudo que aconteceu e comecei a chorar, hoje era para ser o dia mais feliz da minha vida e acabou se transformando em um pesadelo, mas no momento eu só queria saber do meu bebê.

O médico entrou na sala e me olhou com pena, ele deveria saber de tudo que aconteceu.

_ Doutor, como está o meu bebê? eu perguntei

Esse médico é novo e eu não gravei o nome dele.

O médico ficou calado e me olhou com certa tristeza.

_ O meu bebê está bem, não está? eu perguntei já ficando nervosa

_ Infelizmente você perdeu o bebê _ ele disse

Aquilo foi um golpe duro pra mim, eu me senti como se um pedaço de mim tivesse sido arrancado.

_ O senhor está brincando comigo, né? Esse tipo de brincadeira não tem nenhuma graça e é antiético _ eu disse querendo acreditar que isso era brincadeira e meu bebê estava vivo

Eu comecei a chorar de nervoso.

_ Infelizmente não é brincadeira senhorita Sparks, eu lamento pela perda _ ele disse

Eu comecei a gritar que ele estava mentindo para mim e que o meu bebê estava vivo e eu exigia o ultrassom para ver o meu bebê, eu chorava e gritava que queria fazer o exame e no final me sedaram porque eu estava muito nervosa.

Quando eu acordei, o Luther estava no quarto e eu olhei para ele cheia de ódio e mágoa.

_ Que bom que você acordou, eu já estava ficando preocupado, nós precisamos conversar, eu sinto muito pelo que aconteceu, se eu soubesse que você estava grávida, as coisas poderiam ter sido diferentes _ disse Luther

_ Sai daqui _ eu disse

_ Vamos conversar, eu sei que errei, mas não faz assim _ disse Luther

_ Sai daqui p…., eu não quero te ouvir, eu só quero que você saia e não apareça nunca mais _ eu disse gritando e ele saiu

Eu passei boa parte da noite e madrugada chorando, eu só dormi porque fui vencida pelo cansaço, mas dormi por pouco tempo porque eu tive um pesadelo comigo perdendo o meu bebê e acordei chorando novamente.

De manhã eu tive alta e quando eu cheguei na casa dos meus pais com eles, a primeira pessoa que eu vi foi a minha irmã.

_ Irmã me perdoa por tudo, eu não queria que as coisas terminassem assim, eu só queria ser feliz com a pessoa que eu amo _ ela disse

O meu sangue ferveu de raiva e eu fui na direção dela.

_ Você está feliz agora? eu perguntei dando um tapa bem forte no rosto dela

Eu continuei dando vários tapas um atrás do outros e ela começou a chorar e pedir perdão, os meus pais tentaram me segurar, mas não conseguiram.

_ Responde p…. se está feliz por ter destruído a minha vida, o meu filho está morto por causa da dor da traição e da humilhação que eu passei _ eu disse gritando

_ Já chega Melinda _ o meu pai gritou e eu olhei incrédula para ele

_ Você está defendendo ela depois de tudo que eu passei? eu perguntei

_ Não é isso minha filha, eu imagino a sua dor, mas isso que você está fazendo com a sua irmã já é um exagero _ disse meu pai

_ Eu fui feita de otária o tempo todo, fui abandonada no dia do meu casamento e perdi o meu filho e o senhor ainda vem me dizer que eu estou exagerando _ eu disse para o meu pai

Ele não soube o que responder, ele estava sem reação, geralmente eu era meiga, não respondia e estava sempre disposta a ajudar a todos, mas agora as coisas eram diferentes.

_ O que seu pai está querendo dizer é que você está muito nervosa e acabou de sair do hospital, talvez fosse melhor você viajar para poder esfriar um pouco a cabeça e lidar com as coisas que aconteceram _ disse minha mãe

_ Eu não vou viajar, eu vou embora e quero que transfiram cinquenta mil para a minha conta _ eu disse

_ Isso é dinheiro demais e não tem necessidade disso, você pode muito bem ficar com a sua família e superar tudo isso, o Luther não te ama, mas existem vários homens no bairro _ disse meu pai

_ Eu vou embora hoje e eu quero os cinquenta mil na minha conta nos próximos dez minutos ou eu começo a falar dos podres do hospital, o que eu estou pedindo é o que eu já usei para investir no hospital para ele não falir, nada mais justo do que vocês me devolvam _ eu disse

Os meus pais e a minha irmã me olharam sem reação, mas eu não fiquei parada olhando para eles, eu fui para o meu quarto e comecei a arrumar as minhas coisas para poder ir embora.

Enquanto eu estava arrumando as minhas coisas, eu recebi o dinheiro, eu tinha mais na conta, mas o que eu pedi era o que eles já deveriam ter me dado e se era meu, eu não deixaria para eles, se eles não tivessem depositado, eu teria cumprido a ameaça, eu não precisava me importar se eu iria prejudicar o hospital ou não porque ninguém pensou em mim.

Depois que eu acabei de arrumar as minhas coisas, eu fui embora sem me despedir de ninguém, eu queria ir para outra cidade e peguei um ônibus mesmo.

Eu queria começar uma nova vida bem longe de todos eles, eu nunca mais voltaria a morar com aquela família que não tinham nada de família e escolheram não ficarem ao meu lado quando eu mais precisei e provavelmente nem vão ligar se eu viver fora da cidade, hoje eu sei que eu não tinha a menor importância para eles.

Um dia eu ainda vou fazer eles se arrependerem do que fizeram comigo.

A viagem estava sendo longa, mas eu já fui procurando um apartamento para que eu morasse e eu vi um que me agradou e eu mandei mensagem para o proprietário do lugar para nos encontrarmos para finalizar tudo.

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