O Internato Las Cumbres
O céu da Inglaterra estava nublado — como sempre. A névoa densa cobria a estrada sinuosa que levava até o alto da colina onde se erguia o Internato Las Cumbres. Antigo, feito de pedra escura, com torres góticas e vitrais quebrados, o prédio parecia mais um castelo amaldiçoado do que uma instituição de ensino. Mas era exatamente esse o lugar que Lua Nightsshade teria que chamar de casa pelos próximos meses.
Lua era uma visão incomum: cabelos negros como tinta, sardas espalhadas sobre a pele pálida como porcelana e olhos vermelhos que pareciam arder sempre que alguém ousava encará-la por mais de dois segundos. Era uma vampira — mas não dessas que brilham ao sol ou se apaixonam facilmente. Sarcástica, apática e entediada com o mundo, Lua já havia sido expulsa de três internatos por “comportamento inapropriado e desrespeito a figuras de autoridade”. E francamente? Ela não se importava.
Ao descer do carro preto que a deixou no portão enferrujado, Lua olhou para a fachada imponente e suspirou.
— “Pelo menos não parece entediante”, murmurou com um meio sorriso.
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O reitor do internato, Sr. Crowley, um homem alto, magro, de rosto pálido e expressão rígida, esperava por ela no saguão principal. Seus olhos negros tinham um brilho estranho — como se soubessem mais do que deveriam.
— Senhorita Nightsshade. Esperamos que sua estadia aqui seja... definitiva. — Sua voz era como vento cortante.
— Definitiva é uma palavra forte. Mas vamos ver no que dá, docinho. — Lua respondeu, mordendo um chiclete que ninguém viu de onde saiu.
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No dormitório feminino da Ala Leste, Lua foi apresentada às suas colegas:
Raven Blackwood, uma bruxa telepata de temperamento explosivo e unhas sempre pintadas de preto.
Cleo Astor, uma metamorfa arrogante e mimada, acostumada a ser o centro das atenções.
Eliza Moon, uma médium tímida que preferia conversar com os mortos do que com os vivos.
O choque de personalidades era imediato.
— “Ótimo, uma vampira rebelde no nosso dormitório. Porque minha vida já não é suficientemente infernal”, resmungou Cleo, revirando os olhos.
— “Olha, gatinha, eu também não tô pulando de alegria. Mas, se precisar de sangue ou drama, eu sou boa nos dois”, rebateu Lua, jogando a mala na cama.
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No refeitório, os garotos também observavam a recém-chegada com atenção.
Dante Hawthorne, um lobisomem sedutor e desleixado, dono de um sorriso sacana.
Noah Virell, um elemental de água discreto, mas muito mais observador do que aparentava.
Ezra Sinclair, um híbrido com poderes psíquicos e um passado que ninguém ousava mencionar.
— “Essa garota tem cheiro de problema”, murmurou Dante para Noah, enquanto observavam Lua encarar seu prato vazio com desprezo.
— “Ou talvez ela seja exatamente o tipo de problema que esse lugar precisa...”, respondeu Noah, enigmático.
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Naquela noite, Lua recebeu uma visita inesperada.
Enquanto arrumava seus livros no armário, um bilhete escorregou por debaixo da porta.
> “Nem tudo é o que parece neste internato.
Evite os corredores do subterrâneo depois da meia-noite.
Confie apenas em quem sangraria por você.”
Ela leu o bilhete e sorriu, como se aquilo fosse o primeiro sinal de vida interessante desde que fora expulsa da última escola.
— “Então é verdade... Esse lugar é mesmo peculiar”, sussurrou para si mesma.
O som de passos ecoando pelo corredor fez com que ela escondesse o bilhete rapidamente.
— “Vamos ver do que esse castelo é feito.”
Lua Nightsshade não fazia ideia, mas estava prestes a mergulhar em um jogo de alianças perigosas, segredos sombrios e um sistema secreto que controlava o internato por baixo dos panos. E, talvez, encontrasse algo que nunca buscou de verdade: um lugar onde pertencer — mesmo que isso significasse arriscar tudo.
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