O céu estava dourado naquela tarde de verão nas Maldivas. O som das ondas quebrando suavemente à beira da praia criava uma falsa sensação de paz… falsa, porque dentro da mansão Bianchi, o caos reinava.
Angel estava no quarto quando o e-mail chegou.
Sentada em sua escrivaninha branca, cercada de livros e recordações de sua infância, ela atualizava compulsivamente a caixa de entrada. As unhas curtas tamborilavam sobre o tampo da mesa. O coração, que antes batia forte, agora parecia querer sair pela garganta.
Quando a notificação surgiu no canto da tela, ela congelou.
**“Università di Psicologia di Milano – Decisão Final”**
Ela clicou.
Os olhos correram pelas primeiras linhas, até que a frase mágica saltou:
**"Parabéns, Angel Bianchi. Sua matrícula foi aprovada para o semestre de outono, início em outubro."**
Ela gritou. Um grito longo, agudo, carregado de emoção. Levantou-se da cadeira como uma explosão de alegria e correu pelos corredores da mansão, os pés descalços tocando o chão de mármore com pressa e euforia.
— MÃE!!! MÃE!!! EU PASSEI!!!
Isadora apareceu na varanda com o pequeno Benjamim no colo. A barriga já não estava mais redonda; o menino agora tinha cinco anos, mas o colo da mãe ainda era seu porto seguro. Os cabelos negros, os olhos de mel e aquele jeito esperto e teimoso faziam dele o retrato de Angel na infância — mas com o gênio de Dante.
— O quê? — perguntou Isadora, largando tudo.
Angel correu até ela e mostrou o celular, as mãos tremendo.
— Eu consegui, mãe! A faculdade de Milão! Aquela que só entra a nata da psicologia! Eu vou pra Itália!
Isadora sorriu. Um sorriso orgulhoso, mas imediatamente ofuscado por uma sombra de preocupação. Ela sabia o que isso significava. Sabia quem não ficaria nada feliz.
E ele estava chegando.
O ronco do motor da SUV preta ecoou pela entrada da mansão. Dante estacionou, vestindo camisa branca de linho e calça social preta. O olhar sério, cicatrizes discretas pelo corpo ainda visível através dos tecidos leves, e a aura imponente de um homem que um dia foi o próprio inferno — e que agora se esforçava para ser apenas… pai.
Quando Angel correu até ele com os olhos brilhando, Dante soube: algo estava errado.
— Pai! Eu passei! Na Universidade de Psicologia de Milão!
O sorriso que ela esperava não veio. O rosto dele endureceu.
— Não.
Foi só isso. Uma palavra. Seca. Cruel. Final.
Angel parou no mesmo instante.
— Como assim "não", pai?
— Você não vai pra Itália. Você sabe o que a Itália representa. Aquele lugar não é seguro.
— Você tá me negando meu sonho? Eu estudei anos pra isso! Você mesmo disse que eu era forte!
— Forte aqui. Com a gente. Não sozinha, num país onde eu fiz muitos inimigos — ele rosnou.
Angel quis gritar, mas apenas virou as costas. Isadora se aproximou do marido, com Benjamim ainda no colo.
— Dante… — começou, com suavidade.
— Não, Isadora. Eu não vou colocar a filha que eu abri mão de tudo por ela e por você por nossa família em um país que me odeia até hoje.
Ela o encarou nos olhos.
— Então você não confia que Deus a proteja? Você criou a Angel pra ser forte. Vai prendê-la agora que ela quer voar?
Dante calou-se. O silêncio durou dias.
---
Foram três dias de orações. Três dias em que Isadora não deixou Dante em paz. Conversou com ele, o lembrou do homem que havia se tornado, da vida que reconstruíram. Relembrou os sonhos… os mesmos sonhos que ele teve com Angel quando ainda estava entre a vida e a morte naquele hospital em Nápoles.
No quarto dia, Dante cedeu.
Na varanda, sob o pôr do sol, ele chamou Angel com a voz grave:
— A universidade vai receber você. Com escolta. Três seguranças. Um colar com rastreador. Um apartamento já foi comprado. Seus documentos estão sendo providenciados. Você vai. Mas se me der um motivo, UM motivo, eu trago você de volta pela força.
Angel correu e o abraçou com força. Ele hesitou, mas retribuiu.
— Eu te amo, pai.
— Eu também, minha pequena. Não se esqueça disso.
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O dia da partida chegou. Angel usava um vestido leve, os cabelos negros em trança. A mala vermelha arrastava pelo chão polido da mansão. Marco ajudava com os documentos. Marieta já chorava no canto. Isadora tentava ser forte.
Benjamim pulou no colo da irmã.
— Você vai demorar? — perguntou com os olhos marejados.
— Dois meses e já estou de volta nas férias, meu príncipe — ela respondeu, beijando sua testa.
Ela se aproximou da mãe e a abraçou com força.
— Mãe… me promete que vai cuidar dele.
— Só se você prometer voltar com o coração inteiro.
Dante surgiu por último. Usava uma camisa preta, mangas dobradas, e os olhos mais sombrios do que o normal.
Angel se aproximou e o abraçou.
— Eu vou ser tudo o que você me ensinou a ser. E ninguém vai me quebrar.
— Vai… mas não se esqueça de quem você é, Angel Bianchi.
Ela assentiu.
O avião decolou ao entardecer. E com ele, partia a filha do Diablo… para viver o próprio legado.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Celia Teotônio
gente essa fé de Isadora as vezes faz com que ela perca a noção!
fez de tudo pra Dante deixar a máfia,sair da Itália agora manda a filha pra alcatéia!
fala sério né Isadora que adiantou todas as torturas e sofrimentos que Dante passou?
você disse que era pela sua filha agora manda ela de volta para o seio da máfia!
2025-06-28
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Vanildo Campos
🙄🙄🙄🙄🫣🫣🫣🫣😬😬😬🤞🤞
2025-06-27
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