Capítulo 4 – Limites Tênues

A semana havia sido exaustiva. Aurora encerrava mais um dia no escritório em Lisboa, com os cabelos presos em um coque improvisado e os olhos cansados pelas horas diante de gráficos e contratos.

Na tela do celular, uma notificação inesperada.

“Evento de gala da Bastien & Co. – Traje de gala obrigatório – 20h”

Ela franziu o cenho.

— Ótimo. Agora ele quer desfile de máscaras também.

Noah havia comentado sobre um evento, mas ela não imaginava que seria obrigatório. Ainda assim, não podia recusar. Representava a nova filial e, gostando ou não, também representava o nome dele.

Suspirando, foi até o closet do apartamento e puxou um vestido que trouxera sem intenção de usar: longo, preto, com decote sutil e costas abertas. Elegante, discreto… e provocante na medida exata.

Às 19h55, desceu pelo elevador e encontrou uma limousine à sua espera.

Claro. Estilo Noah.

Quando chegou ao local, um antigo palácio transformado em espaço de eventos, ela desceu com passos firmes. Estava determinada a manter o controle da situação. Mas então o viu.

Noah usava um smoking impecável, os cabelos loiros levemente desarrumados, como se o caos lhe caísse bem. Quando a viu, seus olhos a seguiram como se ela fosse a única no salão.

Ele atravessou a multidão com passos calmos, imponentes, até parar diante dela.

— Aurora…

— Sr. Bastien. — Ela estendeu a mão, formal.

Ele ignorou a formalidade e se aproximou, pegando a mão dela e depositando um beijo lento no dorso.

— Você está inacreditável.

— Obrigada. Está tentando me desestabilizar?

— Não. Estou sendo sincero. O que, vindo de mim, é ainda mais perigoso.

Aurora sentiu o calor subir pelo pescoço, mas disfarçou com um gole de champanhe.

A noite seguiu com discursos, brindes e networking. Aurora manteve-se firme, sempre cortando as insinuações dele com respostas afiadas.

Mas perto da meia-noite, quando o salão esvaziava e a música tornava-se mais suave, Noah se aproximou novamente.

— Vem comigo. — Ele disse, estendendo a mão.

— Para onde?

— Para um lugar com menos vozes e mais verdades.

Ela hesitou por dois segundos.

E então aceitou.

---

O jardim do palácio era um refúgio silencioso. Lanternas pendiam das árvores e o aroma de jasmim pairava no ar. Noah a conduziu até uma área reservada, onde havia um banco de madeira envolto por flores.

— Aqui ninguém vai interromper. — Ele murmurou.

Aurora sentou-se, o vestido moldando-se às curvas. Ele ficou em pé à sua frente, as mãos nos bolsos.

— Por que você faz isso? — ela perguntou, com a voz baixa.

— O quê?

— Me provocar. Testar. Jogar esse jogo que só você entende.

Ele se abaixou diante dela, apoiando os cotovelos nos joelhos, os olhos nos dela.

— Porque eu gosto de ver o que você esconde.

— Não escondo nada.

— Esconde. Esconde o que sente. Esconde o que quer. Esconde até de você mesma.

Ela desviou o olhar. Ele ergueu a mão e tocou uma mecha solta de cabelo, colocando-a atrás da orelha dela. O toque foi leve… mas desencadeou um turbilhão.

— Você é diferente de todas as mulheres que já conheci. Não tenta me impressionar. Não tenta me agradar. E mesmo assim, me fascina como nenhuma outra.

— Talvez porque eu não esteja tentando. — Ela murmurou.

— E isso me deixa louco.

Aurora o olhou. E naquele instante, não havia mais tensão. Só silêncio e o som do coração dela acelerado.

Ele se aproximou mais, o rosto a centímetros do dela.

— Posso te beijar?

Ela não respondeu. Mas também não se afastou.

Foi o suficiente.

Os lábios dele tocaram os dela com suavidade. Um toque breve, como se ainda pedisse permissão. Ela respirou fundo… e respondeu.

O beijo se aprofundou. Não havia pressa. Era lento, cheio de desejo contido, de vontades acumuladas. As mãos dele seguraram sua cintura, puxando-a com firmeza. Ela entreabriu os lábios, permitindo a invasão quente e habilidosa da língua dele.

O gosto de champanhe, o perfume dele, tudo misturado em uma dança silenciosa que fazia seu corpo vibrar.

Quando os lábios se separaram, ambos estavam ofegantes.

— Isso… — ela começou, com a voz rouca. — …não devia ter acontecido.

— Mas aconteceu. E foi inevitável.

Ela tentou se levantar, mas ele a segurou pelo pulso, gentilmente.

— Não fuja.

— Eu não fujo. Eu me protejo.

Ele se levantou junto.

— Eu não sou um risco, Aurora.

— Você é o risco inteiro. — Ela disse, com sinceridade. — Eu não sou como as outras mulheres com quem você já se envolveu.

— Eu sei. E talvez por isso eu queira tentar com você de um jeito que nunca tentei com ninguém.

— E se eu disser que não estou pronta?

— Então eu espero. Mas não vou fingir que não sinto.

Ela o olhou por um momento longo, respirando fundo.

— Você me desestabiliza.

Ele sorriu, com suavidade.

— E você me acalma… e me enlouquece ao mesmo tempo.

Ela deu um passo para trás.

— Boa noite, Noah.

— Boa noite, Aurora.

Mas dessa vez, havia algo nos olhos dela que não era rejeição.

Era medo. E curiosidade.

Era o começo de algo muito mais perigoso do que ela estava disposta a admitir.

Capítulos
1 Capítulo 1 – Olhares que Cortam
2 Capítulo 2 – Proposta Inconveniente
3 Capítulo 3 – Lisboa, ou o Começo do Incômodo
4 Capítulo 4 – Limites Tênues
5 Capítulo 5 – O Gosto do Proibido
6 Capítulo 6 – Entre Paredes de Vidro
7 Capítulo 7 – Faíscas em Terreno Inimigo
8 Capítulo 8 – Quando o Controle se Rompe
9 Capítulo 9 – O Jogo Silencioso
10 Capítulo 10 – A Cidade das Máscaras e Verdades
11 Capítulo 11 – À Beira do Abismo
12 Capítulo 12 – Sob Proteção
13 Capítulo 13 – Rastros e Sombras
14 Capítulo 14 – Entre Espiões e Promessas
15 Capítulo 15 – Retorno, Sabotagem e Desejo
16 Capítulo 16 – Marca, Promessa e Perigo
17 Capítulo 17 – A Explosão
18 Capítulo 18 – O Inimigo na Mira
19 Capítulo 19 – A Primeira Jogada
20 Capítulo 20 – O Alívio Antes da Tempestade
21 Capítulo 21 – Movimentos nas Sombras
22 Capítulo 22 – Sombras e Entregas
23 Capítulo 23– Manhã de Verdades
24 Capítulo 24 – Um Pedido Inesquecível
25 Capítulo 25 – Turbilhão de Pensamentos
26 Capítulo 26 – Distância e Desejo
27 Capítulo 27 – Desejos nas Ruas de Belo Horizonte
28 Capítulo 28– Silêncios e Cuidados
29 Capítulo 29 – A Verdade Vigiada
30 Capítulo 30 – Caçada Silenciosa
31 Capítulo 31 – Silêncio, Desejo e Justiça
32 Capítulo 32 – Interrogatório e Revelação
33 Capítulo 33 – Calmaria e Estratégia
34 Capítulo 34 – Após a calmaria
35 Capítulo 35 – Recuperação e Vingança
36 Capítulo 36 – Novos Desafios, Nova Aurora
37 Capítulo 37 – Um Novo Começo e Desejos à Flor da Pele
38 Capítulo 38 – Um Novo Começo e Desejos à Flor da Pele
Capítulos

Atualizado até capítulo 38

1
Capítulo 1 – Olhares que Cortam
2
Capítulo 2 – Proposta Inconveniente
3
Capítulo 3 – Lisboa, ou o Começo do Incômodo
4
Capítulo 4 – Limites Tênues
5
Capítulo 5 – O Gosto do Proibido
6
Capítulo 6 – Entre Paredes de Vidro
7
Capítulo 7 – Faíscas em Terreno Inimigo
8
Capítulo 8 – Quando o Controle se Rompe
9
Capítulo 9 – O Jogo Silencioso
10
Capítulo 10 – A Cidade das Máscaras e Verdades
11
Capítulo 11 – À Beira do Abismo
12
Capítulo 12 – Sob Proteção
13
Capítulo 13 – Rastros e Sombras
14
Capítulo 14 – Entre Espiões e Promessas
15
Capítulo 15 – Retorno, Sabotagem e Desejo
16
Capítulo 16 – Marca, Promessa e Perigo
17
Capítulo 17 – A Explosão
18
Capítulo 18 – O Inimigo na Mira
19
Capítulo 19 – A Primeira Jogada
20
Capítulo 20 – O Alívio Antes da Tempestade
21
Capítulo 21 – Movimentos nas Sombras
22
Capítulo 22 – Sombras e Entregas
23
Capítulo 23– Manhã de Verdades
24
Capítulo 24 – Um Pedido Inesquecível
25
Capítulo 25 – Turbilhão de Pensamentos
26
Capítulo 26 – Distância e Desejo
27
Capítulo 27 – Desejos nas Ruas de Belo Horizonte
28
Capítulo 28– Silêncios e Cuidados
29
Capítulo 29 – A Verdade Vigiada
30
Capítulo 30 – Caçada Silenciosa
31
Capítulo 31 – Silêncio, Desejo e Justiça
32
Capítulo 32 – Interrogatório e Revelação
33
Capítulo 33 – Calmaria e Estratégia
34
Capítulo 34 – Após a calmaria
35
Capítulo 35 – Recuperação e Vingança
36
Capítulo 36 – Novos Desafios, Nova Aurora
37
Capítulo 37 – Um Novo Começo e Desejos à Flor da Pele
38
Capítulo 38 – Um Novo Começo e Desejos à Flor da Pele

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