Aurora havia jurado a si mesma que não se deixaria afetar por Noah Bastien. Não depois da forma como ele a olhara na boate, como se ela fosse uma peça rara de arte em exposição. Ainda assim, desde aquela noite, algo dentro dela se agitava.
O modo como ele a observava, como se enxergasse além de sua pele. Era desconcertante. E perigoso.
Na segunda-feira seguinte, ela chegou ao escritório da própria empresa mais cedo. Como sempre, organizou planilhas, respondeu e-mails e coordenou os funcionários com sua postura serena e firme. Até que seu telefone tocou.
— Aurora Nogueira? — perguntou a voz de uma secretária educada.
— Sim, sou eu.
— O Sr. Bastien solicita sua presença no escritório central da Bastien & Co. às 15h. É sobre uma proposta de extensão do contrato.
Aurora franziu o cenho.
— Proposta? Não era necessário agendar comigo antes?
— Ele pediu que fosse pessoalmente. Disse que seria... interessante para ambas as partes.
Ela revirou os olhos.
— Certo. Estarei lá.
Desligou com um suspiro.
“Interessante para ambas as partes.” Com Noah, isso podia significar qualquer coisa. E isso era o que a incomodava: ele nunca deixava claro se estava tratando de negócios ou se a estava testando.
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Às 15h em ponto, Aurora entrou no saguão de mármore negro da sede central da Bastien & Co. Os seguranças a cumprimentaram com discrição, e o elevador a levou direto à cobertura.
Quando a porta se abriu, ele já estava lá. Em pé, ao lado da janela panorâmica, com as mãos nos bolsos da calça social, fitando a cidade como um rei no topo do castelo.
— Pontual. Gosto disso. — Ele a olhou de lado e sorriu, aquele sorriso inclinado que sempre parecia esconder um duplo sentido.
— Educação básica, Sr. Bastien. Costumo praticá-la com frequência.
Ele gesticulou para que ela se sentasse.
— Café?
— Prefiro que vá direto ao ponto.
Noah pegou uma pasta de couro da mesa e a empurrou na direção dela.
— Quero você aqui. Como consultora estratégica da nova filial no exterior.
Aurora ergueu os olhos da pasta.
— Você quer que eu trabalhe para você?
— Quero que trabalhe comigo. São seis meses na unidade de Lisboa. Você tem perfil para liderar a equipe. Inteligente, prática, detalhista… e não tem medo de me contrariar. Eu admiro isso.
Ela cruzou as pernas com elegância e fechou a pasta.
— Admiração não é suficiente para me tirar do meu próprio negócio.
— O seu negócio pode continuar funcionando com sua equipe. Você disse que são poucos, mas competentes. Pode administrar à distância.
— E por que exatamente me quer lá, Sr. Bastien?
Ele se aproximou, apoiando as mãos na mesa, inclinando-se ligeiramente.
— Porque você me intriga. E porque preciso de alguém que não me bajule. E porque... — Ele hesitou, olhando diretamente em seus olhos. — …quero te observar de perto.
Aurora riu, mas sem humor.
— Isso soa menos como uma proposta profissional e mais como uma obsessão mal disfarçada.
— Talvez seja um pouco dos dois. Mas garanto que é vantajoso para você também. Sua empresa será lançada a outro patamar. Vai conhecer outros mercados. Crescer.
Ela ficou em silêncio por um instante.
— Você está acostumado a conseguir o que quer, não está?
— Sempre.
— Então vai ser interessante ver até onde consegue ir comigo.
Noah se aproximou mais um passo, agora muito perto. O perfume dele a envolveu: notas amadeiradas e algo quente, viril.
— Você me provoca sem perceber.
— Você me irrita de propósito. — Ela sussurrou.
— E mesmo assim você veio.
Ela levantou-se de súbito, se afastando um passo.
— Porque respeito negócios. Não porque gosto de joguinhos.
— Eu também respeito negócios. Mas nunca deixo de me divertir com eles.
Aurora pegou a pasta e se dirigiu à porta.
— Vou pensar. Mas se tiver outras intenções além do profissional, a resposta é não.
— Eu posso ser muito paciente, Aurora. E melhor ainda em esconder minhas intenções... até a hora certa.
Ela lançou um olhar por cima do ombro, os olhos faiscando.
— E eu posso ser muito mais afiada do que você imagina. Cuidado para não se cortar.
Assim que ela saiu, Noah sorriu e sentou-se, tamborilando os dedos sobre a mesa.
Ela era perfeita. Forte, linda, decidida. Alvo difícil. E por isso mesmo… irresistível.
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Mais tarde naquela noite, Aurora chegou em casa ainda com o coração acelerado. Noah mexia com ela de uma forma que ela não sabia explicar. Sentia-se viva, inquieta, desafiada. Mas também insegura.
Ela nunca teve um relacionamento. Sempre esteve focada nos estudos, depois no trabalho. E desde que perdera os pais, confiava em pouquíssimas pessoas.
E agora vinha aquele homem — aquele homem ridiculamente atraente — tentando derrubar suas muralhas.
Sentou-se no sofá e ligou para Bianca.
— Oi, sumida! — disse a amiga do outro lado da linha.
— Preciso de vinho. E conselhos. — Aurora respondeu, direta.
— Tô indo. Levo os dois.
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Na casa de Aurora, duas taças depois...
— Você quer ele. — Bianca disse, com os olhos brilhando de empolgação. — Dá pra ver só pelo jeito que fala dele.
— Eu... não confio nele. Ele é tudo o que eu evitei a vida inteira.
— Talvez por isso você precise experimentar.
— Eu não sou um experimento, Bia.
— E ele parece um homem que experimenta devagar... — Ela riu. — Ai, amiga, só cuidado. Homens como ele sabem exatamente onde tocar sem encostar um dedo.
Aurora mordeu o lábio.
— É exatamente isso que me assusta.
Bianca a abraçou de lado.
— Então jogue com ele. Mostre que você também sabe brincar.
Aurora olhou para a pasta sobre a mesa.
Ela teria que decidir em breve. Mas já sabia, no fundo, que essa história estava só começando
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Atualizado até capítulo 38
Comments
Luzia Ribeiro
QUE PENA PARECE NÃO TER FOTOS GOSTO DE VER HOMENS PODEROSOS LINDOS GOSTOSOS GRANDE
2025-06-24
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