3. ISADORA

Isadora havia completado dezoito anos no mês passado. Com a chegada dessa nova fase, a expectativa de concluir sua jornada como noviça se tornava cada vez mais palpável. O próximo passo em sua vida seria o comprometimento como freira, um caminho que exigiria mais anos de estudos e orações. Para ela, essa era uma oportunidade de se aprofundar na fé e de servir a Deus e à comunidade. Mesmo diante de um ambiente muitas vezes hostil, Isadora sempre buscava enxergar o melhor nas pessoas que estavam ao seu redor.

Enquanto caminhava pelos corredores do convento, seus pensamentos eram interrompidos ao se deparar com o padre, um homem de fé forte, mas que naquele dia parecia distante. Ele mantinha um semblante preocupado, quase nervoso, que a fez hesitar. Algo não estava certo. Isadora desejou perguntar se ele precisava de ajuda, mas sua educação e a natureza tímida a impediram de se intrometer. Limitou-se a pedir sua bênção, mas ele nem mesmo a ouviu. Com isso, decidiu que seria melhor seguir seu caminho, sentindo uma leve inquietação no peito.

O dia transcorria com a rotina habitual: trabalho na horta, onde se dedicava a cuidar das plantas que alimentavam não só o convento, mas também muitos necessitados da região. Em seguida, passaria um tempo ensinando as crianças a ler, algo que a preenchia de alegria. A pureza e a inocência delas faziam-na acreditar que ainda havia esperanças neste mundo caótico. Finalmente, à noite, teria seus estudos com a madre superiora, um momento que misturava ansiedade e expectativa.

O tempo passou mais rápido do que o habitual, e ao fim das aulas, Isadora decidiu retornar ao seu quarto. No entanto, ao atravessar o pátio, notou a presença de homens vestidos elegantemente com ternos pretos. O coração dela disparou. Ali, onde centenas de regras eram seguidas à risca, a presença de homens era estritamente proibida. Sem contar que o convento sempre fora um refúgio de tranquilidade; aquelas figuras estranhas despertavam sua curiosidade e um certo medo.

Rapidamente, Isadora se refugiou em seu quarto, sentindo a mente fervilhar com perguntas sem respostas. Quem eram aquelas pessoas? O que faziam ali? A agitação a impediu de se concentrar, e seu banho se transformou em um momento de inquietação. Quando finalmente vestiu seu vestido de dormir, a porta se abriu de forma abrupta, revelando a madre superiora.

— Isadora, venha comigo agora – disse com uma voz que não admitia contestação.

A jovem sentiu um frio na espinha. "Meus dias de glória acabaram", pensou, lembrando das palavras da madre. "Eu disse a você que veria essa ingenuidade sendo arrancada. Diga olá ao sofrimento, querida filha." O riso dela era quase cruel, um som que ecoava na mente de Isadora.

Desajeitada, Isadora baixou a cabeça, tentando se manter firme. Ao contrário do que gostaria de fazer, sabia que não poderia desobedecer. Em vez de se entregar à revolta interna, ela se dirigiu ao armário e, diante da miríade de roupas que uma freira usaria, vestiu-se de maneira mais adequada, tentando ocultar a confusão que rugia em seu coração.

— O que está acontecendo? – ela conseguiu perguntar, não sem certa hesitação.

A madre superiora a olhou com um misto de reprovação e indiferença.

— Apenas siga-me e não faça perguntas desnecessárias. O que está em jogo é maior do que você pode imaginar.

Isadora sentiu uma onda de trepidação. As palavras da madre soavam mais como uma advertência do que um mero comando. O que estaria prestes a acontecer? Suas últimas lembranças de paz no convento se esvaíam rapidamente, dando lugar a uma sensação de desespero.

Conforme seguiam pelo corredor, a atmosfera tornava-se mais pesada. Isadora estava prestes a cruzar o limiar entre sua vida tranquila e uma realidade imprevisível e perturbadora. Os homens de terno preto agora ocupavam o salão principal, discutindo em murmúrios que reverberavam como ecos de um destino sombrio.

Assim que entraram, Isadora percebeu que aqueles homens não eram apenas visitantes casuais, mas peças em um jogo muito mais complexo e sombrio que ela poderia pensar. Um homem em particular, que se destacava por sua postura imponente e olhar perspicaz, voltava-se para ela. Seu olhar penetrante a fez sentir um frio na espinha. O que poderia ele querer de uma noviça como ela?

— Esta é a garota? – perguntou o homem, e sua voz ecoou na sala silenciosa.

A madre superiora assentiu, enquanto Isadora sentia o mundo ao seu redor desmoronar. Ela estava prestes a descobrir que o convento guardava segredos profundos, segredos que podiam mudar sua vida para sempre. Isadora fez uma única oração silenciosa, desejando forças para enfrentar o que quer que estivesse por vir.

Enquanto as nuvens da incerteza se agrupavam no horizonte de sua existência, Isadora percebeu que sua jornada estava apenas começando, e que ela seria testada de maneiras que nunca havia imaginado. A fé que sempre foi seu refúgio agora ressoava como uma luz fraca em um túnel escuro, e ela sabia que precisaria de toda a coragem que possuía para enfrentar o que viria.

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Comments

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O que será, que vêm por aí em🤔🤔🤔

2025-06-20

2

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