2. DANTE Bianchi

Dante nasceu com olhos tão escuro quanto o céu da meia noite e um sorriso puro, daqueles que aquecem até os corações mais endurecidos. Dante era um anjo de cabelos negros e lisos, uma criança doce, obediente e sensível. Quando sorria, parecia que a luz do mundo se derramava sobre ele. Era chamado de "menino de ouro" pelas freiras da igreja, que o viam correndo pelos corredores com os pés descalços e o coração limpo.

Mas o ouro se corrompe.

E Dante foi corrompido.

Seu lar era uma prisão de horrores. A mãe, uma mulher fria, indiferente, que nunca o abraçava. O pai, um homem com cheiro de bebida e violência, tratava os filhos como maldições. Dante tinha um irmão mais velho, Deivid, paraplégico desde os três anos de idade, após um “acidente” que todos fingiam esquecer. Mesmo assim, Dante o amava. Era com ele que dividia os pequenos momentos de ternura. Era com ele que ria, mesmo que com dor.

O pai sempre espancava Dante e seu irmão Deivid, mesmo seu irmão sendo incapaz de andar, não escapava das maldade de Cristofer, a mãe deles olhava tudo com olhar de orgulho, quando os meninos estavam no chão machucados e sangrando, ela chegava para tratar dos ferimentos, e dizia que aquilo era necessário para se tornar homens de honra que a dor é necessário para moldar os melhores.

Aos sete anos, Dante foi encarregado de levar uma sopa quente até o quarto do irmão.

— Leve para ele antes que esfrie, seu inútil — rosnou o pai.

Dante obedeceu. Entrou no quarto escuro de Deivid e sentou-se ao lado da cama.

— Aqui está, maninho... tá quentinha — disse com o mesmo sorriso de sempre.

Deivid tomou a sopa com dificuldade. Mal terminou a última colherada, começou a se contorcer. Gritou. Espumou. Chorou. Seus olhos pediam socorro.

Dante se desesperou. Não entendia o que acontecia. Tentou segurá-lo, tentou ajudar, mas os gritos só aumentavam. Deivid agonizou por longos minutos — e depois se calou. Morto.

O pai apareceu com um copo de uísque nas mãos.

— Muito bem, filho... você fez o que era necessário. Um inválido a menos no mundo. — E deu dois tapinhas no ombro do menino.

Dante não entendeu. Só chorava, gritando o nome do irmão até perder a voz. Ele não sabia que na sopa havia soda cáustica. Ele só queria alimentar quem amava.

Naquela noite, Dante não dormiu.

Na manhã seguinte, sua infância terminou de vez.

O único lugar onde Dante buscava abrigo era a igreja do bairro, onde o **padre Antônio** o tratava com “carinho”. Um carinho sujo, escondido atrás de batinas e orações. O padre o levava para os fundos da sacristia, dizia que era um momento de confissão especial. Forçava Dante a praticar atos que nenhuma criança deveria sequer imaginar. E quando o pequeno vomitava com o pênis do padre em sua boca, em repulsa, em desespero, em dor, era chicoteado nas costas com o terço sagrado.

— Isso é castigo por não aceitar o amor de Deus — dizia o padre, com os olhos doentios, cheios de prazer perverso.

Dante tentou contar para a mãe. Ela riu.

Tentou contar ao pai.

— Está chamando um servo de Deus de pecador, moleque? — rugiu ele.

Naquela noite, o pai o **amarrou numa estaca de madeira em formato de uma cruz feita de madeira**, montada no galpão dos fundos.

— Você vai aprender a respeitar os homens sagrados.

E o açoite veio. A pele de Dante se abriu em listras vermelhas.

A carne viva pulsava.

E o menino chorava... em silêncio.

Porque sabia que gritar só piorava.

Ele não morreu naquele dia. Mas algo dentro dele morreu.

Aos dez anos, Dante já era só silêncio. Seus olhos escuros eram duas luas frias.

Ele caminhava como um fantasma.

Mas dentro dele... o fogo crescia.

Na noite do “incidente”, ninguém suspeitou de nada.

Foi na missa de sexta-feira. A igreja estava cheia.

Dante chegou cedo, com um sorriso tímido no rosto, como se nada fosse diferente.

Trancou portas com correntes.

Bloqueou janelas com madeira e parafusos.

Espalhou gasolina pelos corredores, cortinas, bancos.

O padre estava no altar.

Seus pais, sentados na frente.

Os fiéis oravam.

E então, o fósforo caiu.

As chamas tomaram o teto, os bancos, os vitrais.

Gritos ecoaram.

Mas ninguém saiu.

Dante permaneceu parado.

Assistiu tudo.

Viu os rostos se derreterem.

Ouviu o padre gritar por socorro.

Ouviu o pai urrar de dor.

E apenas **observou**.

Quando tudo virou cinzas, ele caminhou até o altar.

Pegou um crucifixo derretido.

E o cravou na própria pele.

Era ali que nascia **o monstro**

Fugindo entre os becos de uma cidade indiferente, com o corpo sujo e os olhos sem brilho, Dante se tornou só mais um vulto nas sombras. Dormia onde dava. Roubar comida virou sobrevivência. Até que alguém o viu. E não com pena — mas com propósito.

**Henry Bianchi**, o mafioso mais temido da região, o encontrou encostado na parede de uma rua decadente, molhado pela chuva, parecendo morto. Mas os olhos de Dante diziam outra coisa:

**“Eu ainda estou queimando.”**

— Esse menino é arte — disse Henry. — Um bom soldado em potencial. Mas há mais ali... muito mais. Ele nasceu pra liderar.

Adotou Dante. Levou-o à sua mansão. O deu um nome: **Dante Bianchi**.

Mas Dante não falava. Suas respostas eram vagas, monótonas, mecânicas. Henry não se incomodava. Via ali o nascimento de um comandante. Um monstro silencioso. Um herdeiro.

Enquanto Henry moldava sua mente como uma arma, havia uma voz doce tentando alcançar o que restava de sua alma: **Rosalinda**, esposa de Henry. Ela o chamava de "meu menino", levava chocolate quente, tocava piano só pra vê-lo à porta. Dante ignorava. Mas observava. Sentia. Tentava entender.

Anos depois, quando ela chorou em silêncio no jardim, Dante sentou ao seu lado e a abraçou pela primeira vez.

Rosalinda sorriu.

E ali, algo se acendeu.

**Dante aprendeu a amar.**

Mas amor, para ele, sempre vinha com dor.

**Envenenaram Rosalinda.**

Mataram-na lentamente, friamente, diante dele.

Ela morreu com um sussurro:

— Você... não está perdido...

anos depois, **Henry morreu de câncer**. Antes de partir, encarou Dante nos olhos.

— Um homem bom não sobrevive nesse mundo. Mas você... vai reinar com punhos de ferro. Sem dó. Sem piedade.

Com 18 anos, Dante herdou o império do submundo. Tornou-se **o novo capo**, frio, calculista e brutal. Mas ali, num quarto escuro, ele descobriu algo ainda mais cruel: **seu prazer estava na dor dos outros**.

O sexo, para ele, era violência. Era domínio. Era punir o mundo por tudo que sofreu. Muitas mulheres morreram. Outras desapareceram. Suas sessões eram bestiais, sem sentimento, só instinto.

A imprensa chamava de acidentes. Mas ele sabia o nome daquilo.

**Sadismo. Monstruosidade. Ruína.**

Hoje, restam apenas dois:

**Dante Bianchi, o rei sem trono**. Aos 32, Dante é o inferno encarnado.

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Comments

N😍S😍S😍 Minhas Pedras precio

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Quê isso autora, Dante sofreu de mais misericórdia coitado desde da infância.
capítulo maravilhoso bem estruturado.

2025-06-19

3

Ivonildes Silva

Ivonildes Silva

Infância difícil e dolorosa para Dante e Isadora, mas espero que ela possa mudar a vida de ambos .

2025-06-24

1

Jaciara Santos

Jaciara Santos

só espero que na HR do hot ele não mate a Isadora no processo rsrs

2025-06-24

1

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