A Droga do Amor – Capítulo 5: Ecos do Passado e Sombras Presentes
O céu crepuscular tingia a cidade com uma paleta cruel de vermelhos, laranjas e cinzas, como se o próprio firmamento refletisse o tumulto interno que consumia Helena. A Universidade Blackmore, com sua arquitetura gótica e silenciosa, parecia guardar segredos e sussurros que ninguém ousava desvendar. Cada sombra nos corredores ecoava memórias e mistérios não ditos — assim como o vínculo proibido entre Helena e Dante.
Helena caminhava pelas ruas frias e desertas, cada passo seu um manifesto de resistência e dor. O vento gelado arrastava seus cabelos negros soltos, que dançavam em torno do rosto pálido e inexpressivo. Em seu peito, o laço sanguíneo que a prendia a Dante pulsava como uma corrente invisível, uma prisão sem grades, mas tão sufocante quanto. Ela sabia que se afastar dele era a única saída, mas paradoxalmente sentia que quanto mais tentava, mais forte a conexão se tornava, um veneno doce e fatal que consumia sua alma.
Enquanto isso, sua mente viajava no tempo, revivendo fragmentos de um passado sangrento. Ela se lembrou da mãe — uma poderosa feiticeira que havia sido assassinada brutalmente, vítima de uma guerra silenciosa entre famílias rivais. O rancor e a sede de vingança haviam sido semeados desde então, crescendo até se tornarem parte do seu ser.
Por outro lado, Dante era um enigma ainda mais complexo. Para o mundo, era apenas um colega de classe frio e distante; para poucos, um vampiro com poderes que transcenderam a mortalidade. Mas para alguns poucos — aqueles que conheciam os subterrâneos da cidade — ele era um mafioso poderoso, comandante de um império sombrio. Ninguém jamais suspeitaria que o jovem estudante, sempre calado e com olhar penetrante, comandava uma rede clandestina de crimes e sangue.
Na penumbra de um prédio abandonado, escondido do olhar comum, Dante se reunia com seus conselheiros mais fiéis. A atmosfera era carregada, cada palavra dita com cuidado, como se fosse uma arma.
— Precisamos manter a operação sob controle absoluto — falou Dante, a voz firme e imperativa, impondo autoridade e medo. — A polícia está ficando mais próxima. Qualquer deslize e todo o império pode ruir.
Axel, seu braço direito e confidente, franziu o cenho com preocupação.
— E essa coisa com a Helena? Você está deixando ela invadir demais o seu mundo. É perigoso, Dante. Você pode perder o foco.
Dante fechou os punhos, sentindo a tensão fervilhar em suas veias, uma mistura inebriante de raiva e desejo.
— Ela é o problema e a solução ao mesmo tempo — murmurou, os olhos brilhando em vermelho no escuro. — Se eu conseguir controlá-la, controlarei tudo.
Enquanto isso, no campus, Helena buscava abrigo na biblioteca da universidade — seu santuário temporário onde tentava acalmar a mente atormentada. Luna, sua amiga mais leal, estava ao seu lado, tentando ancorá-la à realidade e protegê-la do abismo em que se afundava.
— Você não pode deixar ele te controlar — falou Luna, a voz suave, mas carregada de preocupação. — Seus poderes estão crescendo, Helena, mas se você não mantiver o controle, eles vão te destruir.
Helena fechou os olhos, tentando conter as lágrimas que ameaçavam cair.
— Eu sei, Tá... mas o laço sanguíneo é uma prisão invisível. Eu sinto o Dante dentro de mim o tempo todo, me puxando para baixo. É uma droga, um vício que não consigo largar.
Luna apertou a mão da amiga com força, como se quisesse transmitir toda a força do mundo num gesto simples.
— Você não está sozinha, Helena. Vamos achar um jeito de quebrar isso — garantiu, com convicção.
O relógio avançava para as horas mais silenciosas da noite, e com ele, as emoções que Helena e Dante tentavam esconder começavam a emergir com força crescente. Não eram apenas inimigos; eram vícios um do outro, uma dependência que ameaçava consumir tudo ao redor.
Helena sentia a dor de ser prisioneira de um amor que lhe trazia mais sofrimento que felicidade. O ódio, a raiva, a paixão e o medo se misturavam dentro dela numa tempestade avassaladora.
Dante, por sua vez, lutava contra a necessidade de manter sua máscara impenetrável. O coração que se recusava a bater normalmente, a sede de sangue e poder, e aquela força invisível que o puxava para Helena — uma combinação explosiva que ele não sabia controlar.
Naquele momento, sob o manto das estrelas tímidas, ambos compreendiam que não havia mais volta. O jogo de poder, ódio e desejo já estava em curso, e cada movimento poderia ser fatal.
Uma pergunta silenciosa pairava no ar: quem controlaria quem?
E, mais importante ainda, quanto mais eles resistissem, mais dolorosa seria a queda.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 50
Comments