A Droga do Amor – Capítulo 4: A Teia que Nos Prende
Universidade Blackmore – Laboratório e Corredores
A luz branca do laboratório refletia fria nas superfícies metálicas, criando um brilho quase incandescente que realçava o cheiro forte de formaldeído e a tensão que pairava no ar. Helena entrou com passos firmes, seu olhar penetrante vasculhando cada canto da sala. Ela era a personificação do perigo contido — uma psicopata com dons ocultos que fazia até os mais corajosos evitarem seu caminho.
Luna, sua amiga leal e única ali para tentar puxá-la de volta quando o abismo escuro parecia querer engoli-la, a seguia com preocupação evidente.
— Helena, você precisa focar, senão vai acabar se perdendo nesse jogo com o Dante — Luna sussurrou, tentando ser um ancoradouro para a tempestade que era a mente da amiga.
Mas Helena não conseguia se afastar daquela tempestade, nem queria. O laço sanguíneo lançado dias atrás parecia uma corrente invisível que a prendia a Dante, um toque sombrio que fazia seu sangue ferver e sua razão vacilar.
O professor entrou, interrompendo o silêncio.
— Hoje vamos trabalhar com tecidos nervosos. Precisão e controle, principalmente de vocês dois — disse ele, lançando um olhar rápido e severo para Helena e Dante, que estavam lado a lado.
Dante apareceu logo depois, com seu passo tranquilo e olhar que parecia atravessar a alma dela. O vampiro e a feiticeira, forçados a colaborarem, trocavam olhares carregados de desdém, medo e uma atração quase brutal.
Quando suas mãos se tocaram ao pegarem o mesmo bisturi, um arrepio intenso percorreu os corpos dos dois. Helena mordeu o lábio, tentando controlar a súbita onda de energia que a invadia.
— Controla essa agitação, bruxa — Dante murmurou, sua voz rouca, carregada de um aviso e desejo contido.
— Para de me encarar como se fosse me devorar — retrucou Helena, tentando manter a máscara de desprezo, mas a voz lhe falhou por um instante.
Enquanto cortavam e examinavam os tecidos, o mundo ao redor desaparecia. Os sons do laboratório, as luzes frias e a tensão elétrica entre eles criavam uma atmosfera quase palpável de perigo iminente. Luna observava de longe, seu coração apertado. Sabia que aquele jogo era mais do que uma simples rixa: era uma batalha por controle, poder e sobrevivência emocional.
Terminada a aula, Helena caminhava pelos corredores escuros da universidade, o peso daquele laço invisível pressionando seu peito. Ela tentou ignorar o sentimento, mas o toque suave no seu ombro fez seu corpo gelar.
— Acha mesmo que podemos escapar do que nos prende? — Dante perguntou, sua voz baixa como um sussurro de promessa e ameaça.
— Eu odeio você — respondeu Helena, firme, mesmo com o coração batendo forte.
— E eu não consigo parar de pensar em você — disse ele, dando um passo para perto, mas recuando antes que algo pudesse acontecer.
Eles eram inimigos, prisioneiros de um destino cruel. Presos numa teia que misturava ódio, magia, sangue e desejo, uma armadilha que ameaçava consumir ambos.
Helena sentiu o ar se tornar pesado entre eles, como se o tempo desacelerasse. O olhar de Dante era intenso, quase vulnerável, uma fraqueza que ele escondia bem.
— Isso não vai acabar bem — murmurou ela, mais para si mesma do que para ele.
— Talvez seja exatamente por isso que não posso largar você — Dante respondeu, a voz cheia de uma melancolia que ninguém conhecia.
Eles ficaram ali por um momento, a poucos centímetros de distância, duas almas dançando na corda bamba entre o amor e o ódio, entre a luz e a escuridão.
Então, sem aviso, Dante virou as costas e desapareceu no corredor, deixando Helena sozinha, com o coração em chamas e a mente em caos.
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Atualizado até capítulo 50
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