A Droga do Amor – Capítulo 2: A Maldição do Toque
Universidade Blackmore – Sala 208
O relógio marcava 07:36 quando o silêncio da sala 208 se tornou quase palpável. Nenhum aluno ousava respirar alto. A energia pesada daquela manhã não era normal. Era como se o próprio ar estivesse carregado de uma eletricidade densa, invisível, mas ameaçadora.
Helena tamborilava os dedos contra a mesa, visivelmente irritada, como se o mundo conspirasse para deixá-la vulnerável. A magia dentro dela pulsava, mais forte que nunca, uma presença ancestral que parecia querer se libertar.
— Luna... — sua voz era baixa, quase um sussurro, carregado de preocupação — alguém lançou um encantamento de conexão. Um de sangue.
Os olhos de Luna se abriram em surpresa.
— Helena... isso é proibido. Isso é laço de alma. Você acha que foi ele?
Helena virou o rosto e fitou Dante, que permanecia imóvel na outra ponta da sala, seus olhos ocultos por lentes escuras, mas tão intensos que pareciam perfurar a alma dela.
Dante não sorria, não zombava. Apenas observava, como se enxergasse algo dentro dela que ninguém mais podia. Por um instante, um arrepio percorreu a espinha de Helena, um estremecimento estranho, uma sensação que ela não podia — e não queria — entender.
No canto da sala, Axel cutucava Dante, inquieto.
— Você está estranho, cara. Desde ontem.
— Ela está diferente. — Dante respondeu, voz baixa e firme — O sangue dela... chamou o meu.
— Você está ficando obcecado, Dante. Isso não é fome, é outra coisa.
Os olhos de Dante brilharam em vermelho profundo por um breve momento, quase imperceptível para os demais.
Obcecado não era a palavra certa. Ele estava condenado.
Helena, pálida, notou que seu coração batia descompassado. Luna percebeu e cochichou, preocupada:
— Helena, quer que eu te leve à enfermaria?
— Eu vou aguentar. — Helena negou com a cabeça, tentando se convencer.
Então o professor entrou, rompendo a tensão com sua voz cansada:
— Aula de hoje: dissecação prática. Par em dupla. A lista já está feita.
Helena já sentiu o golpe antes do nome sair.
— Helena e Dante. Mesa quatro.
A respiração de todos na sala pareceu parar. O ar tornou-se ainda mais denso.
Helena levantou-se lentamente, os olhos ardendo de fúria. Queria gritar, queria desaparecer, queria lançar um feitiço de explosão ali mesmo.
Mas quando seus olhos cruzaram os de Dante, algo mudou.
Ele sorria, mas não era um sorriso de deboche. Era um sorriso de fome.
— Vamos cortar carne juntos, docinho? — ele sussurrou, provocando.
— Tenta me tocar, e te transformo em pó. — ela respondeu, rouca, a voz trêmula, mais do que queria.
Eles se posicionaram lado a lado diante do cadáver.
As luvas cirúrgicas não podiam impedir que suas energias se tocassem.
Quando seus dedos se encontraram por acidente, um choque percorreu seus corpos.
Um arrepio gelado e sufocante que parecia gritar para ambos.
Dante estalou a mandíbula, tentando afastar o tremor.
Helena quase recuou, os olhos brilhando de medo e desejo.
A maldição — a conexão — tinha sido ativada.
Eles estavam ligados.
E ainda não sabiam o que isso significava.
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Atualizado até capítulo 50
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