Eu não imaginava que ele descobriria tão rápido.
Tudo bem que vieram outros antes de mim. Homens. Rudes, diretos, visíveis. Nenhum deles chegou perto como eu. Nenhum teve acesso ao que eu tive — o olhar, a aproximação íntima. Eu era diferente. Eu fui treinada para isso. Calculada. Invisível. Eu não cometi erros.
Pelo menos era o que eu achava.
A cobertura era silenciosa demais. Ele falava pouco agora. Observava mais. O sorriso dele era medido. Os olhos, impenetráveis. Algo tinha mudado desde o momento em que entramos no carro. Eu senti. Mas aqui, sozinhos, a energia estava diferente.
Ele descobriu quem eu sou, foi eficiente, eu confesso.
Enquanto ele conversava, revelando cada uma das minhas camadas, e me fazendo ameaçadas disfarçadas de aviso, ele se aproximava e eu me afastava para trás.
Minha mão deslizou rápido pelo lado da coxa. A fenda lateral do vestido facilitou. Um movimento seco, calculado, que fiz centenas de vezes em treinamentos — mas nunca com tanto sangue correndo quente nas veias. Em menos de dois segundos, a pistola leve já estava firme na minha mão. Apontada diretamente para o peito de Ezra Ravelo.
— Nem mais um passo.
Ele parou.
Mas não foi o tipo de parada que acontece por medo. Foi o tipo de parada que acontece quando alguém está se divertindo com a própria superioridade. Ele não arregalou os olhos. Não demonstrou surpresa. Só sorriu. Um riso rouco, bonito, atraente e perigoso. Seus olhos verdes brilhavam de diversão.
E então, como se eu tivesse feito exatamente o que ele esperava, ele bateu palmas.
— Espetacular — disse, com o tom arrastado, cínico. — Sério, eu juro que não estava esperando essa parte. Uma arma sob o vestido. Tão clássico, tão sensual.
O sorriso dele me deu vontade de atirar.
— Eu não estou brincando, Ezra. Um movimento errado e você morre aqui mesmo.
— E eu aplaudiria no caminho, Leclerc. — Ele sorriu de novo, cruzando os braços devagar, sem tocar em nada. — Porque você foi perfeita até aqui. E eu respeito performances bem executadas.
— Cala a boca. — Minha voz saiu firme, mas o coração já batia alto nos ouvidos.
Ele sabia. Ele sabia desde o início. Isso estava claro agora. E mesmo assim me deixou continuar. Me deixou me aproximar, me deixou entrar, me deixou fingir — para agora virar o jogo na minha cara.
— Desde quando? — perguntei, mantendo a arma firme.
— Desde antes do vinho. Antes da galeria. Desde o momento em que você cruzou aquela porta com esse vestido bonito demais pra ser casual. — Ele apontou com o queixo para minha arma. — Sabe... não é o primeiro disfarce que passa por mim. Mas é, com certeza, o mais bem feito.
— Vai parar com essas provocações?
— Vou. Assim que você parar de fingir que tem o controle aqui. Me faz parecer que não tenho controle no meu próprio território, estou me sentindo decepcionado — fez bico, fingindo estar afetado.
Meu dedo apertou mais o gatilho. Eu sabia que não ia atirar. Mas ele não precisava saber disso.
— Você não vai atirar, Selena. — Ele deu um passo. Devagar. Fui me afastando para trás — E sabe por quê?
— Porque você não quer morrer.
— Errado. — Ele chegou perto encostando o corpo na arma — Porque você vai precisar de mim. Você quer saber o que eu sei. Quer entender o que Richard não conseguiu. Quer ser a única a pegar o “fantasma”. Só que você está tarde demais. Eu já sabia tudo antes mesmo de você me olhar nos olhos. Eu sempre sei. Tenho olhos em todos os lugares.
— E mesmo assim me deixou entrar?
— Claro. — Ele abriu os braços. — Queria ver até onde você chegaria. E olha só... chegou bem perto. Parabéns. E quer saber? Eu sou o chefe, o fantasma que vocês tanto procuram — um sorriso curvou seus lábios.
— Você está se achando demais.
— Eu sou demais. — O sorriso dele se alargou. — Mas confesso... ver você apontando uma arma em uma suíte de hotel com vista para o Coliseu foi melhor do que eu esperava.
Abaixei um centímetro da arma só para fingir que me preparava pra atirar.
— A próxima gracinha e eu juro que te deixo com um buraco no peito.
— E aí, o que vai contar para seus superiores? Que você matou seu próprio alvo porque ele foi engraçado demais? Você precisa de mim vivo.
Silêncio.
Ele tinha razão. Maldito. Tinha razão.
Respirei fundo. O suor começava a escorrer discretamente pelas minhas costas, mas meu rosto ainda era pedra.
— Então você vai me matar?
Não vi quando ele se moveu. Um segundo, eu ainda respirava tentando manter o controle. No seguinte, meu corpo estava colado ao vidro frio da porta da varanda, e as mãos dele prendiam meus pulsos acima da cabeça, com força e precisão.
O choque me fez perder o fôlego.
Ezra Ravelo estava colado em mim. O calor do corpo dele, a firmeza do toque, a brutal calma. E a arma já não estava mais comigo. Ele a tomou com uma destreza que me fez xingar mentalmente todas as minhas falhas.
Seus olhos verdes esmeralda estavam a centímetros dos meus. Firmes. Fixos. Famintos.
— Já matei muitos, Selena. — ele disse, com a voz baixa, grave, rente à minha pele. — Inclusive mulheres que ousaram me prejudicar.
A frieza na confissão fez meu coração acelerar.
Mas foi o que veio depois que me fez estremecer.
— Mas acredite... — ele desceu o olhar para a fenda do meu vestido, e o cano da arma encostou sutilmente na minha coxa exposta — você é diferente. Quero te matar de um jeito totalmente diferente e prazeroso.
As palavras dele rasparam na minha pele como fogo. O tom de ameaça, coberto por um desejo denso, me tirou o ar.
Ele encostou o corpo no meu, abriu minhas pernas com a própria perna. Domínio total. E eu... presa.
O cano da arma desceu pela minha coxa lentamente, brincando com a minha sanidade. O toque gelado e metálico parou exatamente ali — contra minha intimidade, por cima da calcinha de renda. Um arrepio subiu pelas minhas costas. Meu corpo reagiu sem permissão.
— Merda... — escapou dos meus lábios, rouco, traidor.
Ezra sorriu contra minha pele, a respiração dele batendo quente e mentolada no canto da minha boca. Meus lábios entreabertos. A garganta seca.
A vergonha e o desejo se misturando até me deixar zonza.
— Isso é o que me diverte — ele murmurou, pressionando levemente a arma em mim. — Ver até onde sua cabeça tenta resistir, enquanto seu corpo implora por mim. O que você pensou? Que eu sendo um homem perigoso, acostumado com armas, sentiria medo de uma apontada pra mim? Me diga... — ele movimentava a porra do cano da arma no meio da minha böcëta, indo e voltando. — seu noivo te dar prazer? Ele te faz gozar? Te leva ao céu e ao inferno ao mesmo tempo? — passou a língua em meus lábios.
— Me solte, Ezra..... Não tenho que te falar sobre minha vida pessoal. — falei com dificuldade.
Meu peito subia e descia com mais força agora. Eu odiava aquilo. Odiava como ele me desequilibrava, como conhecia cada espaço que ainda era meu — e tomava como se já fosse dele. De fato, meu noivo nunca me permitiu gozar, ele sempre terminava primeiro e acabou, dane-se se eu tivesse gozado ou não. Nunca cheguei ao tão sonhado orgasmo.
Mas ainda assim… não gritei. Não chutei. Não reagi.
Eu estava tentando processar.
Ezra... estava me desmontando sem pressa. Com olhos famintos e palavras que me marcavam mais do que a arma.
— Eu poderia te matar agora. Dizer que foi legítima defesa — ele sussurrou, deslizando os lábios até perto da minha mandíbula. — Mas prefiro fazer você implorar antes... por qualquer coisa. Até pela sua própria missão.
Minhas mãos ainda presas. A arma ainda entre nós.
E mesmo assim, tudo o que eu conseguia pensar era no calor que se acumulava entre minhas pernas, nos meus lábios formigando, na vontade insana de acabar com a distância entre nossas bocas.
Ele sabia. Sabia disso. E não tinha pressa nenhuma.
Porra, eu estava literalmente fodida.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 40
Comments
Eliana Rantin
Nossa estou dentro do enrredo 🤣🤣Afff eu queria um bandido deste só pra mim.
2025-06-20
3
Maria Sena
Caracas, hoje eu amanheci sentindo frio nas pernas, e de repente esquentou tudo. Eu fico imaginando a Selena presa entre uma parede e esse depósito de tesão acumulado. A perseguida deve tá chorando de vontade nele. Eita que a coisa agora é só esquentar.😛😛😋😋😜😜🥴
2025-06-26
1
Deise
Nem te conto umas coisas 🤣🤣
2025-06-20
2