Certa manhã Lorenzo se acorda bem cedo, faz sua higiene e desce para tomar café da manhã. Ao chegar na cozinha vê sua mãe com uma xícara de café nas mãos
Ele dá bom dia a ela e ela responde com carinho.
Beatriz sorriu ao ver o filho entrar. Havia um brilho discreto em seus olhos, como se algo estivesse prestes a ser revelado.
— Bom dia, meu amor — disse ela com suavidade, levando a xícara aos lábios. — Dormiu bem?
— Como sempre — respondeu Lorenzo, puxando uma cadeira e se servindo de uma fatia de pão. Seu tom era calmo, mas sua mente já rodava nos compromissos do dia.
Beatriz observou o filho por um instante, como quem ponderava se era o momento certo. O silêncio que se seguiu foi quebrado pelo leve tilintar da colher em sua xícara.
— Lorenzo… precisamos conversar. Na verdade seu pai precisa falar com você primeiro.
Ele a olhou de soslaio, mastigando devagar, atento ao tom da mãe.
— Seu pai está te esperando no escritório.
Lorenzo arqueou uma sobrancelha, agora encarando-a diretamente.
— E o que o papai quer comigo?
Beatriz hesitou, pousando a xícara na mesa. Seu olhar se tornara mais sério.
— Marxs e Ivan chegaram a um acordo. Um... compromisso entre famílias. Você será apresentado a Selena, a filha deles.
Lorenzo recostou-se na cadeira, os dedos tamborilando levemente na borda do prato. O nome não lhe era estranho, mas a ideia de casamento arranjado despertava algo diferente nele — raiva, desconfiança e talvez desconforto.
— Isso não é uma negociação de território, mãe. É a minha vida.
— Eu sei, meu filho. Mas às vezes, dentro desse mundo, os sentimentos não são prioridade. Seu pai acredita que essa união é necessária para garantir a paz entre as famílias — explicou, num tom quase de desculpa.
Ele permaneceu em silêncio por alguns segundos. O relógio na parede marcava 7h13. Um novo dia havia começado, e com ele, uma decisão que não fora sua.
Ele deixou a cozinha em passos firmes, mas dentro dele, algo já começava a ruir.
NO ESCRITÓRIO
Lorenzo entra escritório de seu pai Marxs e se senta na poltrona de frente para ele. Marxs levanta os olhos lentamente dos papéis à sua frente, observando Lorenzo com aquela expressão que combinava autoridade e desapontamento.
— Então já sabe... — disse, repousando a caneta sobre a mesa. — Imagino que não esteja satisfeito.
Lorenzo cruzou os braços, o olhar firme. — Não estou. Aliás, estou farto dessas alianças baseadas em interesses. Eu não quero me casar.
O silêncio no escritório era denso. Marxs se recostou na cadeira, entrelaçando os dedos sobre o peito. Sua voz saiu grave e contida.
— Isso não é sobre o que você quer, Lorenzo. É sobre o que a família precisa. O casamento com Selena não é um pedido... é uma decisão.
Lorenzo se inclinou levemente para frente, o rosto tenso. — Você fala como se eu fosse uma peça em seu tabuleiro, e não seu filho.
— Você é as duas coisas — respondeu Marxs com frieza. — E um Drakons não recua de seus deveres. Essa aliança com os Petrovic pode significar décadas de paz e estabilidade. E você sabe que isso e para pagamento de uma dívida bilionária causada por eles. Você acha que eu quis essa vida? Que foi fácil? Eu fiz escolhas por todos nós, inclusive por você.
Lorenzo desviou o olhar por um momento, respirando fundo. Seu sangue fervia, mas ele sabia que bater de frente com Marxs era como tentar derrubar concreto à unha.
— E o que acontece se eu disser “não”? — murmurou.
Marxs se inclinou sobre a mesa, o olhar cortante. — Então, você deixa de ser herdeiro. E eu encontro outro que entenda o peso de carregar esse nome.
O silêncio voltou, mas agora havia algo novo ali: um rompimento invisível, uma rachadura que não seria consertada tão cedo.
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Atualizado até capítulo 129
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