Me chamo Alaris, filha do Alfa Rhaizal e da Hibrida Elowen, A bruxa loba mais poderosa dos últimos tempos, isso até que eu nascesse e a loba a deixasse, assumindo a forma de minha fiel protetora, mesmo que eu carregasse a minha loba dentro de mim.
Aos 16 anos comecei meu treinamento, sabia dos rumores de guerra.
Eu nunca fui doce.
Nunca fui princesa.
Não nasci para esperas nem para tronos.
Eu sou filha do lobo.
Filha da bruxa que rompeu maldições com as próprias mãos.
Filha do guerreiro que ergueu muralhas contra as trevas.
Nasci com os cabelos brancos de Elowen, como se a lua tivesse escorrido sobre minha cabeça. Desde pequena ouvi sussurros:
“Ela é luz.”
“Ela é o fim da escuridão.”
Mas ninguém viu o que havia por dentro.
Nem mesmo meus pais.
Quando fiz dezesseis, blindei a mente. Fechei as portas com selos antigos.
Proibi que sondassem meus sonhos, minhas dores, meus medos.
Queria ser forte.
Precisava ser, mesmo não gostando, meus pais respeitaram meu momento.
E foi por isso que quando senti o chamado...
Não pedi ajuda.
Fui.
Acordei com o peito apertado, como se um punho me esmagasse de dentro para fora.
O céu lá fora tremia, mas era dentro de mim que o trovão rugia.
Kaelhar.
Senti antes de vê-lo.
Como uma memória esquecida cutucando o fundo da alma.
Como uma voz que não era minha, mas me pertencia.
Ferren ergueu os olhos do lado da lareira, durante a noite de caças os lobos saíam, e meu amigo sempre ficava comigo, sempre jurou me proteger.
Seu focinho tremeu.
Ele sabia.
— Não. Não vá sozinha, Alaris. — sua voz retumbou na mente como sempre fazia quando a conexão se intensificava.
— Ele vem, Ferren. — respondi. — E eu vou ao encontro dele.
— Você não precisa carregar isso sozinha.
— Mas vou.
— Então não me peça para ficar.
Ele veio comigo.
É claro que veio.
Ferren nasceu comigo, quase. E cresceu ao meu lado. Era dente, sombra, alma.
Não me deixaria caminhar em direção à ruína sozinha.
Atravessamos os campos.
A luz da lua não tocava o solo.
Era como andar sobre um mundo que já havia morrido.
E então, no centro do nada... ele.
Kaelhar.
Perfeito.
Alto. Frio. Belo como o próprio erro original.
Mas exalava morte.
Aquela morte que não é fim, mas apodrecimento da esperança.
Ele olhou Ferren, com desprezo nos lábios e treva nos olhos.
— Nasci da morte. Da ruína. — rosnou. — Não tente contra mim, lobo nojento.
— Você fala como se eu fosse uma criança, Kaelhar. — sua voz cortou o campo como aço polido. — Mas não sou mais a menina que você viu aos cinco anos.
— Não? — inclinou a cabeça, observando, cheio de si. — Você veio… como sonhei. Como chamei. Foi a minha magia que te trouxe até aqui, Alaris.
— Foi a última vez que isso aconteceu. — minha voz saiu forme, convicta, nem que precisasse pedir a ajuda aos meus pais, não me deixaria dominar. — Não me controlará de novo, sou tão forte quanto você.
— Não... Você é só uma menina, ainda que lute e treine, não é igual a mim. — falou procurando me abalar.
— Você ainda pode mudar, ainda dá tempo, somos os únicos que carregamos os dois mundos dentro de nós, se nos conhece sabe que quando nasci a Loba se desprendeu da minha mãe, sabe que não precisamos ter a guerra, nossos ancestrais venceram, vamos fazer isso juntos. — tentei uma última vez, buscando ver o menino que conheci anos atrás.
— NÃO. — gritou. — não quero sua misericórdia, quero justiça, a morte de quem matou os meus.
— Porque tem medo? — questionei, vendo que aquilo era uma batalha quase perdida.
Mas minha mente vacilou.
Porque ele me olhava.
E dentro dele, eu vi algo que não deveria ver.
Maegor.
Correntes.
Ódio.
Dor que sangrava através dos olhos de um filho que nunca pediu para nascer.
Por um instante, eu vi… ele.
Não o monstro.
O menino.
E foi o que bastou, minha distração teve uma consequência.
O canto ecoou, grave e ancestral, como uma harpa feita de ossos e vento.
A fumaça se ergueu dos pés.
O mundo virou névoa.
Ferren saltou, mas não deu tempo.
Eu tentei gritar, mas já não havia ar.
E quando a visão clareou, estava presa.
Correntes de névoa e magia me envolviam.
Pendurada entre pilares de pedra e nuvens espessas.
Uma caverna flutuando entre reinos.
E ali estava ele.
Kaelhar.
Sentado em um trono improvisado de ossos e raízes.
Sorrindo.
Presunçoso.
Perigoso.
Como se o jogo tivesse acabado no exato momento em que começou.
— Bem-vinda à minha verdade, Alaris. — ele disse. — Agora vamos ver quanto da sua luz realmente brilha no escuro.
— O que você fez com Ferren? — perguntei, e havia veneno na minha garganta.
Ele deu de ombros, fingindo tédio.
— O nojento deve ter morrido. — disse, frio. — Não carrega metade da sua força.
— Você ousa vir do sangue da podridão e insultar aquele que é mais nobre do que você jamais será? — cuspi. — Ferren vale mais do que todas as sombras que te pariram.
O sangue me ferveu.
— Você ousa vir do sangue da podridão e insultar aquele que é mais nobre do que você jamais será? — cuspi. — Ferren vale mais do que todas as sombras que te pariram.
Ele me olhou.
Sorrindo. Como se meu ódio o alimentasse.
— Você fala como rainha, mas está aqui porque eu trouxe, agora minha cara... você é minha.
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Atualizado até capítulo 23
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