Capítulo 2 – O Dono da Casa
Natália Bragança
A mansão parecia ter saído de um filme antigo. Alta, silenciosa, cercada por muros altos e câmeras em cada canto. Quando desci do carro, a chuva fina ainda caía, deixando o ar úmido e pesado. Meus pés pisaram o chão como se eu estivesse entrando num campo minado.
O portão se fechou atrás de mim com um estrondo metálico, e foi nesse momento que percebi: não havia mais volta.
Dois homens vestidos de preto — um deles segurando uma metralhadora — me acompanharam até a porta da entrada. Era tudo muito exagerado. Era um aviso claro: ali mandava ele.
A porta se abriu antes mesmo que eu batesse.
Uma mulher morena, com coque impecável e vestido cinza justo, me olhou de cima a baixo. Ela não sorriu.
— Senhorita Bragança. Ele está esperando.
Ela me guiou por corredores silenciosos, cheios de quadros caros e móveis de madeira escura. O cheiro de cigarro e couro impregnava o ambiente. Cada passo ecoava como se o piso gritasse que eu estava invadindo território proibido.
Finalmente, ela parou diante de uma porta dupla, alta e pesada. Bateu duas vezes com firmeza, e eu ouvi a voz grave do outro lado:
— Entre.
Engoli em seco.
Quando entrei, ele estava de costas, observando a janela como se contemplasse o mundo que dominava. Usava um terno escuro, impecável, as mãos cruzadas atrás das costas. O silêncio era insuportável.
Ele se virou devagar.
E então eu vi William Lorenzi pela primeira vez com os próprios olhos.
Frio. Belo de um jeito perigoso. Os olhos escuros pareciam saber mais sobre mim do que eu mesma. Aquilo me incomodou imediatamente.
— Então... você é a garota que mandaram pra mim.
A voz dele era baixa, rouca, como um trovão controlado. Firme, mas sem pressa.
— E você é o idiota que acha que pode me comprar.
Eu não sei de onde veio essa coragem. Talvez fosse o medo disfarçado. Talvez raiva. Mas eu me recusei a demonstrar fraqueza.
Ele ergueu uma sobrancelha, como se estivesse se divertindo.
— Seu pai devia ter me avisado que estava me enviando uma selvagem.
— E você devia saber que seres humanos não são objetos de troca.
Ele caminhou até mim, devagar, como um predador cercando a presa. Parou tão perto que eu podia sentir seu perfume amadeirado e o calor do seu corpo contrastando com o gelo no olhar.
— Não quero uma esposa submissa, Natália — ele disse. — Mas você vai aprender a ser minha.
Eu arregalei os olhos, sentindo o sangue ferver.
— Eu não sou sua. Nunca vou ser.
Um sorriso torto surgiu nos lábios dele.
— Veremos.
Naquele momento, percebi que a guerra entre nós estava apenas começando. E que, apesar do medo, havia algo nele que me tirava o ar.
Talvez fosse o perigo. Ou talvez fosse o jeito como ele falava meu nome... como se já me possuísse.
Mas eu jurei para mim mesma: eu não me renderia. Nem que fosse a última coisa que eu fizesse na fase da terra.
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Atualizado até capítulo 72
Comments
joelizia rodrigues de souza
Iniciando a leitura 18/06/2025 ,estou gostando ,amo história de mafia.
2025-06-19
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