O sol mal havia nascido, quando os portões da arena de treinamento infantil foram abertos. Pais, mães, uma plateia assistia ansiosos aos pequenos prodígios que competiriam em provas de força, combate, agilidade e controle de energia. Era uma celebração da nova geração de caçadores — e uma excelente oportunidade para avaliar os futuros recrutas fofos.
No alto das arquibancadas de segurança, a comandante observava tudo com atenção redobrada. Mesmo com a máscara cobrindo seu rosto, seus olhos brilhavam ao ver as crianças rindo, correndo e demonstrando seus dons. Ela amava crianças. Amava a pureza delas, a coragem sem intenção, o jeito como enfrentavam monstros de madeira como se fossem as criaturas mais perigosas do mundo, eram genuínos sem maldade.
— Você sorri por trás da máscara, ou é só minha imaginação? — disse uma voz arrogante às suas costas.
Ela virou-se lentamente. Felipe estava ali, usando seu uniforme militar adaptado com o tradicional casaco branco aberto no peito, onde pendia o colar da família. Os olhos azuis dele brilhavam com aquele mesmo deboche de sempre.
— General...
— Pensei que você não acordasse antes do meio-dia — ela respondeu seca.
— Para crianças, vale o esforço — respondeu com um meio sorriso. — Talvez... só por ver você surtando ao meu lado, ou está feliz em me ver?
— Idiota.
— Encantadora como sempre, Comandante Sombria.
Ela bufou e voltou a olhar para a arena.
Não valia a pena discutir — não agora, tinha que estar atenta aos pequenos eles eram sua prioridade e sua missão.
Enquanto observava, um dos meninos tentou usar uma esfera de fogo e perdeu o controle. O fogo ricocheteou, indo direto para uma menina que não percebeu a aproximação.
Antes que alguém pudesse reagir, a comandante pulou da arquibancada como uma sombra veloz. Com um movimento de mão, ergueu uma parede de vento que dissipou o fogo no ar. Todos aplaudiram, mas ela já havia desaparecido no meio dos guardas, sem esperar agradecimentos.
Felipe desceu logo depois, encontrando-a nos fundos da arena, ele estava observando cada passo que ela dava.
— Você foi impressionante, comandante Sombra— ele disse, cruzando os braços. — Você sempre age rápido demais. Quase como se estivesse tentando compensar algo.
— Eu não salvo vidas por vaidade — ela respondeu, séria. — Diferente de você, que gosta de aplausos, estou errada?
— Não ligo pra aplausos. Ligo pra verdade.
Ela virou-se devagar para ele. Mesmo com a máscara, o olhar lindo era cortante.
— E que verdade seria essa, general?
— Que você se esconde. Que tem medo de mostrar quem é. Que usa essa máscara como escudo — ele se aproximou um passo. — E eu vou descobrir o que tem por trás dela. Mais cedo ou mais tarde.
Ela sentiu o coração bater mais forte, mas não demonstrou.
— Boa sorte tentando.
Felipe sorriu, como se tivesse gostado da resposta.
— Vai ser divertido.
Naquela noite, ela caminhou sozinha até os dormitórios, pensativa. Precisava de um banho quente e relaxante. Um momento de paz. Não sabia que estava prestes a ser flagrada no momento mais vulnerável de sua vida.
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Atualizado até capítulo 61
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